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2018

Eu posso ser a pessoa mais confusa e com o pé atrás que existe. Mas não me julguem, meu histórico não é dos melhores. Já fui uma aposta, segunda opção e também fui a irmã caçula desejada de amigo dos meus irmãos.
Isso mesmo.
Acho que é por idiotas e situações em que eu me abri que eu me tornei um ser humano tão desconfiado em questão de relacionamento.
Quando eu me mudei para a cidade grande e passei a morar com o meu pai, eu não imaginava que eu iria amadurecer tanto em um ano. E também ia descontar todos os meus dias de loucura adolescentes não vividos na minha cidade pequena.
No primeiro mês eu conheci o Jean. Era o cara mais malhado que eu havia tido a oportunidade de ver interesse quando ele entrou no ónibus e sentou do meu lado determinado a conseguir meu nome. Ele estava sem celular e pediu para que eu aceitasse ele no Facebook. Eu falei meu nome e perguntei do curso dele. Mas eu realmente não estava com vontade nenhuma de falar com ele.
Eu aceitei a solicitação, por que assim que eu cheguei em casa a notificação de solicitação de amizade já estava lá. Eu pensei "caramba. Esse menino foi rápido ". Na minha cabeça ele nem ia lembrar do meu nome. Eu baixei o mensager e começamos a conversar. A conversa dele não era boa. Mas eu pensei que se ele estava interessado eu queria saber até que ponto estava.
Na mesma semana ele pegou o ónibus comigo e foi me deixar na frente do curso. Tudo na minha cabeça girava e quando ele me beijou e perguntou se a gente poderia se ver no outro dia , minha muralha se ergueu e eu falei "talvez " a questão é que eu não queria que ninguém me visse com ele ou perguntasse sobre ele. Não queria por que eu me sentia uma completa covarde. Eu não sabia por que eu o Havai  beijado e por que eu tinha permitido que ele me beijasse. Mas eu sabia que uma parte minha estava fazendo isso pra provar a si mesma que não era tão romântica e que o ser humano que havia conseguido a vaga do curso pra mim e que dizia gostar de mim e que tambem tinha me trocado por outra garota e não havia me falado nada...estava errado.
Uma parte minha só queria que ele visse que eu não estava por baixo e outra parte achava tudo aquilo ridículo e não queria nem de longe que ele visse o moreno malhado que estava me beijando. Mesmo que ele tenha me trocado por me achar uma boba envergonhada quando ele estava por perto.
Foi nesse momento que eu tive plena certeza que o Ian Clark do Livro da Carina Rissi  que eu aacreditava existir pra mim , na verdade não existia coisa nenhuma. EU ACREDITAVA QUE ELE FOSSE O MEU IAN E ELE HAVIA ME TROCADO...OU MELHOR Começado a NAMORAR com uma garota e ainda sim mantinha nossas conversas.
E foi ai que tudo explodiu na minha cabeça. Que droga. Uma grande droga. Eu era elogiada pela família, por amigos... Eu era a garota perfeita que só pensava nos estudos e que era super madura. Eu era uma jovem exemplar e havia sido uma adolescente de se encher de orgulho. Eu não tinha histórico de ficar bêbada , de ir a festas e surgir boatos, ou fama de que havia namorado fulano e muito menos ferido a conduta de uma filha,sobrinha e neta dos sonhos. Eu havia sido um exemplo. A garota que sempre evitou o falatório e qualquer coisa que me fizesse ser enxergada desse modo.
Uma parte minha naquela noite explodiu e se expandiu, ativando minha adrenalina e todas as minhas opiniões e escolhas que eu não havia feito ou manifestado por medo.
Eu estava decidida a juntar todo o atraso e me permitir viver. Como uma jovem , como eu mesma e sem medo.
E é exatamente por isso que eu não julgo, não aponto e desejo que todos vivam sem se reprimir ou se privar dos sentimentos. Todos nós precisamos viver, errar , aprender , se expressar e não ter medo de ser nós  mesmos.
Se o amanhã não existir ou se cair um meteoro na terra ou uma doença surgir... Eu olharia e falaria que vivi , experimentei . ia  ter um livro cheio de vida, cores, desencontros e encontros. Seria uma história. Minha história, do meu jeito e com quem eu realmente era nas páginas. E não uma história escrita por outras pessoas que me viam e me achavam um máximo e perfeita só por que eu fiz tudo que eles queriam e esperavam de mim. Eu devia ser muito mais que isso.
E eu queria ser muito mais que isso. E foi isso que me fez naquela noite virar minha cabeça por cima do ombro quando estava indo embora e deixando o Jean pra trás. Foi isso que me fez sorrir. Não por que eu estava loucamente apaixonada, mas por que finalmente e por que dessa vez eu queria tentar me permitir viver, sem medo das minhas escolhas e conceitos que as pessoas haviam criado e impostos sobre mim.

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