capítulo 1

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Verônica Sandler
A noite caía. Já estava no meu horário. O local combinado era o hotel Hertman. O Bentley
parado na calçada indicava que era chegada a hora de partir. Eu detestava meu trabalho. Mas,
era a única forma que encontrei para ganhar muito dinheiro. Eu não podia me dar ao luxo de
recusar uma noite apenas, com um dos homens mais influentes do país. Charles era um homem
milionário. Dono de uma rede de hotelaria de luxo. E eu, uma simples acompanhante. Meu
trabalho era satisfazer os desejos dos homens que me contratavam. E isso, eu fazia muito bem.
Caminhei sensualmente até o carro. O motorista me cumprimentou e abriu a porta para que
entrasse. Sentei-me e levantei um pouco meu vestido preto extremamente colado. Peguei na
bolsa um pequeno espelho que sempre carregava comigo. Olhei meu reflexo no intuito de
reparar a maquiagem. Charles Heart era um homem exigente. Gostava de mulheres magras,
morenas e submissas a ele. Era o tipo de homem que não tinha restrição entre quatro paredes.
Ele é meu cliente número um. Fez questão que abrisse dois dias na semana em minha agenda,
para que o acompanhasse com exclusividade. Ele pagava bem, e era somente isso que me
interessava. Mesmo ele sendo um cara bonito e charmoso, não conseguia sentir prazer com ele.
Aliás, com nenhum cliente. Isso tornava o meu trabalho um pouco mais fácil. Pelo menos, eu
não correria o risco de me apaixonar por nenhum cliente e ficar em uma posição desconfortável.
Assim que chegamos ao destino, o motorista abriu a porta do carro, pegou gentilmente em
minha mão para me ajudar a descer. Olhou para mim e disse:
— Boa noite, Srta. Sandler.
Caminhei até o lobby do hotel e parei na recepção. Olhei para a recepcionista que estava
alheia conversando como se não tivesse nada para fazer.
— Boa noite. Quarto 311, por favor – disse sem paciência.
A recepcionista me olhou de cima a baixo e nesse momento me senti Julia Roberts, em uma
linda mulher. “Que ironia”.
Peguei a chave da suíte e caminhei até o elevador. Contei mentalmente até dez. Transar por
dinheiro sempre foi difícil para mim. Estou nessa vida há dois meses. Desde que minha mãe foi
internada numa clínica para tratamento de Alzheimer. O tratamento era caro. Caríssimo. Nós
não tínhamos dinheiro para um tratamento adequado. Eu trabalhava como secretária em uma
imobiliária e ganhava mil reais por mês. Mal dava para pagar as contas. Quem dera remédios e
tratamento. Minha sorte foi que conheci uma mulher que me ofereceu esse trabalho. Disse que
eu era uma mulher linda e deveria aproveitar minha beleza para ganhar dinheiro. O nome dela
era Sônia. Ela também era acompanhante de luxo. Mas, um pouco mais experiente que eu.
O elevador parou no terceiro andar. Assim que as portas se abriram, dei um longo suspiro e
caminhei até a suíte. Bati três vezes na porta e esperei. Eu tinha as chaves, mas Charles me
deixava assustada.
Depois de alguns segundos, Charles abriu a porta com um sorriso belo no rosto. Seus olhos cor
de âmbar eram intensos e expressivos. Um terno preto e alinhado que se encaixava
perfeitamente em seu corpo másculo. Charles era o sonho de qualquer mulher. Mas, ele tinha um
problema, gostava de infligir dor em suas parceiras. Na primeira vez em que me contratou,
fiquei tão assustada que achei que ele era um maníaco tarado. Chorei a noite inteira por ter sido
açoitada. Só por isso, ele me pagou o dobro do combinado. Então, achei que talvez eu pudesse
aguentar para ganhar um pouco mais desse otário.
— Verônica – ele sussurrou.
— Sr. Charles – cumprimentei passando por ele sem cerimônias. Ele veio até mim em passos
lentos e retirou meu casaco de pele e o depositou no suporte atrás da porta.
— Me acompanha num vinho? – ele sorriu maliciosamente.
— Claro – disse com simpatia. Eu só queria dar logo para esse infeliz, pegar minha grana e
sair o mais rápido que pudesse.
— Quero que passe essa noite comigo – disse colocando o vinho em minha taça com cuidado.
— Não estava no combinado – rosnei. Não queria envolvimentos com cliente.
— Pago o dobro – ele juntos as sobrancelhas.
— Não estava no combinado Sr. Charles. Tenho outro cliente pela manhã. Não posso ficar –
disse na maior mentira deslavada.
— Dez mil reais e você fica hoje e amanhã – ele rosnou.
— Não posso. Não por esse preço – sorri dando um gole no meu vinho seco. Se for para
negociar, que pelo menos eu saísse ganhando.
— Você é uma negociadora astuta – ele sorriu de volta.
– Vinte mil reais. E, um bônus se você corresponder às minhas expectativas – disse se
aproximando lentamente.
— Vinte e cinco mil – sorri.
— Vinte e cinco? Fechado. Por você, eu pagaria até mais– disse me puxando contra ele.
Levou suas mãos em minha bunda e apertou. Próximo ao meu ouvido sussurrou:
— Tenho um presente pra você. Está em cima da cama.
— O que é? – perguntei intrigada.
Ele acenou para que olhasse a caixa branca com fita vermelha em cima da cama.
Caminhei com curiosidade e me sentei ao lado da caixa. Peguei-a e coloquei em meu colo
devagar. Puxei o laço e abri. Na caixa continha um espartilho preto e vermelho, cinta liga, meias
e um par de algemas. Meu coração gelou. O que ele fará comigo dessa vez?
— Quero você nua. Agora – ele ordenou. Em seus olhos fervorosos, estava estampada toda
sua luxuria e prazer.
Comecei a tirar meus sapatos devagar. Após, o vestido e, só então abri o fecho do sutiã e
deslizei a fina calcinha de renda pelas pernas bem lentamente. Charles olhava meus movimentos
com curiosidade. Ele gostava desse jogo de sedução. Ele tirou o paletó e afrouxou a gravata.
Tirou sua calça e a jogou no chão. Assim que se livrou de sua camisa e gravata, veio em minha
direção apenas de boxer cinza. Ele tinha músculos definidos e um abdômen perfeito. Sua enorme ereção revelada através de sua cueca, dizia que era a hora.
Sem dizer nada, Charles começou a colocar o espartilho delicadamente em mim, depois, as
meias e a cinta liga. Não havia calcinha e eu já sabia o porquê.
— Está perfeita – ele suspirou.
Eu rezava para ele acabar logo com isso. Só queria ir para casa.
Charles pegou as algemas e avisou:
— Vou prendê-la. Quero te foder assim querida. De quatro para mim. Vou entrar em você
duro e forte. Quero ouvir você gritando – ele disse olhando em meus olhos. Virou-me de bruços e
prendeu meus pulsos juntando minhas mãos nas costas.
— Perfeita. Amo esse seu traseiro – disse ofegante. – Agora fique de quatro para mim. Vou
entrar no seu traseiro.
Charles tirou a cueca e colocou o preservativo. Enrolou meus cabelos em seu punho e me
puxou para ele violentamente. Eu sabia que iria doer. Mas estava aqui para isso. Não podia
reclamar.
Sem aviso, Charles me penetrou com tudo. Abafei um grito. Filho da puta. Minha vontade era
de gritar e sair correndo dali. Mas não podia. Ele começou um movimento de vai e vem me
penetrando com força. Seus gemidos estavam me irritando. Eu sempre me sentia um lixo
humano nessas horas. Uma lágrima isolada teimou em cair. Eu precisava ser forte. Eu precisava.
Era uma profissão como qualquer outra. Eu precisava me acostumar.
Quando Charles acabou com suas estocadas ritmadas, ele abriu as algemas e me virou de
frente para ele. Ele levantou, tirou o preservativo e jogou fora.
Ao meu lado na cama, começou a beijar meu pescoço e passar a língua por todo meu corpo.
Eu sentia um nojo de mim mesma por deixar ser usada dessa forma. Tentava afastar os
pensamentos e me concentrar no momento. Mas não conseguia.
Charles desceu até minha boceta passando a língua molhada e quente em minha abertura.
Com seu polegar, fazia movimentos em meu clitóris. Tive que fazer a minha melhor cara de
poker e fingir que estava tendo um dos melhores orgasmos da minha vida. Mas, na verdade, não
sentia porra nenhuma, a não ser repulsa daquele homem se esfregando em mim.
A noite toda foi assim. O cara era incansável. Quando fingi meu orgasmo, seguimos para a
banheira tomar um banho. Na volta para cama, ele pediu para que ficasse que quatro outra vez e
me deu uma surra de cinto. Era disso que gostava. Ver meu traseiro vermelho e eu implorando
para que parasse de me bater. Mas, por vinte e cinco mil reais? Eu cedi.
Nossos encontros não rolavam beijos. Aliás, com nenhum de meus clientes. Essa era a única
regra. Sem beijos. Beijos eram sinônimos de intimidade e relacionamento. E eu, não queria
nenhum dos dois. Usava os homens apenas para conseguir meu objetivo. Dinheiro. Era só isso
que me importava. Apenas isso.
No dia seguinte, Charles me surpreendeu. Ele apenas me pediu para que o acompanhasse
numa reunião de negócios. Nada de sexo. Nada de dominação. Eu fiquei agradecida por isso.
Ele me comprou um vestido muito bonito. Era azul e com decote reto. Seu comprimento ia até
os joelhos. Disse que precisava usar um vestido mais comportado, pois a reunião exigia um traje
mais formal.
A reunião durou pouco mais de duas horas. Executivos importantes e de alto padrão. Charles
me apresentou como uma amiga. Fiquei agradecida por ele não dizer: “Essa é a puta que estou pegando”. Eu sabia exatamente o que eu era. E eles, certamente também.
Após a reunião, Charles dispensou meus serviços. Fez um cheque no valor combinado e me
entregou dentro de um envelope branco.
— Você é a melhor Verônica. Estou ficando mal acostumado. Só estou querendo você – ele
sussurrou.
— Pois não fique. Tenho certeza que as outras também sabem te satisfazer.
— Não como você – ele disse tentando me beijar. Discretamente, virei meu rosto e sua boca
se chocou contra minha bochecha.
— Sem beijos Sr. Charles – sorri.
— Sem beijos.
O resto do dia fiquei na clínica com minha mãe. Assim que cheguei, as enfermeiras disseram
que estava tendo um pequeno progresso. Fiquei contente em saber que pelo menos estava sendo
bem tratada. Também, a mensalidade de sessenta mil reais, tinha que surtir efeito. Eu dava muito
para que ela fosse bem cuidada. Sem trocadilhos.
À noite voltei para casa. Morava sozinha, com meu melhor amigo Max. Um labrador muito
carinhoso. Estava cansada e precisando de um longo banho para tirar o cheiro daquele homem
que estava impregnado em minha pele.
Abri o chuveiro e comecei a me lavar. Por mais que eu me esfregasse, ainda me sentia suja
de alguma forma. Comecei a chorar. Lembrando como minha vida deu uma virada tão drástica.
Eu tenho apenas vinte anos. Um sonho de fazer minha faculdade e ser alguém na vida. Não que
não fosse, mas, queria ser respeitada. Eu me odiava e odiava meu trabalho. Odiava os homens
que me tratavam como objeto, odiava a vida que me empurrou para esse caminho. Mas, eu
amava minha mãe. E ela precisava de mim. Isso era o mínimo que eu poderia fazer por ela.
Cansada, deitei em minha cama e fechei os olhos. Queria acreditar que amanhã seria
diferente. Mas, não. Não iria ser. Seria como sempre todos os dias. Teria que acompanhar algum
velho babaca ou riquinho mimado. Um maluco qualquer ou simplesmente jogar conversa fora
com um marido traído. Transar. Transar e transar. E tudo isso, com um sorriso no rosto.
Expelindo felicidade que eu sabia que não havia. Mas por hora, eu só queria dormir e sonhar que
um dia essa fase passaria. Um dia.
Acordei com meu celular tocado insistentemente. Olhei no relógio: sete da manhã. Puta que
pariu. Cliente a essas horas? Tenha dó. Não dei audiência. Coloquei o travesseiro na cara e virei
para o outro lado. E o telefone, ainda tocando com insistência. Droga. Era melhor atender.
Estiquei-me toda até o criado mudo e o peguei.
— Alô – disse sem paciência.
— Verônica Sandler?
— Quem mais poderia ser? – perguntei com ironia.
— Aqui é Adrian Miller. Podemos conversar?
— Já estamos conversando – disse bocejando.
— Liguei em um horário impróprio? – a voz rouca do homem sou irritada.
— Já que perguntou, sim. Acabei de acordar. Com o seu telefonema, claro.
— Me desculpe. Preciso de seus serviços. Onde podemos nos encontrar?
— Daqui uma hora. Tudo bem para você? Só me diga o lugar e estarei lá.
— Perfeito. Daqui à uma hora. Meu motorista irá pegá-la em casa – disse naturalmente.
— Como sabe onde moro? – perguntei assustada.
— Charles me passou seu contato.
— Ele não sabe onde moro – menti intrigada.
— Ele me passou seu contato. Eu tenho meios de obter esse tipo de informação – ele disse
certamente sorrindo.
— Tudo bem. Estarei a sua espera.
Levantei, tomei um banho e escovei os dentes. Fiquei pronta em meia hora. Coloquei um
vestido verde um pouco acima do joelho e salto preto. Meus cabelos pretos estavam soltos e
devidamente alinhado. Optei por uma maquiagem leve. Afinal, ainda não passavam das oito.
Quando o interfone tocou, eu sabia que o homem havia chegado. Não perdi meu tempo
atendendo. Saí correndo e entrei no elevador.
Quando cheguei a calçada, um Porche Carrera preto estava parado e um homem alto de
cabelos castanhos estava de costas para mim apoiado no carro, pensativo. Tive um vislumbre de
seu corpo magnífico. Pigarreei e então, o homem se virou me fazendo congelar em meu lugar.
— Srta. Sandler – ele cumprimentou com um sorriso radiante.
Lindo. Alto. Forte e magnífico. Um olhar penetrante através daqueles olhos castanhos. Cabelo
desalinhado e uma pequena barba por fazer. Trajava jeans, camisa branca e blazer preto.
Certamente estava parecendo uma adolescente olhando para ele de queixo caído. Sério? De onde
tiraram esse cara?
— Sim. Sr. Adrian Miller – cumprimentei-o com a mão.
— Entre – disse com a voz rouca abrindo a porta do carona para mim.
Entrei ainda com meus pensamentos embaralhados. Mas que merda de reação é essa a
minha? Nenhum cliente jamais me despertou tamanha curiosidade. Sensação. Ou sei lá o que
estava sentindo.
Assim que ele entrou no carro, eu perguntei:
— Aonde vamos?
— Para Nova Iorque – ele disse tranquilamente.
— O quê? – eu ouvi bem ou esse cara estava maluco? NY? Ah mas não mesmo.
— Tenho uma reunião amanhã. Então, estamos partindo daqui duas horas.
— Está louco? Pare o carro agora! – ordenei.
— Você será paga para isso – ele disse com arrogância.
— Não vou a NY com você – resmunguei.
— NY? – ele soou confuso.
— É... Nova Iorque – revirei os olhos.
— Vai e está decidido.
— Mas que absurdo – disse incrédula. – Não posso viajar daqui duas horas para NY. Tenho
um trabalho e uma família para cuidar.
— Seu passaporte já está pronto e já cuidei de tudo.
— De tudo o quê? – perguntei assustada. Esse cara é louco?
— Já enviei alguém na clínica onde sua mãe está. Ficaremos a par de tudo.
— Andou me vigiando? Como conseguiu essas informações?
— Eu costumo investigar a vida das pessoas com quem trabalho – ele disse irritado.
— Eu não trabalho para você – gritei. – Não ache que só por que é um riquinho mimado, pode
sair se infiltrando na vida das pessoas. Pare o carro! – gritei.
— Não. Você vai comigo – ele disse firmemente.
— Pare a merda do carro! – gritei mais alto.
— Cem mil reais – ele balbuciou.
— O quê? – gelei.
— Estou disposto a lhe oferecer cem mil reais, para me acompanhar nessa viagem. Por
apenas três dias – disse sorrindo.
Eu podia sentir o sangue do meu rosto se esvaindo. Abri a boca para argumentar, mas, não
consegui dizer uma só palavra. Tá, cem mil reais por três dias, e, algumas fodas, dá para
encarar.
— Fechado – disse ainda surpresa.
Ele me olhou e apenas assentiu. Seu sorriso triunfante na cara revelou o quão satisfeito ficara.
— Eu não tenho roupas. Pegou-me desprevenida.
— Não irá precisar. Compraremos tudo que for preciso.
Dito isso, rezei para que não estivesse cometendo um erro e ter caído nas mãos de um
psicopata qualquer.
Adrian me levou direto ao aeroporto. Incrivelmente, meus documentos e passaporte já
estavam todos em sua posse. Embarcamos rumo à Nova Iorque e eu, sem saber qual seria meu
papel em tudo isso. Para que levar uma acompanhante se poderia conseguir fácil por lá? Pelo
menos, não passaria vergonha, já que sou fluente em inglês. Confesso que fiquei intrigada. Mas a
quantia era enorme e não iria reclamar de nada. Ah, não mesmo.
Adormeci em meu assento. Não percebi o avião pousando. Já estávamos em Nova Iorque. Oh
Meu Deus!
Adrian e eu saímos do aeroporto e logo em frente havia uma limusine estacionada a nossa
espera. Entramos e Adrian deu instruções ao motorista. Eu ainda estava atônita. Tentava digerir
tudo aquilo.
Chegamos ao hotel e Adrian estava um pouco furioso conversando com a recepcionista. Ao
que me parece, houve algum engano na hora das reservas.
Seguimos para suíte. Assim que entramos, Adrian tirou seu blazer e sua camisa depositando
com cuidado em cima da cama. Ondas de prazer fizeram meu corpo estremecer ao ver seu
corpo magnifico. Merda. Meu corpo estava me traindo? Era a primeira vez que sentia vontade de
tocar um cliente.
Eu apenas assistia a tudo com curiosidade. Não sabia ainda qual era meu papel nesse cenário.
— Se quiser, pode descansar. Daqui a pouco Anabeth chegará para tirar suas medidas.
Precisamos comprar roupas para você.
— Eu estou bem. Apenas preciso de um banho – sorri.
— Ótimo. Estarei na sala te esperando – disse se aproximando e tocou meu rosto com as mãos.
Meu Deus! O que foi aquilo? Segui para o banheiro luxuoso e tomei um banho de banheira.
Cem mil reais? Sério? Oh meu pai. Era muito dinheiro.
Assim que saí do banho, me enrolei na toalha. Adrian estava deitado na cama com seu tablet
no colo. Estava alheio a minha presença. Assim que me viu, colocou o tablet sobre a cama e
suspirou. Uma expressão tensa e triste. Aproximei-me dele e quando estava bem próxima, deixei
a toalha cair. Ele olhou em choque e rapidamente me cobriu. O que ele pretendia?
— Srta. Sandler... Não quero que pense que a trouxe aqui por motivos... Vamos dizer que... –
ele ficou tenso.
— Está tudo bem? É para isso que está me pagando, não é? – perguntei confusa.
— Eu não pago mulheres para transar Srta. Sandler. Geralmente, eu as tenho de graça – ele
disse. – Não transo com...– sua frase ficou incompleta. Aquilo me atingiu em cheio. Ele estava
me chamando de prostituta? Era isso?
— Prostitutas – completei. – Por que me contratou então?
— Apenas para me fazer companhia. Mais nada. Não espere outra coisa de mim – ele disse e
saiu em disparada para o outro cômodo.
Fiquei ali, imóvel e rejeitada. Nunca havia acontecido isso antes. O que deu nele? É louco?
Humilhar-me assim desse jeito? Ah mais isso não vai ficar assim. Não mesmo. Vou dar o troco
nesse riquinho metido a besta.

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