11. Meu egoísmo é mais forte

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Acordei com uma enorme dor de cabeça. Estava de camisola, e parecia que já tinha tomado banho, e foi aí que me assustei, vi Charles ao lado de minha cama, com uma xícara de chá na mão.

Não foi eu, foi Rosa, ela deu banho e trocou você. Cheguei agora, estou te vigiando. - ele disse seco me entregando a xícara de chá, eu não sabia o que dizer para ele.

Quanto tempo eu dormi? - perguntei

Um dia inteiro... - ele abaixou o olhar

Desculpe... Eu deveria ter dito a verdade. - disse por fim

Eu merecia a verdade. -

Desculpe. - falei mais uma vez

Por que não me disse que gostava do princípe? -

Isso não vem ao caso. -

É claro que vem, ele é o príncipe, seu noivo é o rei, que roubada você se meteu Amélia. - ele falou, eu bebi um gole do chá.

Eu sei... Mas era pra dar tudo certo, tinha que dar! - me sentei, ele apenas bufou - por que correu? Por que saiu correndo dalí?

Eu não iria machucar você, não fora de uma aula... - ele brincou e segurou em uma de minhas mãos - e... Você me machucou também.

Como? - deixei o chá sobre a mesa ao lado - o que eu fiz?

Você me machucou, escondeu a verdade. - ele desviou o olhar, como se quisesse dizer algo mais... Eu não fiz questão de perguntar o quê.

Existem segredos só nossos, segredos que preferimos levar para o túmulo, Charles, e quanto menas gente sabendo, melhor. -

É, mais agora todos sabem, eles só não comentam. -

Agora eu ganhei uma reputação! -

Parece que sim. O que é errado... -

Está tudo bem... -

Eu só queria que tivesse dito algo... - ele se levantou e saiu de lá, sem falar nada, me deixando só, com meus pensamentos.

Pensei em Freya, na sua morte, pensei em minha mãe, na sua morte, pensei em meu pai, na sua morte, e o pior é que eu não tinha ido para o enterro de nenhum deles.

Meu pai morreu em guerra, servindo ao exercíto de Willows. Seu corpo? Não encontraram.
O que aconteceu depois disso? Bem, eu e minha mãe enterramos um caixão vazio, apenas por... Orgulho? Talvez.

Minha mãe, bem, ela vendeu minha dignidade, por dinheiro, e foi morta, morta um tempo depois. E o que aconteceu? Não me deixaram enterrá-la, nem uma cerimônia, nem um caixão vazio, apenas a angústia de saber que ela estava morta, eu queria ao menos poder vê-la.

Freya, não muito íntima, mas era uma grande pessoa, me tratava como uma filha... Eu estraguei a vida dela. Fui todo o motivo de sua loucura, e eu ainda matei ela, eu a matei por ter contado meu plano, o plano que só desrrespeitava a mim e a Gustavo, e agora, agora eu vou ficar aqui, trancada, esperando o dia de amanhã chegar. E eu aposto, aposto que seu corpo foi jogado no rio plutão, levado pelas correntezas...
E mais uma vez, eu não tive a chance de enterrá-la...

O dia foi longo, fiquei a tarde toda no quarto, eu tinha cada vez mais ódio por ele, eu queria pular por aquela janela, queria bater a cabeça com força na parede e morrer. Mas não podia, não podia deixar Gustavo.

Então eu aguentei, aguentei firme cada minuto que se passava, as únicas pessoas que via era Charles e Rosa, ela trazia as refeições para mim, e Charles, bem, ele só veio me dizer que Gustavo estava bem, a mando dele, é claro.

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