Eu não conseguia explicar como eu me sentia tão calma diante de minha primeira missão! Certamente a nave e a conexão com ela e com os demais seres tinha algo a ver com isso.
Era como se a energia que produzíamos fosse canalizada de alguma forma, distribuída e equilibrada por todo o sistema da nave e dos seres que se interligavam a ela harmonicamente.
— Alcançando espaço...
A voz da nave que ressoava dentro da minha cabeça e que agora era apenas uma, composta das vozes das diversas pequenas outras naves, falava a todos que respondiam vibrando em conjunto.
Em seguida uma série de imagens surgia em elevada velocidade, mas não tão grande para que não pudessem ser compreendidas. Junto dessas imagens vinha o entendimento do que elas significavam e mais detalhes sobre a missão.
Vi diversas outras naves similares provenientes de outras localizações no espaço convergindo para o mesmo lugar que nós. Elas também formavam um conosco, interconectando-se e fortalecendo nossa ação.
Na sequência, era como se minha consciência viajasse em alta velocidade ultrapassando rapidamente planetas e estrelas que formavam riscos luminosos ao meu redor, como se eu tivesse entrado em um túnel de luz. Essa era a visão da consciência compartilhada da nave. Nós estávamos, sim, viajando a uma imensa velocidade e então, era como se passássemos por uma janela em forma de círculo que surgiu diante de nós. Nós agora viajávamos para um lugar distante na galáxia.
— Lua Larsit do planeta Calun na constelação de Lyra.
A nave continuava a comunicar a todos nós os detalhes do que fazíamos.
A cor dourada predominava nesse conjunto de planetas e estrelas e era tudo muito lindo, como visualizar pela primeiramente vez uma bela praia durante o por do sol. Mas, apesar de sentir a beleza do lugar, meu foco principal estava na missão para a qual minha consciência se concentrava, como um imã atraído pelo metal.
Lá estava Larsit, que eu podia ver surgindo rapidamente à esquerda do planeta Calun.A imagem de uma enorme nave cilíndrica foi vista tão prontamente quanto vi a lua. Raios arroxeados eram disparados dela em direção à pequena lua que mantinha ao seu redor um campo de energia azulado claro que parecia enfraquecer a cada golpe recebido da nave inimiga.
— Resistência Maya frente ao ataque da aliança opositora. Não suportarão por muito tempo.
Por estar conectada à nave, eu sabia que os Maya a que ela se referia eram a mesma antiga civilização Maya da América Latina, que desapareceu sem deixar coisa alguma além de grandes pirâmides que se alinham a constelações. Então é para cá que vieram...
Eu também não precisava perguntar o que queria a aliança opositora, que era conhecida entre nós pelo nome de Aliança Réptil. Recuperação de carga era seu objetivo. E eu sabia qual era a carga. Essa informação, de alguma forma, já estava dentro de mim, integrada à minha consciência como se fosse parte dela, que era agora parte da consciência conjunta de todos os seres e da nave. Eles queriam recuperar a carga de humanos-gado que havia sido resgatada pela Aliança Shey.
Nunca! Eu não permitirei!— Camahnsh ahgu, jovem Ishtar. Não há eu quando somos um.
Certamente Vulteran também estava ligado a essa missão, como um observador dentro de minha cabeça.
— Camahnsh ahgu, Vulteran . Perdão.
Meu coração foi envolvido pela sensação física de algo morno e gostoso. Meu pedido de perdão irradiava não somente para Vulteran mas para todos os seres junto aos quais eu formava a unidade. O eu enfraquecia a unidade e isso poderia significar o fracasso da missão. Vidas não poderiam perecer pelo fato de eu não conseguir controlar o programa Réptil em mim.
Respirei fundo e mergulhei na consciência da nave que parecia abraçar a minha. Mais do que nunca, eu precisava estar conectada à missão e ao grupo.
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Nova Ordem (Livro #2)
Fiksi IlmiahEm Nova Ordem, a sequência de Nova Drasskun, Brigitilene é agente da causa Shey infiltrada na Sociedade, o governo oculto. Ela terá que descobrir o máximo que puder para derrotar os opressores da Terra, enquanto controla a réptil dentro de si, a fim...