Fica comigo, por favor!

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É inevitável nesse momento não pensar naqueles bons tempos, voltar para uma hora antes quando ele estava junto de mim. Quero chorar, gritar e espernear, quero gritar com a vida por me fazer isso, mas não faço nada. Fico em choque de joelhos no chão olhando para as minhas mãos.

As vozes de todos me parecem distantes, escuto como dizem o meu nome mas não posso responder. Sinto que se eu me mexer ou dizer algo, tudo se tornará real. Não quero que isso seja real, me agarro a esse pequeno fio de possibilidade de que seja só um sonho. Um sonho ruim. Me recuso a perder nenhum dos dois, não é justo. Acabo de conhecer uma Sophie que eu não sabia que existia, um lado da minha irmã que realmente é incrível, não posso perdê-la agora e tão pouco posso perder o amor da minha vida. Porque a vida é tão cruel? Porque todos os planos desaparecem como se não significassem nada? Onde ficam as promessas? Para onde vai o nosso felizes para sempre? O que será de nosso amor? O que será de mim se eu perder ele? São tantas perguntas e eu não tenho resposta para nenhuma.

- "Emma, venha querida." - Erick me move um pouco para que eu reaja. - "Precisamos ir para o hospital."

Eu não posso, não quero ir a lugar nenhum. Mas me levanto com a ajuda de Erick e sinto como alguém me puxa para fora do meu apartamento e me leva até o elevador. Tudo aconteceu tão rápido, em menos de um piscar de olhos. Quem dos dois é? Não quero saber, sinto que não poderei resistir ao saber quem é.

O trajeto até o hospital parece ser eterno, realmente sinto que vou ao caminho do inferno. Meu coração bate acelerado, enquanto o carro para em frente a entrada de emergência. Não quero descer do carro mas Annie abre a porta pra mim e tenta sorrir mas sei que ela está assim como eu, não pode fazê-lo. Os sorrisos desaparecem nesses momentos.

Minhas pernas tremem e o frio da noite me faz ligeiramente tremer. Subi o fecho da minha jaqueta e olho pro céu por um momento. Está nublado, parece que a qualquer momento vai chover. Eu sempre gostei da chuva e nesse momento penso naquelas gotas, penso nas nuvens e penso na lua que hoje não posso ver. Tento pensar em diferentes coisas para evitar pensar na única coisa que realmente importa.

Quando nos aproximamos da recepção para pedir informação, a enfermeira fala com Erick porque eu simplesmente não estou em condições de falar. Ela diz que temos que esperar o doutor vir falar conosco mas que há um corpo no necrotério que temos que ir reconhecer.

Suas palavras são um forte golpe de realidade, um tapa para que eu reaja e me dê conta que assim pensei em um milhão de coisas diferentes, então chorei e gritei tão forte como pude, um dos dois está morto e não há nada que eu possa fazer.

- "Acabam de me informar que a senhorita Sophie Montgomery está consciente." - a enfermeira diz com um sorriso enquanto mantém o telefone em sua orelha. - "Podem entrar se vocês quiserem vê-la, somente familiares."

É Ian, se Sophie está bem, é Ian. Ian está morto, meu Ian morreu. Não, isso não pode está acontecendo, não ele, não agora.

Não consigo me lembrar quais foram as últimas palavras que ele me disse, nem sequer pude me despedir, não disse o quanto o amava. Não posso aceitar. Pelo que parece não podemos encontrar a luz, as sombras sempre nos arrastam para a escuridão. E todos os sonhos e promessas desaparecem, se evaporam na frente dos meus olhos e escuto o destino rir da minha cara e gritar que talvez Ian e eu não estávamos destinados a ficar juntos para sempre, que éramos algo passageiro. Um amor ilusório. O que vou fazer sem ele? O que vou fazer sem o seu amor? Estou morrendo nesse momento, aqui de pé e em silêncio. Sinto que acabam de me apunhalar, a realidade se cravam em mim como mil punhais de fogo. Esta me queimando por dentro e as lembranças, todos aqueles bons momentos estão me destruindo.

- "Ian." - digo o seu nome sem pensar, como se dizer o seu nome fosse mudar o que aconteceu. - "Ian..."

Por favor, não me deixe. - eu digo mentalmente.

O Amor é uma Droga! (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora