Capítulo XXIX- A Última Estação da Menina sem Nome

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"... Deus, universo, destino, karma, seja lá o que está por trás de nós, você agradece,
e pede em prece por todos aqueles que seu coração se compadece.

E mesmo estando apaixonado ou de coração partido, mesmo perdido ou acolhido, mesmo na dor, no desalento, ou se a esperança invadiu seu templo, você agradece.

Você é você, e está na luta para não se perder.

Infelizmente, ou não, o mundo não está preparado para pessoas como você."

Victoria

***

Eu já estava quase na metade do primeiro semestre de faculdade. Por uma grande ironia do destino — e eu acredito bastante nesse cara — eu e Antonella ficamos no mesmo alojamento. Nós o dividíamos com mais uma garota que se chamava Júlia e tinha vindo da Espanha, ela cursava jornalismo junto com Antonella. Eu e minha amiga não tínhamos nenhuma aula juntas, mas estávamos sempre por perto uma da outra, seja na hora do almoço, nos intervalos ou nas festas do campus. A faculdade tinha me agregado muitas coisas além da sala de aula, talvez não tão úteis, mas extremamente interessantes. Eu descobri o que era hambúrguer artesanal e tentei me adaptar a uma dieta vegetariana durante algumas semanas depois de muito esforço de Antonella, mas não pude viver sem uma boa carne assada.

Eu ligava para Rye todos os dias. Os preparativos para o casamento estavam a mil por hora e me doía não poder estar presente de corpo e alma para ajudar. Eleonora havia me mandado foto do seu vestido e do seu véu, ela ficaria linda como uma rainha. Genevra decidiu me dar meu vestido de presente e já estava comprado, era lindo: curto na altura dos joelhos e dourado, de alças e bem justo na cintura. Genevra seria uma das madrinhas do casamento, junto com uma grande amiga de Eleonora. Eu seria a dama de honra. O casamento iria acontecer num final de semana do início de maio e para isso Antonella viajou para Rye comigo pela primeira vez.

— Meu Deus, que cheiro de árvore! — foi a primeira coisa que ela disse quando descemos do trem.

Papai veio nos buscar na estação e ficou encantado ao conhecer Antonella. Eleonora sentiu o mesmo quando elas começaram a conversar no jantar. Bárbara estava voltando de Nova Iorque para o casamento e, sinceramente, eu não sabia em que parte do país estava Maya e Alex com seu jipe engraçado. Genevra chegou à Rye no mesmo dia que eu com algumas horas de diferença. E finalmente, no dia nove de maio, num sábado, nós estávamos todos reunidos na Igreja St. Mary — com o Padre Edward — para o casamento do meu pai e de Eleonora.

— Eu aceito. — disse meu pai com água nos olhos.

Ele estava usando um terno impecável e uma gravata azul bem amarrada que com certeza o nó não havia saído de suas mãos.

— Eu aceito. — disse Eleonora que diferente do meu pai não poupou as lágrimas.

A noiva usava um vestido branco longo, liso e de mangas rendadas. A cauda do vestido tinha pequenas pedras brancas costuradas e seu véu o acompanhava. Seu cabelo estava preso num coque perfeito. Já o meu, agora cortado mais próximo dos ombros, estavam soltos com uma flor na lateral discreta. Eu estava ao lado deles no altar, os olhando com ternura e sem conseguir diminuir meu grande sorriso. O fotógrafo tirou lindas fotos do momento em que eles se beijavam após os votos e em uma delas eu aparecia no canto quase toda cortada pelo enquadramento da fotografia. Na foto eu os olhava com um grande sorriso no rosto. Aquela se tornou a minha foto preferida daquele dia e ainda que com um ótimo fotógrafo presente, eu fiz questão de tirar diversas fotografias — com a câmera que ganhei de presente no meu aniversário — na igreja, pegando várias pessoas de surpresa. Papai disse que gostou mais das minhas fotos do que das outras, mas eu sabia que ele estava sendo apenas gentil.

As Treze Rosas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora