Capítulo 13

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As aulas são um fardo que todos nós temos de aguentar, e a cada ano que passa as dificuldades vão aumentando.

Tinha entrado no décimo primeiro ano e começava a sentir as complicações e os meus primeiros testes foram uma miséria – pelo menos para mim eram, uma vez que as minhas notas variavam entre o 13 e os 16. Por muito que me esforçasse havia sempre algo que me escapava e isso era evidenciado durante os testes que me deixavam doente. Já começava a pensar em contratar uma explicadora para me ajudar mas os meus planos foram alterados.

- Olá! – Cumprimentou André – Queres vir sair hoje?

- Adorava mas não posso.

- O que é que tens? Pareces cansada.

- A culpa é da matemática. Tenho teste para a semana e tenho de subir a minha nota urgentemente mas a este ritmo o que vou conseguir é uma dúzia de lápis partidos e uma centena de folhas no lixo.

- Estou a ver que tens de estudar. A saída fica para uma outra vez. Adeus.

- Adeus.

Voltei novamente a minha atenção para os livros. Mas para que é que precisamos de saber isto? e  Eu nunca na minha vida vou fazer uso disto eram os pensamentos mais comuns de cada vez que lia alguma explicação sobre a resolução dos exercícios. Conseguir estudar mais de meia hora seguida naquela casa era algo de milagroso, o que me impedia de me concentrar totalmente no que estava a fazer. Por vezes o meu estudo era interrompido pela entrada da minha mãe com o lanche ou a aconselhar-me a fazer uma pausa – conselho que eu rejeitava – ou com a minha irmã a pedir-me ajuda nos trabalhos de casa.

- Marta! – A minha mãe irrompeu pelo quarto dentro.

- O que é que foi desta vez? Já disse que não vou fazer nenhuma pausa, eu tenho de estudar.

- Tens uma visita. – Informou.

Observei uma silhueta alta entrar no meu quarto.

- Acho que talvez necessites de uma pausa.

- Não posso. Vou ter teste e não percebo nada disto.

Ele aproximou-se da secretária e avistando o livro perguntou: - Posso ver?

- Força!

- Precisas de ajuda?

- Percebes alguma coisa disso?

- Isto é fácil.

- Estás a gozar comigo, certo? Achas isso fácil? Isso tem estado a comer-me o cérebro há dias.

Ele sentou-se ao meu lado e começou a explicar-me e acabei por perceber que afinal aquela matéria não era o bicho-de-sete-cabeças que eu dizia ser e que até se tornara de fácil resolução.

- És o meu anjo da Guarda! – Repliquei.

- Que exagero! E se quiseres eu posso continuar a ajudar-te.

- É claro que quero. – Ambos sorrimos e fechei os livros. Aquela maratona de matemática terminara, pelo menos por enquanto. – Sabes, tenho falado com a Ana.

- Isso é ótimo e também vais com ela á consulta na segunda?

- Sim, eu tenho a tarde livre nesse dia. – Deitei-me na cama ao seu lado – A Ana é uma pessoa impecável.

                                                                                       

Aquela tarde passou num ápice e quando “acordamos para a realidade” já estava de noite, ainda convidei o André para jantar em minha casa mas o meu convite foi rejeitado pois uma vez mais a sua avó estava a organizar um jantar. A dona Constança é uma pessoa muito sociável e conversadora, ao invés do marido que é totalmente o seu oposto, uma pessoa pacata e reservada e pelo que pude apurar durante o almoço não aprecia muito os “banquetes” organizados pela mulher, porém respeita-a e mesmo que contrariado ele impõe a sua presença nas refeições pois tem noção do quão elas são importantes para a sua esposa. São estes simples atos, simples atos como dar o braço a torcer – como diz o velho ditado – que prescrevem a durabilidade da relação.

Para toda a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora