Capítulo 18

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- Olha quem é ela! - Três raparigas caminhavam na minha direção, mas a do meio era que mais se pavoneava.

- É suposto conhecer-te?

- Como é que está o André? – Ela fez uma pausa e sorri – Ah, espera! Ele agora está longe.

- Como é que tu sabes onde é que ele está?

- Oh minha querida. O André, finalmente, encontrou o caminho certo para a vida dele.

- De que é que tu estás a falar?

- Ele está com a minha prima, aliás lugar de onde ele nunca devia ter saído. Mas ela ama-o tanto que perdoou aquele pequeno erro.

- Afinal estás a falar de quê? Quem é a tua prima? – Perguntou a Leonor pressentindo que os nervos começavam a dominar-me.

- A Margarida, já deves ter ouvido falar dela. Ele mudou-se para Lisboa para ir viver com ela.

- Como?! Isso não é possível. Ele não pode….Ele não era capaz….

- Ele tanto pode como fez. – Ela caminhou até mim – As coisas nunca podiam ter sido de outro modo. Eles foram feitos um para o outro e tu não passas de um empecilho na vida deles, tu não passas de uma rameira que tentou desviar o André do bom caminho mas os bons triunfam sempre.

Não sei como aconteceu mas quando dei por mim já estava a esmurrá-la. Saltei do degrau, das escadas onde me encontrava, e dei-lhe o primeiro estalo, em seguida comecei a dar murros a obrigá-la a retirar as palavras que dissera. Eu não era nenhuma rameira nem o queria levar para maus caminhos, pelo contrário, eu tirei-o das ruas da amargura, livrei-o da infelicidade, cuja presença tinha sido notada por todos os que o rodeavam.

Umas mãos agarraram a minha cintura e me puxaram para trás. Tentei debater-me mas não me consegui soltar. A Leonor colocou-se á minha frente impedindo-me de regressar para a luta. As lágrimas tornavam a minha visão turva dificultando-me de ver com clareza a peste que tinha acabado de levar um enxerto de porrada. Era Afonso quem me estava a agarrar e encaminhou-me para o exterior do pavilhão. Assim que saí, vacilei e encostei-me a ele começando a chorar. Ele deu-me um abraço e a Leonor também, naquele momento conseguia sentir os olhos postos em mim – algumas pessoas da minha turma.

- Eu quero matar aquela mentirosa.

- Marta tem calma. – A Leonor tentava acalmar-me mas sem muito sucesso.

- Como é que queres que eu tenha calma depois de tudo o que ouvi? O André a viver com a Margarida? Em lisboa? Ela perdoou o seu “erro”? Estas são as afirmações mais estapafúrdias que já ouvi em toda a minha vida.

- Marta… - Afonso tentou falar mas não conseguiu e limitou-se a dar-me outro abraço.

Aquelas afirmações falaciosas não me iam abater e por isso recompus-me rapidamente e encaminhei-me para a sala – felizmente aquela era a última aula do dia.

Durantes os dias seguintes aquelas “barbies” perseguiram-me pela escola durante todos os intervalos, tendo havido mais dois episódios de luta, um dos quais a Leonor envolveu-se e pôs o olho de uma delas roxo. A situação tornava-se insuportável, eu ansiava avidamente que o Tiago tivesse tudo pronto para eu partir para Lisboa mas parecia que ele nunca mais me dava notícias. Entretanto passou cerca de uma semana antes de receber a visita do Tiago, no exterior do portão da escola.

- Olá! – Cumprimentei – Tens o que te pedi?

- Tens a certeza que queres mesmo ir? Se esperares mais uns dias eu posso acompanho-te, amanhã parto para Espanha mas dentro de uns dias regresso.

Para toda a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora