capítulo 28

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Adrian Miller
O resto do dia não foi como o esperado. Verônica ficou com a cara fechada e só falava o
essencial. Estava monossílaba. Eu deveria saber que isso não daria certo. Por que Alana tinha que
aparecer em minha casa?
Se eu ficasse alimentando as desconfianças de Verônica, minha vida iria virar um inferno.
Passei muito tempo do meu relacionamento com Sara, brigando por causa da Alana. Não queria
que a história se repetisse. Preferi dizer que Alana não me queria do que confirmar a ela que
sempre teve vontade de se enfiar em minha cama. Eu só preciso mantê-la afastada. Só isso.
Quando chegamos ao aeroporto, minha mãe quase enfartou olhando para ela. Verônica
pareceu não se abalar. Pelo menos, não mostrou reação nenhuma. Foi indiferente. Meu pai como
sempre, galanteador. Gostou dela logo de cara.
Conversamos sobre a palestra na quarta e os levei para casa. Em nenhum momento, eles
tocaram no nome da Terry . Dá até para entender o porquê da garota ser como é.
Dirigindo agora para a agência, Verônica me olha e diz:
— Podemos antes passar na clínica? Hoje é dia de visita e quero tanto ver minha mãe.
— Claro, meu amor – digo ao vê-la amuada.
Com tantos acontecimentos, até me esqueci de falar com os médicos sobre a possibilidade de
retirá-la de lá para ser tratada em casa. Claro que não seria algo para se fazer assim, as pressas.
O caso dela era complicado e não queria prejudicar sua saúde em nada.
Assim que chegamos à clínica, Verônica se dirige ao quarto em que ela está e sigo a procura
da direção do lugar. Fico longos minutos conversando com o neurologista e descubro que o
quadro dela se agravou devido a uma forte pneumonia.
— Como deixaram isso acontecer? – pergunto furioso. — O tratamento dessa clínica é um dos
mais caros do país. Chego aqui e vocês me dizem que uma paciente está entubada por causa de
uma pneumonia? – pergunto indignado com o descaso.
Nesse instante, Verônica aparece com os olhos vermelhos. Odeio vê-la chorar. Ela me abraça
e os soluços dela aumentam.
— Shhhhh! Não chore, por favor – digo dando um beijo em sua cabeça.
Olho para o médico e disparo com minha voz autoritária:
— Quero que me mantenha informado sobre o quadro clínico da Sra. Sandler. Se ela espirrar,
quero ser informado.
— Estamos fazendo o possível pela recuperação dela – ele diz fracamente.
— Ótimo. Agora se vira e faça o impossível também – digo deixando meu cartão em sua
mesa e saio levando Verônica comigo.
— Vamos para casa – digo já sentado no banco do carro.
— Eu estou bem – ela diz secando as lágrimas. — Você precisa trabalhar, amanhã é a feira e
não quero te atrapalhar.
Olho para ela e me dói o coração de vê-la nesse estado.
— Querida, nada é mais importante pra mim, do que ficar ao seu lado – digo sincero e
arranco um sorriso tímido dela. — Posso trabalhar de casa. Você descansa e eu fico lá com você.
— Não precisa. Eu estou bem para ir para a agência também.
— Negativo. Vamos almoçar e por hoje ficamos assim. Sua mãe ficará boa logo. Eu prometo
que irei cuidar para que ela tenha o tratamento necessário – digo dando um beijo em sua boca.
— Obrigada – ela sussurra.
Já em casa, Maria nos serve o almoço. Já se passavam das três da tarde. Almoçamos e para
minha surpresa, Maria me revela que Terry saiu com Jonas. Espero que ele coloque um pouco
de juízo na cabeça daquela desmiolada.
Quando terminamos, subimos para o quarto. Peguei meu notebook e fui para a varanda
enquanto Verônica tomava um banho.
Tirei a gravata e o paletó depositando com cuidado no encosto da cadeira. Li alguns e-mails e
vi alguns contratos que havia pedido para o Tony digitalizar. Estava tudo certo para a exposição
de amanhã.
Verônica sai do banheiro enrolada na toalha ainda com o corpo molhado. Vejo-a deitar sobre
a cama totalmente nua e se cobrir com um lençol. A imagem dela sem roupa deixa meu pau
duro. Preciso me concentrar para não largar tudo aqui e ir até lá fodê-la se sentido. Meu Deus!
Quanto me tornei um animal insaciável?
Depois de algumas horas, termino meu trabalho. Saio da varanda e entro no quarto guardando
meu notebook. Tiro minhas roupas e vou para o banho. Quando termino, deito ao lado dela
encaixando nossos corpos delicadamente e cochilo.
***
— Bom dia, Maria – digo passando por ela na cozinha.
— Bom dia. Acordou cedo! – ela diz surpresa.
— Sim, a feira de publicidade é hoje. Preciso passar no escritório primeiro, pegar alguns
documentos e fazer uma reunião com a diretoria – digo colocando meu café no copo.
— E Verônica?
— Ela está se arrumando. Sabe como são as mulheres – falo rindo. — E a Terry? Não vi a
hora em que voltou para casa ontem.
Maria dá um sorriso sem graça e diz:
— Não voltou. Ela dormiu na casa do Jonas. Como assim? Dormiu na casa do Jonas? - digo. —
O que está acontecendo que eu não estou sabendo? – pergunto com uma carranca.
— Não sei de nada. Espere ela voltar e então vocês conversam – ela retruca.
— Bom dia! – Verônica entra e se senta ao meu lado. Está linda vestida de branco e salto
vermelho. Apesar do vestido ser um pouco curto, está espetacular.
— Bom dia, amor. Tome seu café que estamos atrasados. A reunião começará daqui a meia
hora.
— Sim, senhor – ela diz batendo continência e eu não me aguento de rir.
Ela abre um sorriso lindo e me desmancho todo.
Quando terminamos, saímos apressados.
Ao chegar na agência, Verônica para na sala para conversar com Tony.
— Querida. Me espere aqui. A reunião não irá demorar – digo me afastando e ela assente.
Sigo para minha sala, pego os contratos, minha agenda e caminho até a sala de reuniões. Peço
para minha secretária me acompanhar e seguimos juntos.
Conduzo a reunião com rapidez e seriedade. Estamos tentando fechar uma conta com uma
empresa internacional e seria uma ótima expor algumas ideias para os publicitários e diretores.
Depois de uns dez minutos, Alana entra na sala fazendo sua aparição magnífica. Não vou negar.
Ela é uma mulher muito bonita e atraente.
— Desculpe o atraso – ela sorri e se senta a minha direita na imensa mesa de reunião. Com
tantos lugares, ela cisma de se sentar bem ao meu lado. Isso vai ser difícil.
Continuo a reunião e após um tempo, encerramos. Cumprimento os diretores e funcionários e
digo para nos encontrarmos na feira publicitária em duas horas.
Todos saem e Alana permanece.
— Que bom que já está recuperada. Achei que uma cirurgia como a sua, inspirava mais
cuidados – digo juntando a papelada.
— Foi uma retirada de apêndice, Adrian. Não uma ponte safena – ela ri. — E já estou em
casa faz um bom tempo. Já estava com saudades do trabalho – ela diz me olhando de um jeito
malicioso se aproximando. Passou sua mão lentamente em meu peito fingindo alinhar minha
camisa.
Talvez essa seja a deixa para colocar os pingos nos is.
Peguei em seu punho e a adverti:
— Alana, já disse a você centenas de vezes, isso não vai acontecer. Você sabe, você e eu –
digo olhando-a fixamente ainda tão próxima.
— E por que não? Por causa daquela...
— Não. Não é por causa dela. Ou melhor, não só por causa dela. O que aconteceu conosco foi
há muitos anos atrás. Ficou no passado. Espero que compreenda.
— Mas Adrian eu...
— Passado, Alana. Eu amo a Verônica. Se não puder conviver com isso, e começar uma
briga como fazia com a Sara, terei que dispensá-la. E isso, seria lamentável porque sei como é
competente. Uma excelente profissional. Mas antes de tudo, sempre escolherei ela – digo para
que fique bem claro.
Para o meu azar, Verônica entra na sala acompanhada de Tony e nos pega daquele jeito.
Rapidamente eu solto seu punho mas o estrago já estava feito.
— Me desculpem. Achei que a reunião tivesse acabado – ela diz e sai da sala. Empurro Alana
que está me bloqueando e vou atrás dela.
A vejo no corredor apertando o botão do elevador. Aonde ela vai?
— Verônica! – chamo-a pelo corredor.
Ela me olha com indiferença.
— Olha não é nada disso que você está pensando, nós só estávamos...
— Eu não estava pensando nada, meu amor. Disse que haveria uma reunião. Só achei que
estivesse terminado – ela diz com tom frio.
— Droga, Verônica. Não aconteceu nada – digo.
Ela se aproxima e me dá um beijo.
— Eu sei que não. Confio em você – ela diz me deixando aliviado.
— Venha, vamos até a minha sala?
— Claro – ela sorri dando-me a sua mão.
Nos viramos assim que o elevador apita.
— Verônica?
Ouço uma voz masculina atrás de nós.
Me viro no mesmo instante que ela.
Filho da puta! Como ele ousa?
— Não imaginei encontrá-la aqui – ele diz com um sorriso torto e tenho vontade que quebrar a
cara dele.
— Jason? É um prazer em vê-lo – ela diz me deixando puto.
— Linda, como sempre.
Esse mané vai ficar babando nela na minha frente?
— Adrian Miller, não é? – ele diz com sua arrogância. — Prazer, Jason Maxwell – ele estende
a mão mas a deixo no ar. Petulante.
— Em carne e osso – dou uma olhada mortal. — O que faz aqui? O comercial não seria
rodado na sexta-feira?
— Ah, sim. Mas gosto de conhecer as pessoas no qual trabalho, antes de tudo. Você sabe, para
criar aquela química – ele sorri. Mané.
— Estávamos de saída. Temos um evento e infelizmente, não terei como lhe dar atenção –
digo para ver se ele se manca e cai fora. Seus olhos estão vidrados nela e tenho vontade de partir
para o ataque.
— Adrian... – Alana aparece do nada como uma assombração. — O senhor Rômulo está
subindo. Quer falar com você. Disse que é importante.
— Tudo bem. Vou esperá-lo aqui.
Alana sai nos deixando sozinhos.
— Como eu disse Sr. Maxwell, estou ocupadíssimo.
— Oh, claro. Não quero causar transtornos.
— Filho! – meu pai grita saindo do elevador. Ele me cumprimenta com um abraço e dá um
beijo em Verônica. — Olha se não é o grande Jason Maxwell! – ele exclama.
— Rômulo! Quanto tempo – o filho da puta sorri. Desde quando eles se conhecem?
— Peço desculpas pela pressa. Temos uma palestra na feira de publicidade e preciso dar uma
palavrinha com você antes – meu pai diz se desculpando.
— Eu estarei na feira também. Tenho uma coletiva por causa da propaganda da montadora de
carros – Jason diz se enfiando no meio da conversa.
Ah é seu mané? Quem te perguntou?
— Claro – digo já sem paciência.
— Verônica, você não se importa se roubá-lo de você por alguns instantes, não é?
— Ela vem conosco – digo entre dentes. Nem morto deixaria ela perto desse idiota.
— Mas é claro que não – ela sorri. — Aliás, fiquem a vontade. Ficarei aqui com Jason.
— Vocês se conhecem? – meu pai pergunta e já estou farto desse mi-mi-mi.
— Sim. Eu tive o prazer de conhecê-la quando esteve em Nova Iorque – o palhaço sorriu.
— Ah, estamos todos entre amigos então. Jason é um ótimo rapaz. Por que não vão na frente?
A feira é a poucas quadras daqui. Assim não precisam nos esperar. Nos encontraremos lá – ele
diz me fazendo ter vontade me matá-lo.
— Verônica, você fica. Iremos juntos – rosno puto de ódio.
— Querido, seu pai tem razão. Fiquem a vontade para conversar. Eu e Jason vamos para a
feira e nos encontraremos lá – ela diz. Olho para ela e sei o que está tentando fazer.
— Para mim, parece ótimo – Jason sorri. Será que esse cara não cansa de mostrar os dentes?
Pedi licença para Verônica e meu pai chamando Jason de canto. Ele caminhou até minha
direção com aquele ar de riquinho superior em seu terno escuro caro.
Olhei bem para ele e falei num tom ameaçador:
— Se eu ver suas mãos em cima dela, eu quebro sua cara e não vou nem me importar em
aparecer nas páginas policiais.
Ele apenas sorri com ironia deixando-me ainda mais puto.
— Vamos pai – disse passando sem olhar na cara dela.
Ela me paga por isso.

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