Capítulo V - A Vergonha de Hamptons

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Já era de manhã, a noite anterior havia sido igual a todas as outras. Jantamos batatas grelhadas e eu ajudei papai a fazer um pudim de chocolate para a sobremesa. Era uma agradável manhã de quinta feira, o sol morno subia e as poças da chuva do dia anterior haviam secado, mas minha casa parecia estar funcionando em câmera lenta. Eu estava pesada e incomodada com os incidentes do dia anterior, mas preferi não pensar muito nisso.

Estava à mesa de café apenas eu e meu pai, uma peculiaridade nos últimos dias. Éron não se atrasava.

— E Philip? — perguntei num tom quase inaudível, enquanto enchia uma xícara de chá.

Papai negou, bebericando seu café.

— Ele me disse que não irá à escola hoje. — o velho abriu seu jornal, papai era a única pessoa que eu conhecia que fingia que internet não existia.

— Como não vai? — indaguei.

— Bom, ele apenas disse que não vai. — papai deu os ombros. — Há algo importante? Alguma prova?

Neguei, mas me lembrei que ele não poderia enxergar através do jornal.

— Não, papai. — mordi uma torrada seca.

Ele abaixou o jornal e me deu um sorriso doce.

— Ótimo! Então depois você pode passar as anotações para ele. — papai disse. — Fico muito feliz que estejam se dando bem, Lily. Como eu disse, assim como...

— Assim como a mãe dele, ele também é nossa família. — completei a frase do meu pai disfarçando a impaciência. — Sim, eu já entendi.

Levantei com rapidez tentando não parecer brusca, peguei minha mochila e deixei a cozinha.

— Tenha um bom dia, papai! — gritei e saí, batendo a porta da sala.

Ajeitei a mochila nas costas e comecei a caminhar. Olhei às horas no relógio de pulso e comecei a andar mais rápido, eu estava quarenta minutos atrasada. Havia dormido muito naquela manhã, estranhamente. Quando eu estava um pouco depois da metade do caminho, meu celular começou a apitar como louco, quando o peguei para olhar, havia imagens e vídeos amontoados nas mensagens que eu tinha recebido, mas nenhum delas carregou. Eu não fazia a menor ideia do que se tratava, dei os ombros e enfiei o celular novamente no bolso. Quando eu estava na esquina da escola, meu celular apitou novamente, em toques seguidos. Era uma ligação da Bárbara.

— Oi, Barbie. Já estou chegando, nem sei como...

— Não vem, Lily. Não vem pra escola. — Bárbara falava com urgência.

Parei de caminhar. Eu já podia enxergar a entrada da escola, fiquei a observando antes de responder. Comecei a sentir meu estômago esquentar.

— O que aconteceu, Bárbara? — minha voz tremeu.

Ouvi a voz de Maya no fundo. Ela estava gritando com alguém.

— Por que a Maya está gritando? É com o Alex? O que houve?

Houve silêncio.

— Responde, Bárbara! — meus olhos já estavam começando a quererem doer e meu coração acelerou.

— Você não viu nada? — ela perguntou receosa.

— Vi o que? Não, eu não vi nada! O que eu deveria ter visto?! — minha garganta secou e eu comecei a gritar no telefone.

— Vai para casa, Lílian. Não entra na escola. — Bárbara pediu. — Por favor.

Eu desliguei o celular naquele instante e ouvindo a recomendação da Bárbara, uma das minhas melhores amigas e uma das pessoas que eu mais confio no mundo, eu corri direto pra escola. Passei pelo portão sem sequer cumprimentar o porteiro. O pátio estava vazio. Através da porta dupla transparente, eu enxerguei a aglomeração no corredor. Andei tão rápido que senti minhas pernas ficarem dormentes, abri a porta num estalo. Todos me olharam.

As Treze Rosas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora