Capítulo 1 - Piloto

1.3K 83 3
                                    

Essa é uma história apenas inspirada na série televisiva Game of Thrones, podendo conter traços da série ou questões originais criadas pela autora dessa fanfic.

Rhaena's Point Of View

Antes da Conquista, Westeros era composto pelos seus sete reinos originais. O Norte, governado pela Casa Stark. O Vale, governado pela Casa Arryn. As Terras Ocidentais governadas pela Casa Lannister. As Terras Fluviais governadas pela casa Hore (que posteriormente foram separadas em duas, a região continental ficou com a Casa Tully de Correrrio e a Casa Greyjoy com a porção insular). As Terras da Tempestade governadas pela Casa Baratheon. A Campina, governada pela Casa Gardener(e posteriormente pelos Tyrell). E o Principado de Dorne, governado pela Casa Martell.
A minha família, a Casa Targaryen, porém, não viera de Westeros. Nós somos originários de outro continente, o Essos. Viemos de Valiria, e antes que a cidade fosse destruída pelo cataclismo, fugimos rumo a Westeros e fomos parar na Pedra do Dragão. Ao nos instalarmos então, Aegon O Conquistador iniciou a unificação política de Westeros, juntando os Sete Reinos que até então era independentes. Grande parte do êxito dessa conquista foi devido aos dragões que minha família trouxera com ela de Valiria.
Apesar de rebeliões, guerras civis e a morte dos últimos dragões, a Casa Targaryen continuou governando os Sete Reinos por mais de 280 anos. Na minha família, a pratica incestuosa de casar irmãos era comum, para que o sangue se mantivesse puro. Por isso talvez, o traço da loucura que estava em nossa genética fosse passado para muitos Targaryens. Costumavam dizer que cada vez que um Targaryen nascia os deuses jogavam uma moeda para decidir se seria cara ou coroa, louco ou poderoso. E durante o período do reinado de meu pai, Aerys II, conhecido como O Rei Louco, suas atitudes acabaram resultando na Rebelião de Robert Baratheon. Durante essa rebelião, a casa Baratheon saiu vitoriosa e meu pai foi assassinado pelo Regicida Jaime Lannister, iniciando assim, uma dinastia Baratheon-Lannister. Quando o Usurpador tomou o trono de ferro, minha família fora praticamente extinta, só restando eu e meus irmãos.
Depois da Rebelião de Robert, meu pai, o Rei Aerys II estava morto e minha mãe Rhaella fugiu com meus dois irmãos mais velhos, Daenerys e Viserys, e comigo ainda em sua barriga. Ela conseguiu chegar até as proximidades das Cidades Livres, onde ela deixou meus irmãos com alguns servos fiéis à nossa família para serem levados ao exílio. A razão pela qual minha mãe não fora junto com eles é que haviam dezenas de cavaleiros do Rei Robert atrás dela, e para que não conseguissem pegar meus irmãos, ela fugiu de lá a procura de outro abrigo, fazendo assim com que os cavaleiros fossem atrás dela e Daenerys e Viserys ficassem a salvo. Ainda procurando abrigo ela entrou em trabalho de parto, e em um local que não sei ao certo, eu nasci. Minha mãe, ainda com os cavaleiros do rei ao seu encalce, teve que tomar uma difícil decisão. Com as pessoas que a queriam morta cada vez mais próximas, um dia após o meu nascimento ela me entregou ao único servo que ainda a restara, Laegel Celeris. Suas últimas palavras foram para que ele me levasse até a Campina e vivesse comigo lá. Após me entregar a Laegel, ela fora encontrada pelos cavaleiros do Rei que a mataram.
Anos se passaram, e quando o Rei Robert Baratheon morreu, seu filho mais velho deveria assumir. Porém, a antiga mão do Rei, Eddard Stark fora assassinada por traição assim que o Rei morreu e surgiram boatos de que os três filhos de Robert na verdade não eram filhos deles. Tanto Joffrey, quanto Myrcella e Tommen eram filhos da rainha Cersei Lannister com seu irmão gêmeo Jaime Lannister. Nada disso fora comprovado, mas perante o caos que o reino estava, assim que o Rei Joffrey Baratheon assumiu o reino uma Guerra dos Cinco Reis se iniciou. Cinco lordes de Westeros auto proclamaram-se Reis que deveriam suceder o Usurpador no trono de ferro. Iniciou-se a guerra então entre o herdeiro de Robert, Joffrey Baratheon; os dois irmãos mais novos de Robert, Stannis e Renly Baratheon; o Lorde de Winterfell, Robb Stark e o Lorde das Ilhas de Ferro, Balon Greyjoy. Ao fim da guerra, o rei Joffrey Baratheon permaneceu vencedor e com o trono de ferro. As únicas modificações em Westeros foram que Robb Stark se tornou o Rei do Norte e o Rei Joffrey meses após ser coroado morreu e seu irmão Tommen assumiu o reino.
Hoje, as regiões de Westeros andam normais demais e tenho um pressentimento que logo isso vai acabar.

299 D.C
Depois da morte de minha mãe, todos pensaram que eu havia morrido também. Afinal, ela ainda estava com a barriga de gestante quando foi morta. Eu e Laegel conseguimos chegar até a Campina, onde vivemos agora. Meu nome não é mais Rhaena Targaryen, e sim Julia Florent. Laegel se passa por meu pai. Ele me ensinou a lutar, ler e escrever. As únicas "memorias" que tenho sobre a minha família são das histórias que Laegel me conta e dos poucos livros que ele conseguiu trazer na fuga, incluindo dois diários da minha mãe. Hoje vivemos no Castelo Jardim de Cima, já que Laegel serve os Tyrell, que é a casa que governa a Campina. Eu cresci no castelo, e apesar de ser apenas filha de um servo para aquele povo, eu cresci brincando com Margaery, filha de Mace Tyrell, o Senhor do Jardim de Cima. Sou uma das donzelas que vão com ela a quase todo canto. E além de Laegel, apenas Margaery sabia meu segredo.
Estava sentada em um banco em uma das partes do imenso jardim do castelo lendo um dos diários de Rhaella, minha mãe. Ela havia entregado dois para Laegel antes de se entregar aos cavaleiros do Rei. Ela amava escrever. Um era onde ela escrevia coisas do seu dia-a-dia, vai desde o nascimento de Viserys até quando ficou grávida de mim. No outro escrevia coisas sobre a nossa família que os livros não contavam e também havia uma parte no final que era uma espécie de "manual" de como ser uma excelente rainha que ela havia escrito para Daenerys e possíveis outras filhas que tivesse, no caso, eu. Como todo Targaryen, ela era intuitiva e pressentia que não passaria tanto tempo com os filhos, por isso, o diário era uma maneira dela nos passar alguns ensinamentos e ser presente na nossa vida. Eu já havia lido e relido seus diários dezenas de vezes. Era o único jeito de me sentir próxima dela e da minha família que eu sequer conheci. Toda vez que lia pensava nos meus irmãos, como estavam e onde estavam. A única coisa que sabia era que deviam estar em algum lugar no continente de Essos. Pensava se ainda estavam vivos, se um dia retornariam ou se tentariam retomar o que Robert o Usurpador nos tirou. Mas não havia o que fazer. Eu não tinha nem como mandar um corvo. Mandaria pra onde? E mesmo que soubesse para onde mandar seria perigoso demais caso descobrissem quem eu sou. Mesmo o Usurpador já estando morto, e seu filho Tommen Baratheon sendo o novo Rei, era perigoso demais que eu reaparecesse logo agora.
⁃ Deixe-me adivinhar. Diário da sua mãe? - disse Margaery se aproximando de onde eu estava sentada e apontando para o livro em minhas mãos.
⁃ Como se essa fosse difícil, milady. - respondi sorrindo. Ela se sentou ao meu lado. Fechei o diário e comecei a observar o vasto jardim a minha frente.
⁃ Você tem que me emprestar esse livro. Se eu for um terço da Rainha que Rhaella era eu serei A rainha. - Margaery sempre quis ser rainha, desde pequena. Quando o rei Robert Baratheon morreu ela se casou com Renly Baratheon, irmão mais novo do Usurpador. Na Guerra dos Cinco Reis, ela acreditava que Renly e seu exército venceriam e ele seria coroado o novo Rei de Westeros e ela se tornaria Rainha, como sempre sonhou. Mas antes mesmo de seu exército lutar, Renly Baratheon morreu e Margaery voltou para a Campina. Após os Tyrell se unirem aos Lannister para ajudarem os Baratheon na Guerra dos Cinco Reis, eles oficializaram a aliança com um casamento entre Margaery e o Rei Joffrey. Quando Joffrey morreu na festa de casamento, Margaery achou que tudo tinha ido por água abaixo. Porém, agora, ela estava prestes a realizar o que tanto queria. Estava de casamento marcado com o Rei Tommen Baratheon, irmão de Joffrey, e se tornaria a Rainha de Westeros.
⁃ Não sei não, você sabe o quanto eu tenho ciúmes desses diários.- disse rindo e Margaery bufou.- Já sabe quando vai para Porto Real, futura Rainha?
⁃ Daqui alguns dias. Assim que minhas coisas estiverem prontas.
⁃ O Jardim de Cima vai ser um completo tédio sem você, milady. - reclamei. Eu e Margaery crescemos juntas, ela era como minha irmã. Apesar de termos sido criadas de formas diferentes e termos tido oportunidades diferentes ela e Laegel eram o mais próximo de uma família que eu já cheguei a ter.
⁃ Eu já te disse para vir comigo para Porto Real.- Margaery havia me chamado centenas de vezes para ir junto com ela à capital.
⁃ E eu já disse que não posso ir. Não posso deixar o Laegel aqui sozinho e eu gosto do Jardim de Cima.- não era só por Margaery que eu havia criado afeição. É claro que ela era a mais próxima a mim mas eu tinha um imenso carinho pelos Tyrell e pelos seus criados. Afinal foi aqui que eu cresci. - Sem contar que me instaurar no castelo do filho do Usurpador é totalmente insano.
⁃ Mas todo mundo pensa que você está morta, Julia. A Rhaenna morreu. É o que eles acreditam.- disse sussurrando para que somente eu ouvisse.
⁃ Mas basta ser um tantinho observador pra juntar o meu cabelo prateado característico da minha família, descobrirem que o Laegel servia os Targaryen e os diários da minha mãe pra descobrir quem eu sou de verdade. - sussurrei de volta. - E eu prefiro não arriscar.
Conversei com Margaery até o pôr-do-sol. Depois caminhei até o vasto jardim e cheguei ao castelo indo a caminho dos meus aposentos. Guardei os livros na minha cômoda e abri o armário buscando outra roupa. Vesti o que sempre uso quando vou treinar com Laegel. Os meus dias aqui eram geralmente parecidos. Eu acordava cedo, tomava banho, comia meu desjejum, fazia algumas tarefas para Margaery, me alimentava, ia ao gabinete de leitura do castelo, passava a tarde lendo, depois treinava um pouco de luta com Laegel e me retirava para os meus aposentos. Eu não costumava pensar muito em um futuro diferente. Eu sentia que em algum momento as coisas iam mudar. Para melhor ou pior? Eu sinceramente não sei. A única coisa que sei é que isso é natural. Afinal eu vivo escondida. Não vivo a vida de uma Targaryen nos 280 anos de reinado da Casa. Não vivo a vida de Daenerys que vive exilada em outro continente. Não vivo a vida de minha mãe Rhaella que era uma Rainha magnífica. E ainda sequer percebi que lado da moeda os deuses descobriram cair para mim, loucura ou poder. Ouvi três batidas na minha porta.
⁃ Pode entrar.- falei um pouco mais alto para quem estivesse do lado de fora ouvisse.
Laegel entrou apressadamente com a respiração ofegante.
⁃ O que foi? - questionei preocupada. Ele tinha um semblante assustado em sua face. Laegel é uma pessoa muito calma, e para algo te-lo deixado assim é porque o assunto é sério.
⁃ Precisamos conversar, milady. Mas não aqui. Venha. - ele disse e eu me preocupei ainda mais. Quando o assunto era sério, geralmente era algo sobre minha família, portanto nós não conversávamos em qualquer lugar. Afinal, as paredes tem ouvidos. Fomos andando até onde sempre íamos quando tínhamos algo importante a dizer; o calabouço do castelo.
Ao chegarmos me sentei em um banco e Laegel ao meu lado. Apenas algumas velas iluminavam o local. Segurei uma em minhas mãos.
⁃ Pronto. Agora me diga o que está acontecendo, estou preocupada com tanto mistério. - falei sussurrando.
⁃ Eu estava com o Lorde Mace em uma reunião e vi quando um corvo chegou. Peguei a mensagem, e bem, você sabe que tudo que é direcionado ao Sr.Tyrell passa por mim primeiro. - disse e respirou fundo. - E a mensagem milady, veio de sua irmã. Daenerys está em Westeros.

Ice and Fire [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora