A vida depois dela

198 17 6
                                    

obs.:  Olá! Este capítulo trata-se de um extra, narrado por alguém de fora, não se trata de nenhuma personagem em concreto mas de um ser que vive a história exteriormente e relata o que se sucede após a trágica notícia.

- Precisamos de fazer mais uns exames. – Fala o médico entrando no quarto. E ela casmurra como sempre decide levantar-se sozinha, ambos a veem cair desamparada no chão, nem André nem o médico chegam a tempo de a ajudar. Tentam, ou melhor o médico tenta reanimá-la mas não há maneira de ela acordar. O André começa a entrar em desespero e graças a isso é convidado a sair do quarto enquanto ele é invadido por enfermeiras e mais médicos.

- E então? Como é que ela está? – Pergunta André aflito vendo um dos médicos aproximar-se. Pela sua cara não tem boas notícias para lhe dar.

- Diga-me uma coisa, ela bateu com a cabeça recentemente?

- Sim, esta manhã ela escorregou e bateu com a cabeça numa caixa de madeira, eu trouxe-a cá assim que soube do incidente mas o médico que a atendeu disse que não era nada de grave.

- Pois mas o caso não era assim tão simples. Às vezes o que pode parecer uma lesão menor na cabeça acompanha-se de uma lesão cerebral grave.

- Como assim?

- Os exames que a Marta fez revelaram um traumatismo craniano e a segunda queda piorou ainda mais a situação – Começa – A queda deu origem a uma rutura de vasos sanguíneos o que provocou uma hemorragia interna grave e ainda a um edema, ou seja, a uma acumulação de líquidos. O sangue e a acumulação de líquidos têm um efeito semelhante ao causado por uma massa que cresce dentro do crânio e, uma vez que esta não pode expandir-se, o aumento da pressão pode danificar ou destruir o tecido cerebral. Devido á posição do cérebro dentro do crânio, a pressão tende a empurra-lo para baixo, isto é, para o orifício que o faz comunicar com a parte inferior, o tronco cerebral, uma situação que se designa de herniação. As herniações podem implicar um risco de morte…

- Risco de morte? – Pergunta já sentido o seu coração parar de bater. A certa altura deixou de prestar atenção ao que o médico dizia mas quando ele menciona as palavras “risco de morte” acorda de novo para a realidade.

- Sim, isto porque o tronco cerebral controla funções vitais como a frequência cardíaca e a respiratória.

- Por favor importa-se de ir direto ao assunto? Como é que ela está?

Uma pausa. Uma pausa que quase o mata, pois ele sabe o significado dela, ele sabe mas não quer acreditar.

- Como lhe disse o tronco cerebral controla funções…

- Sim já disse isso, por favor diga-me como é que ela está?

- A função cardíaca foi afetada, tentámos reanimá-la mas não conseguimos.

- Posso…? – Tenta falar mas não consegue, no entanto o médico percebe o que ele quer e encaminha-o para uma sala.

Para á porta antes de se aproximar dela. Aquela pessoa que está deitada na cama não é ela, aquele corpo não é o dela. Ela era uma pessoa alegre, quente,…, e aquele corpo está sombrio e frio.

Porquê? é a única questão que lhe vem á cabeça, porquê ela? Há tanta gente neste mundo que merece morrer e escolheram-na a ela. A certa altura deixa de a ver, ainda a sente, mas já não a vê, os seus olhos estão inundados em lágrimas que o impedem de a ver. Ele agradece por não a conseguir ver, quer recordá-la como ela era e não como ficou depois de… não consegue dizer a palavra, é demasiado forte… principalmente para quem ama.

Para toda a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora