capítulo 11

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Adrian Miller
Desde que Verônica me deixou, não tenho dormido direito. Só consigo pensar como sou um
idiota completo. Eu deveria ter explicado as coisas para ela de forma que ela não se sentisse
usada por mim durante o tempo que havíamos passado juntos. Mas, mais uma vez, eu fui burro e
terminei de afastá-la de mim.
Sua ausência, só confirmou o que eu já sabia desde que coloquei meus olhos nela. Eu estava
completamente apaixonado. Eu pensei que poderia fazê-la mudar de ideia. Me perdoar. Mas ela
era durona. Eu teria que trabalhar muito o psicológico dela para que ela entendesse que eu não a
via como minha falecida esposa. A semelhança entre as duas me intrigava. Não vou mentir. Mas
a personalidade delas, eram totalmente diferente.
Sara era totalmente dependente de mim. Eu a controlava e ela gostava do meu jeito protetor.
Já Verônica, totalmente independente e detestava meu jeito possessivo e controlador. Sara era
médica pediatra e quando Verônica me disse que estava fazendo medicina e manifestou
interesse pela mesma especialidade, me peguei pensando como a vida é um mistério. Duas
pessoas com personalidades diferentes, mas unidas por algumas semelhanças. E uma delas, era
totalmente visível – apesar de que se Sara fosse viva, ela teria oito anos a mais do que Verônica.
Isso afastou qualquer possibilidade de que elas fossem irmãs gêmeas – é, eu imaginei isso quando
a vi pela primeira vez. Foi até um pouco ridículo.
Verônica me evitou durante esses quatro dias. Eu sabia que hoje era aniversário de sua mãe e
então, pedi para minha secretária comprar flores e entregar no endereço que havia deixado na
mesa dela.
Fiquei tão puto de ela ter rasgado o cheque, que fui pessoalmente à clínica onde a mãe dela
estava internada e paguei por três meses de tratamento. Nem mesmo um sinal de
agradecimento, eu recebi dela.
O pior está sendo manter meu controle. Só de saber que ela provavelmente está na cama com
outro homem, me faz querer sair socando tudo que se move na minha frente.
Não consegui trabalhar durante esses dias. Adiei compromissos, reuniões... Eu já não me
reconhecia. Eu precisava dela. Precisava saber que ela era somente minha. Toda vez que
fechava os olhos, ela vinha em minha mente. Linda, nua e fazendo todos aqueles sons enquanto
gozava para mim. Eu não queria que nenhum outro homem a tocasse. Eu era um babaca, mas
ela não deixava se permitir. Se ao menos tivesse me dado uma chance de mostrar que
poderíamos dar certo, eu faria de tudo por ela. Tudo.
Meu telefone toca enquanto estou tentando maquinar uma forma de trazê-la de volta aos meus
braços. Atendo irritado:
— Miller.
— Adrian – uma voz alegre do outro lado. Era Parker.
— Parker? Como vai? – disse me ajustando em minha cadeira.
— Estou bem. Seu advogado esteve aqui para conseguir um habeas corpus para Terry Lissie.
O que ela aprontou dessa vez?
— Drogas – bufei. Minha irmã adotiva tinha apenas 23 anos. Envolveu-se com um filho da
puta de um bandidinho pé de chinelo e vivia fodida.
— Cara. Seu pai deve estar uma fera com ela. Conhecendo o velho como conheço – ele riu.
— Da última vez Marcus disse que seu pai deu uma surra nela.
— Ela dá trabalho viu. A garota tem o dom de me irritar.
— Então, como não estava no fórum, o Marcus deixou lá e eu acabei de assinar. Vou estar no
Hertman daqui algumas horas com uns amigos. Se quiser, podemos nos encontrar lá e assim
você poderá pegá-lo comigo.
— Às dez, está bom para você? – perguntei. Conhecia Parker apenas seis meses por
intermédio do Marcus – um dos meus advogados. Parker me salvou algumas vezes com a minha
querida irmã problemática. Mas não era o tipo de sujeito que estava em minha carteira de
amigos. Ele era um pervertido que gostava de sexo bizarro e voy eurismo. Nunca entendi qual é a
desses caras que não conseguem ter um relacionamento comum e monogâmico.
— Ótimo – Parker sorriu. — Te espero lá.
Após algumas horas, saí de meu escritório. Fui até em casa, tomei um banho e me arrumei
para ir de encontro ao Parker. Como o Hertman era longe, decidi levar a chave da minha suíte
para passar a noite lá. Por questões de trabalho, eu mantinha três suítes alugadas no Hertman
para hospedar executivos ou simplesmente para reuniões.
Quando cheguei ao hotel, desci do meu porche jogando a chave para o manobrista.
Passei pelo lobby e fui direto para o restaurante.
De longe pude ver Parker e seus amigos pervertidos. A ruiva magricela me dava medo.
Quando estava no meio do caminho, notei que Parker estava com as mãos enfiadas por debaixo
da saia de uma bela mulher de cabelos longos e castanhos. Ela estava de costas, então, não pude
ver seu rosto. A vagabunda era tão descarada que nem se importava de ser fodida ali com as
pernas arreganhadas e todos ao redor observando. Parker era um filho da puta. Como pode um
Juiz ser tão safado desse jeito?
Diminui os passos por que eu já estava ficando tão constrangido de ver aquilo que estava
rezando para que a vaca gozasse logo e o porco maldito tirasse aquela mão dali. Credo. Nem
fodendo eu apertaria a mão desse cara agora. Sorri de imaginar a situação.
Quando a mulher vira seu rosto de lado e olha envergonhada para ele, eu quase tive um troço.
Era ela. Verônica. Filha da puta, safada.
O ódio tomou conta de mim e tentei contar até dez mentalmente. Não funcionou. Virei as
costas para correr dali antes que pudesse pegar uma faca da mesa ao lado e enfincar no crânio
daquele maldito. Sério. Fiquei puro instinto assassino. Isso seria péssimo. Matar um Juiz? Estaria
fodido. Mas de qualquer jeito eu já estava fodido mesmo. Fodido de raiva.
Ver outro homem tocando o que era meu era demais para minha cabeça. Demais. Uma coisa
é você saber, outra era ver. E ver aquilo me deixou totalmente cego e desesperado.
Decidi então confrontar.
Em passos largos eu fui. Quando dei por mim, já estava rosnando como um cachorro louco
para ele.
— Alan Parker – suspirei tentando baixar o nível de adrenalina. — Quanto tempo – conclui.
A vaca percebeu. Ela ouviu minha voz e imediatamente, fechou a maldita das pernas. Eu
estava enrubescido, meu sangue fervia. O maldito porém, pareceu gostar da diversão. Continuou
com a maldita mão no meio das pernas dela.
“Deus me ajude a manter a calma e não fritar o cérebro desse desgraçado”.
Verônica fechou os olhos, incrivelmente envergonhada. Eu poderia apostar que a boceta dela
estava jorrando e ela estava se contorcendo para ele. Traíra maldita.
— Adrian – Parker sorriu olhando para trás alcançando meus olhos. Sua expressão ficou
confusa por um tempo ao me olhar. Acho que ele devia ter lido na minha testa: “Eu vou te matar
seu desgraçado” e minha boca salivando como um lobo que acabara de ver sua presa.
Eu não perdi tempo e fui logo falando:
— Está com a papelada? – rosnei.
— Sim está aq... – antes que pudesse continuar, eu o cortei antes que desse um murro na cara
daquele doente e quebrasse todos os ossos de sua face.
— Peça para me entregar em minha suíte – rosnei. — E você – disse puxando Verônica pelos
braços. — Vem comigo agora – grunhi.
Ela pareceu absorta. Parker ficou paralisado em seu lugar com uma cara de: “que porra é
essa?” olhando para ela e após para mim. E eu não estava nem fodendo para ele. Estava cagando
e andando. Só queria a MINHA mulher longe das presas daquele doente.
Saí arrastando-a até o elevador. Quando a joguei lá dentro e as portas se fecharam eu fiz a
pior merda da minha vida.
— Sua puta – gritei e desferi um tapa em seu rosto.
Eu não estava raciocinado direito e meu peito ainda doía. Minha respiração acelerada media o
nível de nervoso em que me encontrava.
Verônica me olhou completamente assustada massageando sua bochecha que agora estava
marcada com os cinco dedos de minha mão pesada.
Eu nunca havia batido em uma mulher antes. Amaldiçoei-me por ter feito isso.
Principalmente com ela.
Arrependime de imediato mas a merda já havia sido feita. Tentei aproximar-me, mas ela
colou no espelho do elevador como se quisesse transpassá-lo e sair correndo dali.
Quando as portas se abriram no sétimo andar, ela correu e eu fui atrás dela.
Consegui alcançá-la depois de alguns passos. Meu coração se quebrou quando olhei em seus
olhos e a vi chorando. Mas o que me chocou, foi o fato daqueles mesmos olhos se sentirem
culpados por algo que eu fiz.
Coloquei as mãos em seu rosto puxando-a para mim e a beijei. Eu estava louco. Em meu
modo possessivo.
Afastei-me e abri a porta da suíte puxando-a para dentro. Ela protestou com o olhar e eu me
perdi.
— Por favor, não me machuque – ela ainda chorava e aquilo doeu ainda mais. Eu jamais a
machucaria. Mas eu perdi o controle. E já estava me sentindo um merda por ter batido nela.
Abracei-a com tanta força que ela gemeu de dor.
Suavizei o aperto e disse olhando nos olhos dela:
— Eu amo você! Eu queria matar aquele homem por ele estar com as mãos em você – rosnei.
— Eu não sou sua, Adrian – ela sussurrou entre lágrimas.
— Eu quero que seja – disse com toda sinceridade.
Ela me olhou com seus olhos castanhos marejados e a única coisa que pensei em fazer foi
beijá-la. Toquei em seus lábios e eles estavam molhados. Pedi passagem com minha língua em
sua boca e ela não protestou. Ela me beijava com a mesma intensidade. Ela me queria. Eu sei
que queria.
Peguei-a no colo e a levei para o quarto. Tirei os sapatos dela e quando subi minhas mãos
lentamente por suas pernas, ela tentou me bloquear.
— Eu quero você meu amor. Tanto que até dói – supliquei. Ela relaxou e eu subi mais ainda
minhas mãos até atingirem sua abertura.
Quando percebi o horror em seus olhos, me dei conta do porque ela parecia apavorada. Ela
estava sem calcinha? Aquele filho da puta fez com que ela tirasse a calcinha na frente de todos?
Eu fechei os olhos, suspirei lentamente e a cena me voltou à cabeça. Eu simplesmente não
consegui prosseguir. Era como seu eu tivesse brochado. Ela estava sendo usada e eu odiava isso.
Ela pareceu perceber e então ficou ainda mais triste.
— Eu preciso esfriar a cabeça – disse saindo de cima dela.
— Minha vontade é de voltar lá e matar aquele filho da puta – elevei meu tom de voz e ela se
aninhou aos travesseiros. — Você já transou com aquele cara? – perguntei, mas por incrível que
pareça, acenei para que ela não me desse à resposta. Se ela dissesse que sim, seria meu fim e
hoje mesmo, estaria atrás das grades.
Eu amava aquela mulher peguei me questionando se ela sentia o mesmo por mim. Foi então
que decidi, se ela disser que me ama, eu a pegaria a força e levaria para minha casa sem chance
de protestos.
Mas eu não estava preparado para ouvir um não.
Contanto, mesmo assim, eu arrisquei a perguntar olhando em seus olhos:
— Você me ama?
Ela fechou os olhos e os apertou numa linha fina. Parecia que sentia dor. Quando abriu a boca
sem emitir nenhum som, parecia mais assustada e confusa do que eu. Mas, quando ela abriu os
olhos, eles pareciam feitos de pedra. Sem brilho, inexpressivos. E com um meio sorriso, ela disse:
— Não.
E aquilo me deixou à beira do precipício.

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