As Treze Rosas Brancas

Capítulo XVIII - Lamb House

Three things in human life are important:

The first is to be kind; the second is to be kind and the third is TO BE KIND.

Henry James.

***

Vibramos na arquibancada, eu e meu pai. Era a sexta partida de Éron com os Tigres. As garotas da torcida eram loucas pelo novo atacante do time. Eu já até tinha as ouvido comentar sobre ele no vestiário enquanto esperava Bárbara, que não pôde ficar quieta, como sempre.

— Vocês sabem que ele está com a Lílian, então é melhor calarem a boca por que gente fura-olho não fica na irmandade azul.

Bárbara cortou as garotas.

— Você não pode nos tirar da equipe por isso. — uma garota de cabelo preto com voz esganiçada indagou.

— Experimente. — Bárbara sorriu escarnia e deixou o vestiário.

Eu repreendi Bárbara por aquilo depois, mas no fundo eu achei engraçado. Eu não me importava com aquela situação, era típico das meninas da torcida se interessarem pelos garotos do time, mas assim como Maya nunca se importou com as cantadas que Alex ouvia, eu não me importava com o que diziam sobre Éron. Ele voltaria pra casa comigo, dormiríamos sob o mesmo teto e tomaríamos café da manhã juntos. Eu o tinha e ele me tinha. Nada era mais importante que isso.

No jogo daquela noite ele marcou o ponto da vitória.

— Grande noite, garoto! — papai sorriu batendo no ombro de Éron.

Ele sorria largamente para o meu pai e depois me olhou com ternura. Ele ainda estava trajando a roupa do time, seu cabelo estava úmido de suor e bagunçado pelo capacete. Os treinos com o time tinha o deixado musculoso fazendo-o abandonar o físico magricela.

— Eu contei doze quedas, você é péssimo. — desdenhei segurando uma risada.

Éron revirou os olhos.

— Lílian, eu não caí nenhuma vez! — ele afirmou. — Tudo bem, teve um único deslize, mas o adversário me empurrou.

Papai ria nos observando.

— Vocês parecem crianças. — ele disse nos olhando com carinho.

Empurrei o ombro do Éron que me deu um peteleco na testa.

— Pai! — olhei para o meu pai como se esperasse que ele repreendesse Éron.

Papai negou levemente.

— Éron, não faça isso com a sua irmã. — Amadeus falou e começou a ir até o carro. — Vamos, está tarde.

Meu pai sumiu entre as pessoas e uma tensão instantânea pairou sobre nós. Irmã. Irmãos. Meu pai via Éron como um filho e isso era um fato já aceitado por nós, mas nunca achamos que ele nos via como irmãos.

— Nós não precisamos contar pra ele nunca. — Éron sussurrou acariciando meus dedos.

Recolhi minha mão.

— Eu não quero esconder isso pra sempre e não quero que acabe. — o olhei nos olhos.

Ficamos em silêncio, até que Éron pigarreou.

— Vou trocar de roupa, te encontro no carro. — disse e foi até o vestiário.

Eu fiquei durante alguns segundos em pé, parada, apenas ouvindo a gritaria no campo. Depois caminhei com lentidão até o carro, onde papai nos esperava. Sentei no banco de trás. Eu e Éron tínhamos feito alguns acordos sobre quem usaria o banco da frente. Em dias de jogos, era ele. Em qualquer outra situação, seria eu. Quando eu bati a porta, papai olhou para trás.