Capítulo 11

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Eu não conseguia explicar como eu me sentia tão calma diante de minha primeira missão! Certamente a nave e a conexão com ela e com os demais seres tinha algo a ver com isso.

Era como se a energia que produzíamos fosse canalizada de alguma forma, distribuída e equilibrada por todo o sistema da nave e dos seres que se interligavam a ela harmonicamente.

Alcançando espaço...

A voz da nave que ressoava dentro da minha cabeça e que agora era apenas uma, composta das vozes das diversas pequenas outras naves, falava a todos que respondiam vibrando em conjunto.

Em seguida uma série de imagens surgia em elevada velocidade, mas não tão grande para que não pudessem ser compreendidas. Junto dessas imagens vinha o entendimento do que elas significavam e mais detalhes sobre a missão.

Vi diversas outras naves similares provenientes de outras localizações no espaço convergindo para o mesmo lugar que nós. Elas também formavam um conosco, interconectando-se e fortalecendo nossa ação.

Na sequência, era como se minha consciência viajasse em alta velocidade ultrapassando rapidamente planetas e estrelas que formavam riscos luminosos ao meu redor, como se eu tivesse entrado em um túnel de luz. Essa era a visão da consciência compartilhada da nave.  Nós estávamos, sim, viajando a uma imensa velocidade e então, era como se passássemos por uma janela em forma de círculo que surgiu diante de nós.  Nós agora viajávamos para um lugar distante na galáxia.

Lua Larsit do planeta Calun na constelação de Lyra.

A nave continuava a comunicar a todos nós os detalhes do que fazíamos.

A cor dourada predominava nesse conjunto de planetas e estrelas e era tudo muito lindo, como visualizar pela primeiramente vez uma bela praia durante o por do sol. Mas, apesar de sentir a beleza do lugar, meu foco principal estava na missão para a qual minha consciência se concentrava, como um imã atraído pelo metal.
Lá estava Larsit, que eu podia ver surgindo rapidamente à esquerda do planeta Calun.

A imagem de uma enorme nave cilíndrica foi vista tão prontamente quanto vi a lua. Raios arroxeados eram disparados dela em direção à pequena lua que mantinha ao seu redor um campo de energia azulado claro que parecia enfraquecer a cada golpe recebido da nave inimiga.

Resistência Maya frente ao ataque da aliança opositora. Não suportarão por muito tempo.

Por estar conectada à nave, eu sabia que os Maya a que ela se referia eram a mesma antiga civilização Maya da América Latina, que desapareceu sem deixar coisa alguma além de grandes pirâmides que se alinham a constelações. Então é para cá que vieram...

Eu também não precisava perguntar o que queria a aliança opositora, que era conhecida entre nós pelo nome de Aliança Réptil. Recuperação de carga era seu objetivo. E eu sabia qual era a carga. Essa informação, de alguma forma, já estava dentro de mim, integrada à minha consciência como se fosse parte dela, que era agora parte da consciência conjunta de todos os seres e da nave. Eles queriam recuperar a carga de humanos-gado que havia sido resgatada pela Aliança Shey.
Nunca! Eu não permitirei!

Camahnsh ahgu, jovem Ishtar. Não há eu quando somos um.

Certamente Vulteran também estava ligado a essa missão, como um observador dentro de minha cabeça.

Camahnsh ahgu, Vulteran . Perdão.

Meu coração foi envolvido pela sensação física de algo morno e gostoso.  Meu pedido de perdão irradiava não somente para Vulteran mas para todos os seres junto aos quais eu formava a unidade. O eu enfraquecia a unidade e isso poderia significar o fracasso da missão. Vidas não poderiam perecer pelo fato de eu não conseguir controlar o programa Réptil em mim.
Respirei fundo e mergulhei na consciência da nave que parecia abraçar a minha. Mais do que nunca, eu precisava estar conectada à missão e ao grupo.

Nova Ordem (Livro #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora