Verônica Sandler
No momento em que saí do quarto do hotel deixando Adrian para trás, eu me arrependi. Mas
já era tarde e não iria mais voltar atrás.
Passei pelo lobby chorando e acabei esbarrando em Daniel.
— Verônica? – ele me olhou atordoado com aqueles olhos azuis.
— Sr. Ross – olhei para ele tentando secar minhas lágrimas.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não. Nada – dei um sorriso falso.
— Posso ajudá-la em alguma coisa? Está acompanhada?
– perguntou colocando as mãos em meu rosto. Eu estava morrendo de medo de que Adrian
aparecesse. Se ele resolvesse vir atrás de mim e me pegasse aqui com esse homem?
— Estou indo para casa – sussurrei.
— Não. Não posso deixá-la ir nesse estado. Vamos, você vai comigo – ele respondeu, me
puxando para fora do hotel.
Daniel era um dos meus clientes. Apesar de ter estado com ele apenas duas vezes, ele foi de
longe, o melhor. Sempre atencioso e amoroso. Um solteirão de 34 anos, milionário, e deixava as
mulheres alucinadas com seu jeito sexy, gentil e misterioso. Eu ainda não conseguia entender o
porquê ele precisava de nossa companhia. Geralmente, ele fica mais com a Sônia.
Quando chegamos em sua casa, Daniel desceu do carro e fez sinal para que esperasse. Deu a
volta e abriu a porta do seu conversível para mim.
— Obrigada – sussurrei.
Daniel colocou sua mão espalmada em minhas costas me guiando pelo imenso caminho até a
porta de entrada de sua mansão.
Abriu a porta e me guiou para dentro.
— Fique à vontade – ele sorriu caminhando até o barzinho, se servindo de uma bebida. — Me
acompanha? – ele me olhou divertido erguendo a garrafa de Uísque.
— Claro – devolvi o sorriso. Acho que seria bom encher a cara para afastar a visão de Adrian
na minha mente.
Daniel veio em minha direção carregando meu copo e me estendeu a bebida.
— Vai me contar agora o que aconteceu? Por que estava tão triste? – ele se aproximou de
mim e tocou meus cabelos.
— Apenas uma noite ruim, só isso – disse dando um gole em minha bebida.
— Quero que fique hoje comigo – ele estudou a minha reação. — Amanhã eu a levarei para
casa.
— Tudo bem – disse tentando não soar indiferente. Por mais que estivesse ali, meu pensamento estava em outro lugar.
— Vamos para o meu quarto, vou fazer você esquecer seus problemas – ele sorri e me puxa
contra ele. Afasta meu cabelo do meu pescoço e me beija.
Subimos até seu quarto e Daniel me deixa sozinha dizendo que iria tomar um banho. Mas
antes, ligou o som e a música Try – Pink, começou a tocar.
Sentei em sua cama e fiquei me amaldiçoando baixinho.
...Você já se perguntou o que ele está fazendo?
Como tudo virou mentiras?
Às vezes acho que é melhor
Nunca perguntar por quê
Onde há desejo, haverá uma chama
Onde há uma chama alguém está sujeito a se queimar
Mas só porque queima não significa que você vai morrer
Você tem que se levantar e tentar, e tentar, e tentar...
“O que estou fazendo aqui?” Será que vale a pena tentar?
Enquanto a música rolava, as lágrimas apontavam em meu rosto. Eu fechava os olhos e só via
Adrian em meus pensamentos. Seu sorriso, seu rosto, até a voz dele, eu ouvia pulsando em meu
cérebro.
Quando a porta se abriu e Daniel saiu enrolado na toalha, virei o rosto e tentei disfarçar as
lágrimas.
Ele veio em minha direção tirando a toalha que prendia envolta dos quadris e me puxou para
ele. Ele estava magnífico apenas com sua boxer preta.
— Você é tão linda – ele sussurrou enquanto tirava o meu vestido.
Eu fiquei imóvel com uma sensação estranha. Daniel era lindo e muito atraente. Mas não era
a pessoa que queria que me notasse nesse momento. Eu queria que Adrian estivesse aqui. Queria
que ele me tocasse, ele me beijasse e ele me possuísse de todas as formas.
Daniel me deitou em sua imensa cama king size distribuindo beijos em meu corpo inteiro. Eu
fechei os olhos e mantive a minha concentração. Estava difícil prosseguir, mas eu tinha que
tentar. Queria manter minha mente ocupada para não pensar em Adrian.
Ele seguia com suas carícias em meus seios e os chupava com vontade.
Quando Daniel puxou minha calcinha e tirou sua boxer, eu não sei o que aconteceu. Eu entrei
em pânico. Eu não ia conseguir. Eu não queria prosseguir com aquilo. Eu pensei em Adrian me
dizendo “Eu amo você”, “por favor, não me deixe” e aquilo me quebrou.
Tentei sair debaixo dele rapidamente e disse com a voz embargada:
— Eu não posso fazer isso.
Daniel me olhou confuso e apenas assentiu.
Procurei qualquer resquício de chateação em seu semblante, mas eu vi algo que me deixou
aliviada. Parecia que ele me entendia. Que enxergava a minha alma.
— Tudo bem – ele sussurrou.
Ele me abraçou e deitamos um ao lado do outro. Houve um silêncio por alguns momentos. Eu
me sentia péssima. Não era um comportamento adequado para uma profissional como eu. Isso
era imperdoável.
— Me desculpe. Eu só tive um dia ruim – disse me desculpando.
— Não precisa se desculpar. Mas quero que fique. Não vou deixar você ir assim.
— Não quero tomar o seu tempo Sr. Ross.
— É um prazer estar em sua companhia, Verônica – ele disse se levantando e me puxou para
fora da cama.
Eu olhei para ele confusa e intrigada.
— Vamos fazer alguma outra coisa então – ele sorriu divertido. — Que tal bebermos e
jogarmos vídeo game?
Eu não aguentei e dei uma gargalhada. Daniel riu um pouco encabulado e disse:
— Vai ser um desafio. Fique sabendo que eu sou o melhor em Just Dance – ele riu.
— Você joga vídeo game nessa idade e ainda dança? Sério?
– eu ri mais ainda. — Parece ridículo, mas eu aceito o desafio.
— Então, vamos – ele disse me entregando minha calcinha e colocando sua boxer.
Daniel me emprestou uma camiseta e então, seguimos para a sala de estar.
Ele encheu nossos copos de bebida e colocou o jogo.
Quando a música começou, Daniel seguiu imitando os movimentos e eu caí no sofá rindo de
sua dancinha. Até que ele ficava muito sexy dançando apenas de cueca.
Ficamos jogando até quatro horas da manhã. Estava exausta, mas agradecida por ele ter sido
tão gentil comigo.
Fomos para cama juntos, mas não rolou nada. Eu estava me sentindo bem melhor depois
dessa extravasada.
Quando acordamos, já se passavam das duas da tarde. Tomamos nosso café na cama e
Daniel me perguntou se poderia me levar para casa.
Quando ele começou a preencher o cheque para me pagar, eu fiquei tão mal que logo
respondi:
— Daniel... Por favor, não!
Ele me olhou intrigado e apenas respondeu:
— Por quê?
— Porque sua amizade e a forma com que me tratou ontem, não tem preço. E, além disso,
não fizemos nada além de darmos boas risadas e dançarmos como loucos – sorri.
— Pra mim isso foi melhor do que sexo animal – ele gargalhou.
— Ai, isso doeu – disse rindo e dando tapas em seu ombro.
— Você é uma mulher linda e muito inteligente Verônica
– disse agora sério olhando em meus olhos. — Espero que não tenha ninguém te machucando.
Pois se tiver, eu ficaria mais do que feliz de meter um pé na bunda do infeliz – e sorriu.
— Obrigada.
Logo depois, Daniel me levou para casa. Abriu a porta do carro como um cavalheiro e nos despedimos.
Segui em direção ao meu prédio e antes que pudesse entrar, uma mão forte me puxou.
Quando me virei, meu coração quase saltou pela boca ao ver Adrian ali, me olhando com
cara de cachorrinho sem dona.
— Que susto! Quer me matar?
Ele me olhou e disse em voz baixa.
— Desculpe. Não tinha a intenção de assustá-la.
Ai meu Deus. Ele me viu com o Daniel?
Puta que pariu.
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Em Sua Companhia
Literatura Kobieca- Srta. Sandler... Não quero que pense que a trouxe aqui por motivos... Vamos dizer que... - ele ficou tenso. - Está tudo bem? É para isso que está me pagando, não é? - perguntei confusa. - Eu não pago mulheres para transar Srta. Sandler. Geralmente...