12. O amargo gosto do castelo

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Eu não vou, não vou de jeito nenhum. - disse a ele

Desculpe Amélia, mas acho que não tem escolha... -

Certo... Eu vou. Mas, me prometa que ficará por perto. -

Eu prometo. -

Quando entrei nos aposentos do rei meu corpo se arrepiou, eu quis voltar imediatamente quando vi que não tinha ninguém na cama, mas quando me virei ele estava bem atrás de mim.

O que você quer? - perguntei na defensiva

Vamos conversar. -

Ele trancou a porta e jogou a chave em algum lugar no chão, eu dei passos para trás quando ele tentava chegar perto de mim.

Eu disse que algo muito ruim iria acontecer. -

Ele se aproximava, eu estava encostada na parede não tinha pra onde correr, ele segurou meus braços e os apertou, eu tentei me defender, mas eu estava com medo, e o medo me fazia fraca.

Consegui sair mas ele me puxou pela cintura e eu gritei. Sidney começou a beijar meu pescoço, eu estava agoniada, eu pisava em seus pés, mas ele não me soltava, ele me jogou na cama e pulou encima de mim, comecei a gritar, a bater nele.

Agora ele estava rasgando meu vestido e beijando a minha boca, e eu estava chorando, chorando muito, eu podia imaginar tudo de ruim no mundo, menos isso, não comigo, eu nunca pensei que viveria para ser estrupada...

Eu já não sentia mais nada, eu estava inconsciente, minha mente e minha alma pareciam não estar em meu corpo, e isso era bom, pelo menos elas não aprodreceriam. Sentia seus beijos sob minha barriga nua e sob meu colo, eu sentia suas mãos apertando meus seios, mas eu não tinha reação, eu já estava morta.

Foi quando notei que ele havia me soltado, ele não tinha concluído seu trabalho sujo, ele estava tirando sua camisa, e depois começou a desabotoar sua calça, aproveitei o momento, foi como um luz no fim do túnel, algo que me fez ter forças para continuar a lutar contra ele, foi como uma luz divina.

Eu o chutei, ele caiu ao chão já que estávamos na beirada da cama, eu ainda chorava, chorava muito, mas naquele momento eu só queria sair correndo dalí, me joguei no chão vendo marcas de chupões em algumas partes de meu corpo, escutei ele se levantando, catei a chave no chão o mais rápido possível e me levantei para abrir a porta.

Eu ainda não terminei! - ele falou com a voz rouca - você será minha por bem ou por mal! - o rei foi se aproximando enquanto eu destrancava a porta, minhas mãos tremiam e agora eu parecia sem forças novamente. - ainda falta a melhor parte Amélia! - eu abri a porta, ele segurou meus braços e os apertou, sua calça estava desabotoada, eu não queria, eu não podia e não deixaria que ele me tocasse ainda mais!

ME SOLTE! - gritei e pisei seu pé com toda força possível, ele me soltou e gemeu. Saí correndo, tentava ajeitar o vestido, mas ele estava completamente rasgado, meus seios nus apareciam, por mais que eu tentasse os cobrir. A saia de meu vestido estava rasgada, eu me sentia horrível.

Caí ao chão no meio do salão, perto da escada, eu estava em desespero, estava chorando muito, as lágrimas não cessavam de nunhuma forma. Comecei a me bater como forma de purificar minha pele, eu gritava em desespero, as pessoas passavam e me olhavam, mas não faziam nada, eu estava em pânico, eu estava em choque, eu vi meu corpo sangrar, meu corpo todo sangrar, nas minhas mãos, pernas, barriga, rosto, tudo tinha sangue.

O que aconteceu? - uma voz perguntou me despertando do pânico, eu não sangrava, era só minha imaginação. Em contrapartida, apertava minhas unhas contra minha mão, e elas sim sangravam, não pude ver direito quem era, eu saí correndo para cima enquanto enxugava o sangue de minhas mãos no vestido rasgado. Tranquei a porta e comecei a quebrar as coisas - o que está acontecendo Amélia?! - era um voz de homem.

ME DEIXA EM PAZ!!! - gritei tirando a roupa, ficando nua.

Me deitei na banheira de água fria, a água ficou vermelha pelo sangue de minhas mãos, mas nada mais importava, eu estava morta por dentro, ele me matou, ele quase roubou minha alma alí, naquela cama imunda, meus pensamentos era como flashbacks do que tinha acontecido, eu me perturbava com o fato de que se demorasse mais um pouco alí ele poderia ter realmente me violentado, e eu não aguentaria aquilo.

Me afundei na banheira, fiquei vendo a água por cima de meus olhos até quando percebi que não conseguia mais respirar, me levantei, eu estava como um zumbi, como um morta viva. Não me reconhecia.

Peguei uma toalha, tudo parecia preto e cinza, nada tinha cor para mim. Me olhei no espelho, me encarei por um bom tempo, então era isso, a beleza, minha beleza. Ele tentava casar comigo por isso? Ele me queria por algo tão fútil? Ele tinha tentando me estrupar porque eu era bela? Tudo por causa de um rostinho bonito? De um corpo bonito?

Comecei a pensar que tudo se resolveria se eu não fosse tão bonita assim, comecei a desejar ser outra pessoa, outra mulher.

Olhei uma tesoura, ela estava ao lado do espelho, eu a peguei em minhas mãos, a encarei por mínimos três segundos e respirei fundo, as lágrimas caiam novamente, eu nunca havia o cortado, nunca tocaram em meus cabelos antes, ele sempre foi daquele jeito, ele sempre foi enorme e sedoso. O meu cabelo era o que eu mais gostava em mim. Me lembrei que um dia me falaram que o cabelo é a maquiagem de algumas pessoas, talvez ele fosse a minha! Talvez eu devesse o estragar e assim não ficaria tão bonita!

Peguei uma mecha e com as mãos trêmulas a cortei, as primeiras três tesouradas naquela mecha foi de tristeza, mas depois... Depois começaram a ser de ódio, e eu estava engolindo minhas lágrimas. Eu me odiava! Eu me odiava! EU O ODIAVA! EU ODIAVA REI SIDNEY! EU QUERIA O VER MORTO!

Foi isso que você fez. Isto é o que... - as palavras que saiam da minha boca eram palavras de rancor, de raiva, e de ódio. Era minha dor. - isso... - eu solucei - isso é culpa sua!

Parei de falar e comecei a cortar meu cabelo com ainda mais raiva, estava o repicando sem perceber, estava cortando por emoção do momento, eu estava estragando a coisa mais pura que tinha em meu corpo, a única coisa que ninguém NUNCA ousou tocar...

Joguei a tesoura no chão, olhei para o cabelos negros na pia, liguei a torneira implorando para a água tirar aquelas madeixas de perto de meus olhos. Com relutância olhei para cima... Olhei meus olhos no espelho e me assustei, onde eu estava? Onde estava Amélia?

O cabelo estava muito curto, quase rente a raiz e muito repicado. Eu os toquei vendo o que havia feito, a besteira que havia feito, mas eu não iria me arrepender! EU NÃO IRIA!

uma lágrima solitária caiu de meu olho esquerdo, e então eu vi, eles continuavam negros, continuavam em contraste com meus olhos verdes claros, eles continuavam sedosos! Eu continuava bonita!

Eu dei um grito de negação, tanto sofrimento, tanto arrependimento para continuar bonita?! Não! Não! Não!

Me sentei de costas para a parede, me sentia mal, fui em direção ao sanitário, o abri, eu estava com a cabeça dolorida, estava com o corpo dolorido e com uma enorme vontade de vomitar.

Eu vomitei, vomitei tudo, vomitei até minha barriga implorar por mais comida, eu estava me maltratando para não ser desejada, enquanto muitas mulheres se maltratavam para que homens a desejassem...

Fiquei jogada no chão frio do banheiro com as lágrimas secas sob meu rosto e com a respiração profunda, eu estava sozinha, e eu precisava de alguém.

Não desci para o jantar, não antendi a porta, não falava nada, apenas ficava alí, calada, encarando a lâmina da tesoura.
Eu não iria me matar, alguém poderia sentir minha falta, eu não era tão besta assim, mas, por um momento eu senti o que os suicidas sentiam.

Eu senti que não conseguiria sair dessa, que ficaria presa nesse escuro para sempre e que ninguém me ajudaria, era como se estivesse vendido a minha alma ao diabo, e o preço no qual paguei era horrível. Sentia que tinha sido condenada a viver para sempre, e eu nunca quis isso.

Porém, de alguma forma, eu me conformava em pensar, ou pelo menos tentar pensar, que o amanhã seria um dia melhor.

PrometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora