Capítulo 37

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A minha mãe fazia 45 anos e decidi, com a ajuda da Rosa- visto que ainda vivia em casa dos meus pais – preparar-lhe uma surpresa.

- O que é isto? As minhas filhas estão a pôr-me fora de casa? – Perguntou a minha mãe vendo a mala que a Rosa trazia na mão.

- Parabéns! – Exclamei dando-lhe um envelope para a mão.

Uma viagem. Ou melhor aquela era A Viagem dos meus pais. Todos nós temos sonhos e eles não fugiam á regra, no entanto nunca tiveram a oportunidade de os realizar a todos, primeiro devido ao meu nascimento e a outros fatores que foram importantes para a estagnação da realização dos sonhos dos meus pais.

A minha mãe chorava a olhar para os bilhetes de avião, uma viagem á volta do mundo, quinze dias para desfrutar de tudo o que o mundo e todas as suas culturas lhe podem oferecer.

- Eu não posso aceitar isto – Dizia entre lágrimas – E ainda por cima tenho a tua irmã.

- Mãe a Rosa já é crescidinha – a minha irmã estava prestes a fazer 20 anos mas a minha mãe sempre a tratara como se fosse uma criança mas a situação piorou quando eu saí de casa – Mas se o problema é esse, ela vai passar esses quinze dias a minha casa.

 Foi difícil mas consegui convencê-la a entrar num táxi e ir para o aeroporto, o meu estaria lá á espera dela com as restantes malas, visto que a que a Rosa trazia era muito pequena.

Relativamente á Rosa, ela passou mesmo os quinze dias em minha casa, apesar de que volta e meia ela dormia em casa do namorado – pelo menos isso foi na primeira semana porque na segunda ele foi numa viagem.

- Achas que posso trazer umas amigas cá a casa? Nós já tínhamos combinado passar uns dias juntas e desta vez ia ser lá em casa. – Falou a Rosa num tom mansinho numa noite, enquanto os três assistíamos a um filme na televisão.

Olhei para o André e ele percebeu o motivo da minha reação, embora ele me lembrasse diariamente que aquela casa também era minha eu sentia-me na obrigação de lhe pedir permissão para certas coisas, principalmente para um pedido como o da minha irmã.

- Por mim tudo bem. – Falou.

Ela soltou uns gritos de contentamento e correu para o quarto.

- Quando é que vais meter nessa tua cabecinha que também tens “direito de voto” nesta casa? – Perguntou enquanto me puxava mais para ele.

- Isto é uma situação diferente….

- Diferente porquê?

- Porque a vinda da minha irmã é uma coisa e a vindas das amigas dela é outra.

- Eu só quero que saibas que podes fazer o que quiseres e trazeres quem quiseres… - ele parou o seu raciocino por uns momentos e encarou – bom, toda a gente não, se arranjares um amante não o tragas.

- Que pena! – Exclamei olhando-o – E eu que estava a pensar convidá-lo para vir cá jantar.

- Ai sim? E o que tencionavas fazer para jantar?

- Digamos que o jantar já estava pronto á muito tempo…

Ele sorriu e deu-me um beijo.

- Agora falando a sério, tens liberdade para trazeres quem quiseres…

- És um anjo.

O filme recomeçou e eu voltei-me para a televisão ficando de costas para ele, que me abraçava de modo a manter-me bem junto do seu corpo.

***

- OLÁ! – Exclamaram ao mesmo tempo assim que a Rosa abriu o portão.

Três raparigas, com mais ou menos a idade da minha irmã – exceto uma que já devia ter os seus 22/23 anos – invadiram a minha sala com as suas malas. Elas tinham chegado na sexta-feira ao fim da tarde para que pudessem aproveitar o sábado todo na piscina, pois segundos a meteorologia as temperaturas iam subir.

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