Capítulo X - Meu Desejo Frio

13 0 0
                                    

When my time comes around, lay me gently in a dark cold earth.

  Hozier

***

Houve um silêncio pesado e todos nós paramos de comer. Mas isso não durou muito tempo. Éron arrastou a cadeira pesadamente quando se levantou de forma abrupta e a cena da noite anterior passou na minha mente como uma memória vaga.

— Se o senhor queria que eu fosse embora era só pedir. Eu iria. Não precisava chamá-la. — Éron disse rangendo os dentes como se estivesse se esforçando para não perder o controle.

Papai negou com rapidez.

— Philip, você não vai embora. E eu não a chamei. — meu pai foi firme. — Ela está vindo por que quer.

Éron riu descrente.

— Ela falará com qualquer um nesta cidade menos comigo. — Éron foi pertinente. — Eu não irei sequer olhá-la. Sr. Amadeus, o senhor sabe e me entende. Eu sei que entende. Eu não posso.

Eu não tirava os olhos de Éron e quase me compadeci de suas súplicas. Ele não queria ver a mãe de jeito nenhum, não por medo ou algo do gênero. Mas sim repulsa.

— Eu sinto muito, filho. — papai disse com linhas de tristeza no rosto, levantando-se devagar. — Eu não posso impedi-la de visitá-lo. Sim, a primeira intenção de Genevra era levá-lo de volta para Londres quando eu a comuniquei da sua melhora.

Ri por dentro. Éron não me parecia nada diferente. Papai levantou-se e começou a tirar seu prato da mesa, e antes que Éron questionasse, ele continuou.

— Mas eu disse que seria melhor se você ficasse. — papai virou-se para ele. — Você está certo, Philip. Eu entendo você, mas eu preciso que você fale com ela.

Éron estava em conflito.

— Sr. Amadeus, você é o melhor homem que eu conheço. E se eu pudesse fazer o que o senhor está me pedindo, eu faria. — ele disse, respirando fundo com exaustão. — Mas eu não posso ficar perto daquela mulher. Sinto muito decepcioná-lo.

Antes de sair da cozinha, Éron me lançou um olhar frio que me fez abaixar a cabeça. Virei para o meu pai e ele estava massageando as têmporas. A expressão dele era de completa insatisfação, definitivamente também não queria que Genevra viesse. Minha madrinha era, naquele momento, uma pessoa terrivelmente malquista na minha casa e eu me sentia culpada por gostar dela, as poucas lembranças que eu tinha eram agradáveis. Ela e minha mãe, poucas risadas, alguns brinquedos legais que ela me deu, alguns passeios que fizemos, nunca com Éron. Por que nunca com ele? Eu não conseguia entender.

— Lílian. — papai me chamou.

Eu me levantei da cadeira e o olhei.

— Quando sua madrinha chegar eu preciso que você seja muito educada com ela, e por favor, sem menções aos seus problemas com Philip. — ele disse. — Você pode fazer isso?

Assenti silenciosamente e comecei a limpar a mesa.

— Se Éron não quer vê-la por que apenas não pedimos pra ela não vir? Ela não é bem vinda nem pelo senhor, evidentemente. — sugeri enquanto começava a lavar a louça.

Papai riu.

— Eu queria que fosse simples assim, Lily. E talvez até seja. Mas o mundo de adultos não é assim, há situações que por mais que nós não toleremos por dentro, precisamos tolerar por fora. — papai era extremamente enigmático as vezes.

As Treze Rosas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora