Adrian Miller
...na noite anterior...
Juntei minhas roupas e saí para me vestir na sala. Precisava sair de perto dela urgente.
Segui até o elevador sozinho, mas era como se ela estivesse ao meu lado. Seu cheiro estava
impregnado em minha pele.
Entrei no elevador e bati com a cabeça no espelho. Como eu sou idiota. Porque eu disse
aquilo? Merda! Merda!
Passei pelo Lobby e saí do hotel. Corri para pegar um táxi, pois havia dispensado o motorista.
Passei o endereço para ele e segui de volta para a festa.
Quando cheguei, Amélia veio ao meu encontro perguntando por Verônica. Eu sabia que ela
não estava interessada nela. Era a mim que a vaca queria perturbar. Dei um chega pra lá na
maldita perua e segui em direção ao bar.
Pedi um uísque duplo. Ao meu lado, todo sorridente, o maldito idiota do Jason. Um riquinho
mimado, filhinho de papai. Sempre rodeado pelas mais belas mulheres. Sua foto vivia estampada
nos jornais e revistas. E agora, ele estava querendo pegar o que é meu. Meu.
Ao me ouvir dizer isso, fico horrorizado. Estou me sentindo um homem das cavernas. Estou
tão fodido que não consigo parar de pensar nela.
Seu cheiro, seu corpo... Seus gemidos... A forma como se abriu pra mim... Como gozou para
mim... Eu estava perdido.
Em um só gole, matei minha bebida. Olhei para o barman e pedi mais uma dose. Eu só queria
esquecê-la. Tirá-la da minha mente. Mas o cheiro dela estava me matando. Eu deveria ter sido
forte e ter resistido a tentação. Mas não, eu tinha que ter me enterrado nela. Tão perfeita. Tão
linda.
Ela não era a Sara. Eu tentava colocar isso em minha mente, mas meu subconsciente não
processava essa informação.
Eu passei esse um ano sem sequer tocar em uma mulher. Desde a morte dela, eu me fechei
para o mundo. Fechei-me para relacionamentos. Eu não queria quebrar o juramento que havia
feito para Sara quando ela havia me dito que estava grávida.
“Estamos grávidos” – Sara me disse com um lindo sorriso. Com a notícia de sua gravidez,
estava me sentindo o homem mais feliz do mundo. Toquei em seus cabelos da cor do sol e disse
com paixão: “Jamais vou amar alguém, como amo você. Eu te amo tanto. Sempre será você Sara.
Vou te amar mesmo além da vida”.
Fechei os olhos lembrando-me do passado. Eu dava tudo para tê-la de volta.
Após minha depressão, eu jurei que seguiria em frente. Eu apenas decidi viver um dia após o
outro. Mas o destino resolveu me derrubar e brincar comigo.
Por quê? Porque desse jeito?
Eu deveria ter morrido com ela naquele avião.
Afastei os pensamentos destrutivos. Eu só queria sair desse pesadelo. Se a vida resolveu trazê-
la de volta, talvez seja porque tinha que ser assim. Eu não sei se vou suportar ficar longe dela. Eu
a quero. Sei que ela também me quer. Seu corpo me disse enquanto estava em meus braços.
Eu poderia fazer isso.
Eu poderia.
Segui bebendo mais do que deveria. Já estava completamente tonto. Quando comecei a passar
mal, decidi voltar para o hotel.
Andei cambaleando até a rua. Nem sei como consegui chegar até um taxi.
Quando entrei no hotel, a recepcionista me amparou até o elevador. Eu devia estar um porre.
Entrei na suíte tão bêbado que caí sobre o aparador e derrubei um vaso. Desequilibrei-me e
caí junto por cima dos cacos.
Tentei sem sucesso me levantar. Tudo girava a minha volta. Tudo.
De repente, ela aparece como um anjo... Olha-me com seus lindos olhos castanhos e diz:
— Sr. Miller? Consegue se levantar? – disse tentando me levantar.
Por que ela pintou o cabelo de preto? Está diferente.
— Não goissteii do caaabeloo Sara – disse todo grogue. Quando consegui levantar, ela me
amparava e me carregava com dificuldade até o quarto.
Colocou-me na cama e tirou minha roupa. Depois disso, apaguei por completo.
Quando acordo, tenho uma terrível dor de cabeça. Abro os olhos e minha visão vai ficando
mais nítida. Ao meu lado, uma bandeja com suco, pão e frutas. Levanto-me e vou até o banheiro
a procura de Verônica. Nada.
Na sala, também ninguém. Deve ter saído para fazer alguma coisa.
Volto para o quarto com uma ressaca desgraçada. Sento-me na cama e vejo o comprimido.
Franzo o cenho e pegando o suco, engulo o comprimido e dou um gole generoso no suco de
laranja fresco.
“Ela pensou em mim. Mesmo depois de tê-la ofendido daquela forma, ela pensou em mim”.
Sinto um nó na garganta e me amaldiçoo por ter sido um canalha. Eu precisava me desculpar.
Eu estava tão perdido. Estava confuso e só queria entender o que se passava aqui dentro de mim.
De repente, o interfone toca. Caminho em direção a ele e atendo:
— Pronto – disse num sussurro, pois até para falar minha cabeça doía.
— Sr. Miller. Sua noiva acaba de ser atropelada em frente ao hotel.
— O quê? – grito e no mesmo instante praguejo pela fisgada em minha cabeça. Merda de
ressaca!
— Precisamos que...
Nem esperei a coitada falar. Desliguei o interfone e desesperadamente, coloquei minha calça
e minha camisa. Estava toda amarrotada e quando segui para fechar os botões da camisa, acabei
fechando errado e saindo todo torto da suíte. Foda-se. Estava desesperado. Meu coração
começou a apertar e o desespero ficou ainda pior.
“Oh Meu Deus! Outra vez não! Por favor!”
Saí da suíte correndo e segui até a merda do elevador. Segui apertando o botão como um
desesperado. Merda! Quando as portas se abriram, apertei o térreo e percebi que estava
tremendo.
Quando o elevador apitou no térreo, mal as portas se abriram e eu já estava saindo.
Quando passei pela porta do hotel e vi a pequena multidão aglomerada, paralisei. Meu corpo
não se movia e meus pés ficaram fincados no chão. Estava com medo do que iria ver.
— A moça foi atropelada. Coitada. Eu vi o cara que a atropelou e acabei anotando a placa do
carro – ouvi um senhor dizer ao meu lado.
— O senhor viu quem a atropelou? – consegui perguntar.
— Sim.
— Pode deixar o número da placa na recepção? Por favor?
— Claro – o homem disse.
Quando algumas pessoas se afastaram, eu consegui vê-la estirada no chão. Havia sangue nela.
Meu coração parou naquele instante. Ao seu lado segurando sua mão, estava aquele maldito filho
da puta. Corri em direção a ela e quando cheguei o empurrei dizendo: — Saia de perto dela!
Ele se afastou rapidamente, e naquele momento, olhando para ela, tão indefesa e vulnerável,
eu percebi que eu a queria mais do que tudo nesse mundo. Eu estava completamente apaixonado.
O medo de que tudo se repetisse e eu a perdesse outra vez, fez com que eu tomasse uma decisão.
Ela seria minha e eu tentaria vencer meu preconceito. Se a vida estava me dando uma chance de
tê-la de volta, eu não descartaria. Jamais.

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Em Sua Companhia
ChickLit- Srta. Sandler... Não quero que pense que a trouxe aqui por motivos... Vamos dizer que... - ele ficou tenso. - Está tudo bem? É para isso que está me pagando, não é? - perguntei confusa. - Eu não pago mulheres para transar Srta. Sandler. Geralmente...