Capítulo 14

123 23 21
                                    

Como assim, Manahti?

Então saí de uma explosão para vagar no espaço e ser resgatada pelo meu inimigo? Isso não pode ser!  Onde está o Bruno, a Thera, o Jagnar?

Thera... Teria eu sido traída pelo ser que me salvou de morrer numa explosão?

A vontade de chorar foi interrompida pela voz de Jane, ou Toea, dentro de minha cabeça.

— Controle-se.  Você está segura. Eles não sabem de seu despertar Ishtar e eu estou aqui com você.   E não... Thera não te traiu, mas cumpriu seu propósito nesse momento.  Acredite que o que ela fez foi o melhor para o curso da história dessa linha do tempo.

Jane estava em sua forma híbrida, com cabelo curto e fino, como o de um bebê. Seus grandes olhos eram doces e ternos, tentando me acalmar.

Senti emanar dela que agora era hora de fazer o jogo Manahti, de ver o que queriam comigo e como eu poderia aproveitar essa situação para vencer essa guerra e expulsá-los da Terra. Imediatamente, lembrei de que não trabalho mais sozinha, pois faço parte de uma causa maior do que a soma de seus membros, dentre os quais eu tinha a honra de fazer parte.

— Sim. O que querem de mim? Não estou nos ouvindo?

— Fique tranquila. Estou nos isolando, mas só por alguns minutos.

Jane deu um rápido sorriso antes de prosseguir, falando comigo rapidamente por telepatia.

— Não era mais possível te manter escondida na base subterrânea. Os Manahti estavam prestes a importar tecnologia para encontrar você, o que tornava tudo cada vez mais arriscado para a causa, pois certamente ao te encontrar, encontrariam também a base Shey.  Seu despertar Ishtar mostrou à causa que você está evoluindo no caminho certo e que já era hora de inserir você de volta ao plano réptil.  

Jane deu uma rápida pausa antes de prosseguir com olhar fixo no meu. Sua vibração era de reverência... de algo importante que ela iria me dizer agora.

— Agora você é uma agente infiltrada da causa dentre os répteis.  Você é agora como eu, Masnik e outros que ainda não conhece. Seja cautelosa, pois disso depende nossa segurança.

Um vulto percorreu o canto do compartimento onde estávamos, alarmando a nós duas.

— E lembre-se, Brigitilene: você será quem você escolher ser.

Jane segurou uma de minhas mãos enquanto me erguia, ao mesmo tempo em que ela mesma se colocava de pé.

Nesse movimento, pude erguer meus olhos e olhar ao meu redor, fazendo um rápido reconhecimento de onde estávamos.  O lugar era enorme, maior do que minha percepção inicial. Era totalmente na cor branca, quase translúcida. Toda a parede era permeada por protuberâncias que pareciam bancos e que preenchiam toda a extensão da parede. Em seu centro havia uma espécie de coluna, como um grande tubo de metal transparente e vazio. Para que servia esse lugar?

Meus pensamentos foram interrompidos pela chegada de uma figura de quase dois metros de altura, na cor verde escura e feições de lagarto.  Seu nariz não era muito protuberante, como a de alguns que eu havia visto nas memórias de Hashimea.  Sua cauda era relativamente curta pois não tocava o chão, mas seus músculos eram proeminentes e exalavam força e poder. Entretanto, havia algo de diferente nele: sua atitude era a de um... Servo.

— KUTSSS NISHTERR AKARS T’AK. (Mestre aguarda no controle).

— ATMUNK MIOR (Estamos a caminho).

Eu ainda me lembrava claramente da conversa que observei a partir das memorias de Hashimea, entre ela e o dragão Masnik.  Apesar de me lembrar das palavras e do seu significado, eu não conhecia o idioma réptil.

Nova Ordem (Livro #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora