O fora

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Me neguei ficar de olho na demônia. voltei para minha adorável rotina de corridas e escaladas.
Sempre pude controlar meus tormentos e por algum motivo que eu desconheço, ela estava se tornando um tormento incontrolável.

Porém, isso não me impede de continuar questionando o por quê?
Ela mesma disse que é gorda e negra. Mal sabendo que eu iria dizer que não pagaria por uma mulher que eu desejava beijar até me cansar. No entanto, eu sei que foi melhor assim.

Como eu iria me livrar dela depois de um fim de semana se ela mora ao meu lado?

Paro no meio da escalada repreendendo meus pensamentos. Nunca fiquei de pau duro com a visão dela. Então, na certa não é tesão que eu sinto. Deve realmente ser somente a bendita da curiosidade.
Se bem que aqueles lábios carnudos me fizeram quase perder totalmente o juízo.

-Tudo bem aí cara? -questiona meu parceiro, logo abaixo de mim. Me trazendo de volta para o mundo real.

-Beleza Marcelo. -respondo prendendo o gancho no elo seguinte.

No alto daquela rocha, vi a imensidão à minha frente. Estamos fazendo uma trilha com escalada no Pico da Serra Fina. Que fica na Serra da Mantiqueira no Sul de Minas Gerais.
Encho meus pulmões com aquele ar puro e volto a me sentir livre e sem amarras.
Já basta de preencher minha mente insana com tanta bobagem. Não vou convidá-lá para o baile e assunto encerrado.
*
Os dez convites que eu me comprometi a distribuir ainda estão em meu bolso, quando entro no elevador onde uma das negras presente me devora com os olhos e faz um sinal que não me passa despercebido para sua amiga. Não tenho dúvidas de quê elas estão indo para o apartamento de Graziela.

A que me devorava, fala sorrindo para a outra:

-Eu pegava fácil.

A outra me encara pelo espelho e ao sair do elevador replica.

-Eu não. Mulheres como nós preferimos os velhos endinheirados.

Finjo não ouvir o que foi dito e entro calmamente em minha humilde residência.

Então foi isso que Graziela quiz dizer quando disse que eu não fazia seu tipo. Porra! Eu já a vi com homens jovens assim como eu.
Foda-se! Isso não me entereça.
*
Estou de boa entrando em casa, na segunda à noite. Ainda com os convites em meu bolso. Quando a porta dela se abre e o coroa do outro dia saí sorrindo feito um bobo da corte.

-Boa noite meu jovem! -me cumprimenta o palhaço.

-Boa noite senhor. -respondo entre os dentes no exato momento que ela deixa um beijo no rosto do homem.

Me demoro na porta. Permitindo assim, que o velho babão entre no elevador e suma da minha frente.

Mais uma vez, sem pensar, eu toco a campainha dela. A negra de ontem abre a porta sorrindo e fecha a cara assim que me vê.
Ela grita Grazi. Que aparece de imediato. Esta, me mira de cima a baixo me olhando com desdém. Até ouso dizer que com um certo nojo.

Se fosse eu à fazer isso. Me chamaria de racista e muitas outras coisas. Sorrio com meu pensamento.

-Toma. Aparece lá com suas amiguinhas da comunidade. Vai estar cheio de velhos babões e playboys para vocês darem o golpe. -proferi tentando controlar minha ira.

-Enfia tudo dentro do seu cú. -fala pegando os convites da minha mão e os rasgando sem pingo de educação.

Minha vontade é de esfregar a boca suja dela com sabão até ela se desculpar e depois... Depois nada.

Me viro para não cometer uma loucura. Mas isso não foi o suficiente para fazê-la se calar.

-Vê se aprende a respeitar as mulheres seus pleyboyzinho arrogante. Abusado. Mal educado. Você não está falando com suas amiguinhas não.

Ainda de costa para ela. Conto pela primeira vez até dez. Sem resultado conto novamente dando meu primeiro passo.
Escuro a porta dela bater com força.

Sentado no escuro da minha sala. Tento entender o que falei para deixá-la tão nervosa assim. Já que ela mesma falou que à noite dela era cara.

Desisto de tentar entender e como faço muitas vezes na madrugada. Procuro na minha biblioteca um livro para ler e me ajudar a passar à noite.
Entretanto, está noite nada prende minha atenção. Estou mais inquieto que de costume e acabo indo parar na cozinha.

Faço uma massa caseira de canelone recheada com queijo e presunto ao molho branco, salpicado com queijo parmesão ralado.

Cozinhar sempre me acalma, pois é algo que me faz sentir a presença da minha mãe. Principalmente essa receita que ela fazia quando éramos pequenos. Gostar de cozinhar é algo que nunca contei para ninguém e somente comecei a por em prática depois que vim morar sozinho.

Já passava dás quatro da manhã, quando eu consegui fechar os olhos e dormir por duas horas antes de acordar com aquela terrível imagem.

Depois de correr no calçadão de Copacabana. Chego no prédio suado é sem camisa. Saindo do elevador está ela é as amigas. Seu olhar passa rapidamente pelos meus e por uma pequena fração de segundo eu penso ter visto algo diferente de desdém ou ódio.
A amiga taradinha, me dá bom dia. Respondo educadamente dando espaço para elas passarem.
Graziela empina o nariz e passa por mim deixando seu perfume amadeirado.

Exatos cinco passos...

-Graziela. -chamo num tom baixo que ela finge não ouvir, chamo novamente. -Graziela. -desta vez mais alto.

Ela para. Se vira e nada fala.
Me aproximo.

-Me desculpe se te magoei ontem à noite.

-Só me magoa pessoas que eu conheço. -fala com arrogância me encarando.

-Mesmo assim! Eu não tinha a intenção de ser grosseiro. Eu não sei o que acontece que tudo com nos dois...

-Não existe nos dois. Como já falei. Você não me magoou. Passar bem. -Falou me virando as costas.

A taradinha, me sorri com simpatia e a outra, me olha sem transparecer nada antes de se virarem e seguir a mal educada.
*
Na empresa o clima é de festa, este fim de semana é o baile.
Distribui o que restou dos convites na praia semana passada.
*
Fiz contato com a empresária de um DJ famoso que está de passagem no Rio e por uma pequena fortuna, ele vai aquecer o baile após meia-noite.

Me arrumo sem pressa. Consulto meu Rolex e vejo que já estou atrasado.

Mascarado minha dor com minha máscara. Passo no tapete vermelho sendo ofuscado pelos fleshs.

Dói comemorar quando minha mãe já não está aqui e meu pai parece fugir de mim.

Entro no salão com minha alegria que mascara tão bem minhas dores e angústias.

                            🌻🌻🌻

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💋Beijos da Aline💋💋.

MEU VICIO🔞 Trilogia BAILE DE MÁSCARAS 2Onde histórias criam vida. Descubra agora