Capítulo VII - Corpo

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My eyes don't shed tears, but boy they bawl when I think about you.

Frank Ocean

***

Nada do que Bárbara e Éron estavam fazendo era errado, tampouco imoral. Imprudente talvez, afinal papai poderia acordar a qualquer momento e os pegar no flagra. Por alguns segundos imaginei como o senhor Amadeus reagiria àquela situação, ele provavelmente ficaria empalidecido de vergonha e voltaria para seu quarto, mas no dia seguinte quando Bárbara não estivesse mais em casa, ele falaria comigo perguntando o que deveria fazer e eu diria para expulsar Éron da nossa casa, afinal foi isso que eu sempre almejei, certo?

O olhar de Bárbara em mim ainda me deixava sem fala. Ela me olhava segurando um sorriso, enquanto vestia-se rapidamente. Éron também me olhava, mas eu não conseguia definir se ele estava com vergonha ou extremamente enraivecido por eu ter impedido seu sexo iminente.

Bárbara saiu de cima dele assim que vestiu sua blusa.

— Lily. — ela disse meu nome entre risadas. — Achei que estivesse dormindo.

— Também achei que você estivesse. — soei mais séria que o pretendido, eu ainda estava tentando encontrar as palavras certas para aquele momento.

Éron levantou devagar do sofá, desamassando a própria blusa.

— É melhor todos irmos. — ele disse com rouquidão nos dando as costas. — Não vai demorar pra amanhecer e temos aula amanhã.

Ele disse e sumiu na escuridão. Eu e Bárbara ficamos paradas na sala com as luzes apagadas, ela ainda arfava ao meu lado.

— Éron é tão... ah. — ela suspirou. — Quente.

Eu estava indubitavelmente com nojo, senti quando ela cutucou meu braço e eu a olhei. A luz da lua que vinha da maior janela da sala me dava uma visão clara da minha melhor amiga.

— Está brava? — ela perguntou mordendo sutilmente o lábio. — Eu sei que ele é tipo um irmão agora, morando com você e se aproximando do seu pai, e ter sua melhor amiga beijando seu irmão não é a situação que esperávamos que...

Aquilo já era demais.

— Não, Bárbara! — a cortei um pouco alto demais. — Éron e eu não temos nada como irmãos. Mal falo com ele dentro de casa, sequer o vejo na escola. Ele me estressa, me irrita e me dá vontade nos nervos! Ocupa o espaço da minha casa, ocupa meu espaço com meu pai e cozinha no meu fogão!

Bárbara deu um curto passo para trás e me observou.

— Por que está agindo assim? — ela perguntou com uma seriedade incomum.

Respirei fundo e organizei meus pensamentos durante um longo segundo.

— Por que estou cheia de sono, Barbie. — falei com mansidão e inconscientemente fingindo uma voz sonolenta. — Estou estressada com o que aconteceu ontem e com tudo o que eu ainda quero fazer esse ano. Não quis agir assim com você neste momento.

Ficamos em silêncio durante um tempo longo demais.

— Ah, está tudo bem, me desculpe por atrapalhar seu sono de alguma forma. — ela riu novamente e se reaproximou. — Não diga que fizemos barulho, por favor!

As Treze Rosas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora