C.P 14

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† Benna †

Dois dias.

Depois de fazer a conta umas cinco vezes eu consegui descobrir que dia é hoje. 15 de Julho. Dia 17 eu faço 19 anos. E olha onde estou... Num porão que fica embaixo da casa de um Psicopata.

Me levanto com um pouco de dificuldade e caminho até a pequena mesa velha de madeira. Pego o pão e começo a come-lo devagar. Nem ânimo pra comer eu tenho mais... Após terminar de comer apenas a metade do pão, pego o copo com água e despejo toda a água em minha cabeça, eu não tomo banho á uma semana!

Passo minhas mãos suavemente em meu rosto e braços. A sujeira não saiu completamente, mas agora eu consigo ver uma pouco a minha pele clara e algumas das sardinhas marrons claras que tenho nos braços. Vou até a cama de cimento e me deito novamente.

Não falo mais, não durmo mais e não tomo mais água. Estou completamente desidratada, não estou tomando água pois sei que se um ser humano ficar exatamente três dias sem líquido, essa pessoa morre. E já faz dois dias que eu não tomo água, eu não quero mais viver e achei um jeito um pouco fácil de me matar.

Falta apenas um dia...

Fecho meus olhos e me concentro na escuridão que está em meu campo de visão, minha cabeça dói, meu corpo está gelado e minha boca ressecada.

Ouço passos lentos e pesados vindo até a cela, mas continuo com meus olhos fechados. Posso escutar a cela se abrindo lentamente, os passos se aproximam de mim, forço meus olhos a ficarem fechados.

Sinto um aperto em meus dois braços e abro meus olhos rapidamente, com medo do que tem por vir. Ele me ergue e me põe em pé, seus olhos castanhos escuros me encaram fixamente, sinto minha espinha arrepiar.

Ele começa a me guiar para fora da cela e depois para fora do porão, sem falar sequer uma palavra.

Olho ao redor e percebo então que estou na casa dele, as paredes são azuis totalmente escuros e cinzas escuro também. Há um ar sombrio, e isso me faz arrepiar novamente.

Ele entra num quarto pequeno onde tem apenas uma cama de solteiro, um criado mudo ao lado da mesma e um guarda roupa marrom ao lado da porta. Há uma janela ao lado do criado mudo, alta, e numa fração de segundos passou pela minha cabeça fugir pela janela, mas ao ver grades grossas e um tanto juntas na mesma o fio de esperança que tomou conta de mim vai embora rapidamente. A imagem que consigo ver através dessa janela são apenas árvores.

– Você ficará aqui. - ele diz alto após me colocar sentada na cama com um pouco de brutalidade.

Olho para ele e sinto uma vontade enorme de chorar, coisa que não faço a dias, mas nem força pra isso eu tenho mais.

Ele sai do quarto e ouço o barulho da porta sendo trancada do lado de fora. A cama parece uma nuvem em comparação á cama de cimento do porão. Me deito na cama e sinto um alívio nas costas, solto um suspiro e percebo que subiu um pouquinho o lado direito de meus lábios, eu sorri... Algo que não faço a um bom tempo também.

Fecho meus olhos e tento dormir pelo menos um pouco.

† Pscicopata †

Durante todos esses anos em que eu mato pessoas por prazer, eu nunca, eu nunca senti pena. Nem mesmo de meu irmão quando eu o matei.

Ontem quando eu fui levar a comida para a garota do porão, eu à vi derrotada, e por um segundo senti pena dela. Por um segundo.

Colo minha testa na parede fria da sala e fecho meus olhos. Me vem o momento em que olhei em seus olhos, pude ver a solidão e a tristeza em seu olhar, e mais uma vez senti pena dela.

Um Pscicopata ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora