31. O começo de uma nova era (a minha)

109 10 0
                                    

*Gustavo*

Ele estava com uma faca sobre o pescoço de meu pai, enquanto ele próprio dizia absurdos, ele a amava? Ou ele era louco? Era loucura! Meu pai era louco! Ele maltratava por amor? Não existe isso, o que ele fazia com minha mãe era amor? O que ele fez com a filha de Freya era amor? O que ele fez com Amélia?... Nunca! Nunca poderá ser considerado amor!

Mas vendo-o daquele jeito, eu me culpei, me culpei por não sentir nada, não naquele momento, era só um estranho, alguém que pra mim, naquele estante não faria diferença se estivesse vivo ou morto.

CALA A BOCA! VOCÊ AINDA VAI PRO INFERNO!- Júlio fez mais força no pescoço de meu pai, seus olhos pediam clemência, algo que nunca pensaria que ele tinha dentro dele, o rei não parecia mais um monstro, ele estava indefeso e parecia frágil, aquilo mexeu comigo, principalmente quando sangue escorreu de seu pescoço. O que eu estava pensando? Apesar de tudo era meu pai! - RENUNCIE AGORA! ME ENTREGUE O REINO! ME ENTREGUE TUDO! EU QUERO O QUE É MEU POR DIREITO! - minha atenção estava toda alí, naquele homem, meus olhos não saiam dalí. Ele insistia em dizer que ele merecia aquilo, ele era uma versão mais nova de Sidney, parecia mais filho dele que eu. Mas ele estava errado, só uma pessoa tem direito a aquele trono, e ela sou eu. - TODOS VOCÊS VÃO MORRER! EU SOU O PRÍNCIPE!

Não! Eu sou o príncipe! - falei mais firme que nunca, eu era o príncipe e a ficha caiu só agora, eu não poderia fugir disso, mesmo longe eu ainda seria o príncipe, o reino é meu por direito, e eu não posso nem cogitar abandoná-lo - sou o único príncipe daqui, e logo serei rei, o único rei daqui. ESSE TRONO É MEU! E NINGUÉM VAI TIRÁ-LO DE MIM! EU TENHO QUE AJUDAR MEU POVO E CONSERTAR O QUE ESSE HOMEM FEZ! - apontei para meu pai - PORQUÊ EU MEREÇO ISSO! - meu corpo nunca pareceu tão confiante de algo, eu nunca fui tão confiante, Amélia estaria surpresa comigo.

NÃO! EU MEREÇO ISSO! - e ele fincou a faca no pescoço dele, o sangue saia enquanto ele caia para trás com a faca em seu pescoço, foi tudo em câmera lenta. Derrepente eu olhei para frente e lá estava Amélia jogando uma espada, como uma verdadeira guerreira, uma rainha protegendo seu povo. A espada entrou em Júlio, ultrapassando seu corpo, pela sua barriga, ele só teve tempo de vomitar sangue enquanto caia para frente, eu pisava encima do sangue de dois monstros e um deles era meu próprio pai. Olhei paralisado para Amélia. Quando ela tinha ficado tão fria? Eu deveria ter prestado mais atenção nela.

Venha Gustavo. Tome seu trono. - ela se recompôs, os outros não havia porquê lutar, já haviam perdido de qualquer forma.

Segui caminho para o trono, passando por cima deles e traçando um caminho de sangue, ela estendeu a mão para que eu segurasse, para poder subir. Ela merecia sentar alí comigo, mas infelizmente só havia um lugar.

A olhei e peguei a coroa que se mantinha encima da enorme cadeira cheia de riquezas.

Vamos Amélia, tome sua coroa. - a entreguei a ela, e no mesmo estante em que me sentei ela colocou a coroa - a guerra está acabada. - anuncio e vejo todos se curvarem perante a nós dois

Prendam os soldados inimigos até que falemos o contrário. - ela disse - jornalista, você está liberado. Diga a todos que agora começará uma nova era. - ele apertou minha mão, e sorrimos

.

.

.

*Amélia*

Quando tudo se acalmou, e eu já estava em meu quarto, Charles veio me visitar.

Charles! Conseguimos! - o abracei

Você conseguiu. - ele me apertou - Amélia... você sabe o que eu sinto, mas... se você realmente o ama que fique com ele. É difícil para mim, eu até cheguei a pensar em muitas coisas erradas sobre isso, mas vendo você hoje, vocês dois, eu percebi que são perfeitos um para o outro, e que não há lugar melhor para você do quê aqui, perto dele, e como rainha. - eu sorri, estava extremamente feliz com isso. Eu fugi muito do castelo, sempre quis deixar ele para trás, mas se agora me perguntassem, ou melhor, me dessem a oportunidade de fugir daqui, eu negaria, eu cresci como pessoa aqui dentro, e encontrei um amor aqui dentro, pode ter sido o pior lugar de todos, mas ainda é o meu lugar, eu ainda posso concertar isso, aliás... Há muitos motivos que me fazem ficar. - Mas também venho dizer que me demiti. Preciso encontrar um outro elo, algo que valha a pena lutar, algo que eu ame, e isso não pode ser você. - ele apertou minha bochecha e sorriu gentilmente

Trace seu destino Charles... Só você pode mudá-lo. Obrigada por ser meu professor, meu amante e meu melhor amigo. - o abracei novamente - você ainda vai ser muito feliz.

Obrigado... - encostamos nossas testas - até um dia Amélia.

Até um dia. - e ele se foi

A primeira coisa que fiz foi tomar um banho e retirar a armadura, eu ainda a usava. O peso saia de meu corpo, era uma sensação deliciosa. Entrei na banheira, dessa vez sem ajuda de Rosa, por mais que quisesse que ela estivesse aqui, mas demos folga para todos os empregados e trabalhadores do castelo, eles mereciam isso.

Lavei meu corpo, meu rosto, meus cabelos, a água era tão relaxante, memórias de tudo que aconteceu se passava pela minha mente. Meus cabelos eram um marco, eu nunca me esqueceria do que em que os cortei, mas também não esquecerei que foi por causa deles que eu finalmente saí do castelo e lutei como um homem livre, ou melhor, como uma mulher livre. Agora eu tinha escolha, eu podia escolher se queria ou não ficar aqui, se queria ou não Gustavo, e olha, eu nunca pensei que iria falar isso, mas eu quero ficar aqui, e quero ainda mais Gustavo, eu nunca mais pensaria em fugir sem ele.

Amélia... - sua voz ecoou por meu quarto, até ele aparecer no banheiro, ele já havia se banhado, parecia um digníssimo rei. - me desculpa, por tudo que fiz. Só tenho duas certezas na minha vida... Uma é que eu te amo, e a outra é que quero você para sempre comigo. - ele se abaixou na banheira e segurou minha mão

Gustavo... Vamos selar nossos corpos. - eu o olhei nos olhos

Como? - dei um sorriso

Eu adiei muito isso, mas eu te amo, você não vai me machucar... - passei a mão por seu rosto - eu estou pronta. Você está pronto?

Estou pronto. - nós dois sorrimos e selamos nossos lábios, os dele quentes e secos e os meus frios e molhados.

Gustavo era os dois lados da moeda, ele era tudo para mim, e diferente de Sidney, eu sabia o que era amar, eu aprendi a amar, e isso não nos enfraquecia, mas nos deixava mais fortes.

PrometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora