Capítulo 4

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- Vá lá, atende. – Dizia enquanto me apressava em direção ao quarto para me vestir. Eram apenas 7h da manhã e receava acordá-lo mas era isso ou deixa-lo plantado á minha espera. E finalmente, depois de muito insistir, ele atende. – Olá, fala a Marta eu…

- Oh, olá tudo bem? – Interrompeu ele com uma voz sonolenta.

- Sim. Desculpa se te acordei mas não posso ir agora de manhã, aliás nem hoje nem amanhã.

- Porquê?

- Porque arranjei um trabalho em part-time que me ocupa as quintas e sextas. Era para te ter dito ontem mas esqueci-me. – Expliquei enquanto me vestia.

- Tenho pena que não possas vir.

- Agora de manhã é impossível, mas não me digas que já tens saudades minhas!- Ouvi uma gargalhada do outro lado e ri-me também. – Mas porque é que não vais com a tua namorada?

- Isso sim é que é impossível. A única maneira de a veres correr é para entrar numa loja em saldos.

- Então para não deprimires alteramos os treinos das quintas e sextas para o fim da tarde. Pode ser às 18h?

- Por mim tudo bem.

-Bom tenho de desligar e … desculpa se te acordei.

-É sempre bom acordar e ouvir a voz de uma rapariga tão bonita.

- Sabes, estou a tentar perceber como é que a tua namorada ainda está contigo. – Olhei de relance para o relógio. – Tenho mesmo de ir até logo.

Desci a escadaria e entrei na cozinha de a correr. O meu pai já se encontrava á mesa a tomar o pequeno-almoço – ele é sempre o primeiro a levantar-se.

- Bom dia Marta.

- Bom dia. – Cumprimentei sem olhar para ele.

- Já acordada?

- Parece que sim. – As minhas palavras eram secas.

 Ele suspira e bebe o seu café.

- Ouvi dizer que conseguiste trabalho.

- Ainda há pessoas com essa sorte. – Falei olhando para o balcão enquanto comia.

A cozinha ficou envolta num silêncio ferido pelo som dos talheres nas taças e copos. Sentia o olhar do meu pai pousado em mim.

- Quando tencionavas contar-me.

- Agora também preciso da sua autorização para trabalhar?

- Não, mas…

Terminei e saí da cozinha sem deixá-lo terminar o seu argumento e rumei em direção á casa da D. Lurdes pois, sendo o meu primeiro dia, não podia chegar atrasada.

- Bom dia minha querida. Então estás pronta?

Acenei com a cabeça e segui-a até ao jardim.

- Bem hoje tens pouco trabalho. É necessário cortar a relva, arrancar as ervas dos vasos e lavar o pavimento. Assim que terminares podes ir embora.

- Só é preciso fazer isso?

- Sim minha querida. Amanhã é que já terás mais trabalho.

- O trabalho não me assusta.

- Assim é que se fala, vê-se mesmo que sais á tua mãe. – Silenciámo-nos por uns segundos enquanto ela me observava. – Bom o material necessário está na casa de arrumos e se precisares de alguma coisa liga-me, é que vou sair com a minha filha e não sei a quer horas regresso.

Para toda a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora