Olhei para o empregado que trazia o pedido. Transportava dois sumos e dois bolos, colocou-os em cima da mesa e afastou-se.
- O que é isto? – Perguntei.
- É para comermos. – Respondeu levando o seu bolo á boca e dando uma trinca.
- O combinado foi um sumo.
- E então? Aproveita o pequeno-almoço. – Disse sorrindo.
- Pagas tu! – Afirmei.
- Não te preocupes. – Riu. – Este bolo é mesmo bom.
Observei o meu. Era um donut. Não gosto deles, não sei porquê mas não lhes acho piada nenhuma, por isso limitei-me a beber o sumo e a ver o André comer o seu bolo.
- Então não comes?
Abanei a cabeça em sinal de negação.
- Vais-me dizer que és daquele tipo de rapariga-grilo?
- Rapariga quê? – Perguntei. Nunca tinha ouvido tal coisa.
- Chamo raparigas-grilo àquelas que só comem verduras e mais não sei o quê! Àquele tipo de raparigas que passam a vida em dietas.
Ri-me.
- Não sou desse tipo de raparigas – nem posso ser visto que o único tipo de verdura como são a que se usa para as saladas, ou então as que se deitam na sopa, isto de forem bem reladas. – Apenas não gosto de comer donuts. Desculpa.
- Não tens de pedir desculpas. Gostas de tostas mistas?
Abanei a cabeça em sinal de afirmação.
- Então fazemos o seguinte – disse chamando o empregado. – Mando vir uma tosta para ti e como o teu bolo.
Comecei a rir-me e ele imitou o meu ato.
Enquanto comia sentia-me observada, levantei o olhar e encarei-o com uma cara de interrogação, até que ele se digna a falar.
- Estava aqui a pensar “Estou a tomar o pequeno-almoço com a segunda mulher mais bonita que já conheci e nem sequer sei o nome dela” – Ergui uma sobrancelha. – Sim porque a mulher mais bonita do mundo é a minha avó.
Soltei uma gargalhada e por pouco não me engasguei.
- Eu não acabei de ouvir isto. – Comentei. – A sério isto resulta?
Ele olhou para mim de cara fechada, mas ao fim de uns segundos desmanchou-se a rir.
- Costuma resultar – Admitiu – E a parte da avó é a cereja no topo do bolo, elas derretem-se todas.
Examinei-o durante uns segundos. Ele fixou o olhar em mim, o que de certo modo me incomodou pois detesto que me observem.
- Só estou a tentar perceber porque é que não está a resultar contigo.
- Talvez porque foi a frase mais parola que já ouvi em toda a minha existência. A sério, eu é que estou a tentar perceber como é que isso resulta com as outras.
Ele deteve o olhar em mim e por fim reclamou: - Não gozes, já engatei muitas assim.
- Deixa-me adivinhar, loiras ou com o cérebro do tamanho de uma ervilha.
- Por acaso a minha namorada é loira. – Admitiu.
- Como é que eu sabia? – Perguntei em tom de brincadeira. – Ainda estou a tentar perceber como é que alguém se derrete com uma frase destas. É mesmo horripilante.
Ele atentou em mim segurando o donut com ambas as mãos e ao fim de uns segundos suspira.
- Ok apaixonei-me. – Fitei-o tentando perceber o que ele estava a dizer. – Estou a falar a sério franca e direta e ainda por cima bonita. Apaixonei-me.
- Tens bom remédio, desapaixona-te. Coitada da tua namorada.
Ele observou-me por uns segundos sorrindo. Cada vez me convencia mais que aquele miúdo não tinha os parafusos todos.
- Comecemos de novo. – Acabou por dizer.
- Outra vez?
- Vá lá, não sejas má.
- Eu não sou má. – Contestei encolhendo os ombros.
Ele limpou as mãos ao guardanapo e de seguida esticou o braço na minha direção.
-Olá o meu nome é André Antunes, e tu?
- Marta, Marta Macedo. – Respondi sorrindo e estiquei o braço.
- Muito prazer em conhecer-te! – Terminou ele.
Mantivemos as mãos unidas durante uns segundos e depois começámo-nos a rir.
- Gosto de teu nome.
- E o teu não me é estranho. – Falei.
- Já me disseram isso antes. – Sorriu – Mas mudando de assunto, fala-me de ti.
- Não há nada para dizer. – Detesto falar sobre mim própria e odeio que as pessoas me façam este tipo de perguntas.
- Bom o que é que fazes por aqui?
- Treinar.
- Treinar porquê?
- Porque será que as pessoas treinam? – Perguntei sarcasticamente. – Talvez para ficarem com uma boa forma física.
- Mas tu não precisas.
- Quem te disse?
Um silêncio constrangedor instalou-se entre nós.
- Quer dizer, eu acho que não precisas. – Acabou por falar.
- Porquê?
- Bem basta olhar para ti.
- Isso faço todos os dias e não vejo motivo para abandonar os treinos.
- Bom, tu és …- Falou um pouco envergonhado.
- Não sou daquelas raparigas que querem ficar esqueléticas, mas tenho noção de que preciso de queimar alguma gordurinha que se foi acumulando.
Entretanto olhei para o relógio, começava a fazer-se tarde e tinha muita coisa para fazer em casa.
- Bom tenho de ir embora. Obrigada pelo pequeno-almoço.
E no momento em que me levanto ele segurou-me no braço e perguntou:
- Volto a ver-te?
- Uau, ainda nem fui embora e já tens saudades. Não me parece que a tua namorada vá gostar de saber. – Ele riu-se. – Venho treinar todas as manhãs por volta das 7:30h. – Esbocei um sorriso e comecei a caminhar em direção á porta, no entanto ele alcança-me antes de eu conseguir chegar á mesma.
- Tive uma ideia. Também costumo vir para aqui todas as manhãs… se quiseres podemos começar a treinar juntos. Sempre é melhor do que sozinhos.
- Sim isso é verdade, além de que sou um pouco preguiçosa. – Ambos nos rimos. – Por mim tudo bem. Até amanhã. – Sorri amavelmente e comecei a caminhar em direção a casa.
- Até amanhã. – Oiço.
Virei-me para ele e acenei voltando-me depois e reiniciei o caminho até casa.
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Para toda a vida
Teen FictionQuem diria que uma mera corrida matinal pudesse mudar completamente a vida de uma pessoa? Marta e André começaram com o pé esquerdo mas rapidamente alteraram a situação, acabando por se tornar nos melhores amigos e mais tarde namorados. Ela vivia p...