Capítulo XIV - Os Dezoito Anos de Bárbara Albuquerque

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"... Before us lies eternity, and our souls

are love, and a continual farewell."

W.B Yeats

***

Por favor, L. Eu reli aquela frase umas seis vezes, oscilando entre olhar o convite e o porta-retrato na mesa. Eu sorria como uma idiota. Mexi no resto dos papéis sobre a mesa e notei que não havia convite para Éron, e por algum motivo eu me senti culpada. Mas eu não tinha tempo para remorso, me levantei às pressas, peguei meu casaco e corri até meu quarto. Olhei meu celular pela primeira vez naquele dia e eram quatro horas da tarde.

Coloquei o porta-retrato com a foto de dez anos atrás em cima da minha escrivaninha e joguei o casaco úmido em cima da minha cama arrumada, mas não sem antes tirar a velha carta do bolso e colocá-la de volta na caixa laranja. Fiquei parada no meio do quarto, roendo as unhas, pensando no que fazer. Parei por um segundo, abaixei os olhos e olhei minha mão em minha boca.

— Meu Deus, eu preciso fazer as unhas!

Corri até meu banheiro e tirei todos os meus poucos artefatos de manicure. Joguei tudo na minha cama e saltei nela. Lixei, escovei, cutilei ­— me cortei umas duas vezes — por fim pintei as unhas curtas com um belo esmalte azul. Depois repeti todo o processo com as unhas dos pés. Enquanto esperava minhas unhas secarem, eu escancarei todas as portas do meu guarda-roupa.

— Misericórdia, o que eu vou fazer?! — comecei a resmungar desesperadamente. — Eu não tenho uma roupinha nova, uma roupinha bonita!

Tomando cuidado para não borrar as unhas semi pintadas, tentei tirar todas as possíveis roupas para a festa do guarda-roupa e joguei-as em cima da cama. Fiquei as olhando durante longos minutos, uma por uma. Uma calça jeans rasgada, uma calça jeans de couro, uma saia jeans, uma mini saia jeans, um vestido longo azul marinho, um vestido curto amarelo, uma blusa regata verde, um short jeans e ah. Eu estava quase sentando no chão e chorando desesperadamente. Respirei fundo e saí do meu quarto.

Papai já havia chegado, ouvi a voz dele e de Éron na cozinha.

— Devíamos ir à um jogo de basquete! — era a voz animada do meu pai.

Sorri e atravessei a casa em silêncio, até o quarto do meu pai. Sorrateiramente abri a parte do guarda-roupa que era da minha mãe, passei os olhos pelas coisas dela e na parte baixa das prateleira, vi um par de botas curtas pretas. Não tinha lembranças da minha mãe usando-as, mas eram lindíssimas. Sem hesitar, peguei as botas e deixei o quarto. Em passos rápidos, voltei ao meu quarto e como quem tem uma epifania, eu tinha decidido o que vestir. Remexi no fundo do meu guarda-roupa e peguei uma não muito nova saia de cetim minha, bem acinturada, com um cinto fino com detalhes cinzas. Peguei também um cropped acinzentado e então eu já sabia o que usar.

Já era seis horas da noite. Minhas unhas estavam secas então logo entrei para o banho. Bem gelado e rápido. Saí depressa, eu estava funcionando à mil por hora. Sequei meu cabelo com o secador e fiz alguns cachos por ele, não que fosse necessário, ele já era ondulado o bastante. Quando terminei o cabelo eu decidi que aquele dia merecia que eu realmente me maquiasse. Pus até cílios postiços naquela noite. E quando terminei faltava apenas um bom batom. Eu estava, sobretudo, me sentindo bonita.

Já estava quase na hora. Vesti minha roupa e calcei as botas da minha mãe. Quando me olhei no espelho, sorri. Meus cabelos dourados ondulados até as minhas costas, meus olhos negros estavam sobressaltados com a maquiagem escura e meus lábios vivos com um batom vermelho. Coloquei uma jaqueta curta por cima do cropped, passei perfume — não o que Genevra havia me dado, claramente — e eu estava pronta. Antes de sair, eu peguei o quadro e o apertei com a ponta dos dedos. Deixei o quarto.

As Treze Rosas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora