C.P 2

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Benna

Acordo com uma música irritante soando em meus ouvidos.
Abro meus olhos e continuo ouvindo aquela música estressante.
Levo meu braço rapidamente até o criado mudo de meu quarto e bato no despertador sem nenhum cuidado.

Depois de uns minutos deitada na cama fitando o teto. Me levanto ficando sentada na cama. Olho ao redor de meu quarto.

Os raios solares ultrapassavam a cortina branca e com uma estampa fina, assim sendo, matando a escuridão que se aprofundava em meu quarto.

Me levanto da cama com dificuldades, pois ainda estou carregando o sono em minhas costas.

Vou em direção ao banheiro ainda sonolenta.
Quando entro, sinto um cheiro forte de sabonete em minhas narinas.

Me aproximo da banheira branca de mármore travertino e giro o objeto social azul claro ligando apenas a torneira gelada.

Saio de dentro do box e começo a tirar minhas roupas sem pressa. Solto meus cabelos pois estavam em um coque rosquinha mal feito, sinto fios finos acariciarem minhas costas.

Entro lentamente na banheira soltando um gemido baixo ao colocar minha pele na água gelada.  Jogo as rosas azuis e lilás para deixar um perfume agradável inalado em minha pele. Com o sabonete líquido, começo a massagear suavemente meus ombros nus.

Observo os fios de meu cabelo dançarem lentamente sob a água da banheira.

Jogo minha cabeça para trás e fecho os olhos. Com a escuridão no meu campo de visão, puxo lentamente o ar , sentido o cheiro das rosas e do sabonete líquido invadir minhas narinas. Um cheiro agradável.

Me levanto da banheira e pego uma toalha, antes de sair do banheiro, torço meu cabelo para que a água que está nele, se despeça do mesmo. Feito isso, abro a porta do banheiro e ando em direção ao meu guarda-roupa.

Pego uma calsa preta com detalhes dourados. Uma regata azul e visto meu casaco vermelho.

Pego minha bota de estampa marrom aveludada e a visto.

Seco meus cabelos com o secador. Feito isso, pego a chave de meu carro em cima do criado mudo e saio do quarto.

Desço as escadas calmamente e vou em direção a cozinha. Preparo um sanduíche natural e um chá de erva doce para me alimentar já de manhã.

Mordo o sanduíche e posso o escutar sendo estrassalhado por meus dentes. O silêncio ensurdecedor não me incomoda mais. Já estou acostumada com a solidão... Com o silêncio...

Termino de me alimentar e coloco o Pires e o copo que usei em cima da pia.

Saio da cozinha indo em direção a porta de minha casa e vou para o trabalho.

Já preparando os lanches para os clientes. Passo as costas da minha mão esquerda em minha testa, limpando um pouco o suor que escorria em minha face. Estou cansada desse emprego. Estou cansada de tudo isso na minha vida.

Vida?

Ninguém se aproxima de mim...
Não sei por que. Eu tenho uma vida normal. Moro sozinha e trabalho. Por que as pessoas não se aproximam de mim? Sempre foi assim... No orfanato, ninguém  chegava perto de mim...

Dou a bandeja com lanches prontos para a garçonete a minha frente. Seus olhos parecem cansados. Sua pele clara agora está um pouco mais escura. Um rabo de cavalo em seus cabelos completamente lisos e com a cor castanha a deixa parecendo uma criança indefesa. Ela sorri para mim e vira as costas finas.

Volto para meu trabalho e continuo o fazendo.

Quanto mais lanches eu fazia, mais pedidos vinham. Parece um tormento.

19:00 horas

— Até mais. - me despeço de minha colega de trabalho e seguro com mais força a bolsa em meus ombros. Posso senti-los tensos. Estou próxima a um beco onde passo todas as noites ao ir para o estacionamento onde estaciono meu carro, que fica de frente para aquele beco sombrio.

Olho lentamente para o beco sem nenhuma iluminação mas logo viro meu rosto para encarar o homem alto em minha frente pedindo a carteira verde que eles costumam entregar a todos que estacionam seus carros aqui. Para se certificarem de que não entraria nenhum engraçadinho tentando se passar por dono de algum dos carro que aqui ficam. Vasculho minha bolsa em busca da carteirinha pequena. A acho no fundo da bolsa e com dificuldade a pego. Dou-lhe para o homem a minha frente que apenas sorri de lado e me dá passagem.

Chego perto de meu carro e entro no mesmo. Disparo com rapidez até a saída daquele estacionamento silêncioso.

Chego em casa e subo as escadas lentamente.

Casa sem vida...

Tomo um banho rápido.

Me deito na cama macia e gelada e fito o teto.

Eu... Não... Aguento... Mais...

Sinto lágrimas escorrendo e já sei que terei que trocar de fronha outra vez. Sempre incharca.

Não tenho amigos

Não tenho família

Sou invisível para as pessoas

Estou cansada de tudo isso...  Há anos é apenas isso...

A única coisa que eu queria... Era ter um motivo para querer continuar viva...

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Um Pscicopata ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora