Capítulo 30

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O tão desejado último dia de aulas tinha finalmente chegado! Naquele dia íamos todos almoçar em casa do André.

- Mata! – Exclamou Andreia correndo até mim. Ela ainda não conseguia dizer o meu nome direito. O André desencostou-se do carro e caminhou também até mim dando-me um beijo, deixando algumas pessoas a olhar para nós.

- Vamos? – Perguntei.

-Tens aí a chaves de minha casa? – Perguntou.

- Sim, porquê?

- Eu e o Tiago vamos buscar a Lara, tu e a Leonor podiam ir andando para casa, é que a Andreia está a precisar de trocar de roupa.

Realmente ela precisava urgentemente de um banho, quem olhasse para ela dizia que tinha andado na guerra. Assenti e dei-lhe outro beijo e depois dirigimo-nos para casa dele.

- Tu tens uma chave de casa dele? – Perguntou curiosa.

- Tenho e é muito útil porque vou para lá para tomar conta da Andreia e às vezes vamos dar um passeio até ao parque e assim já não tenho de lhe estar sempre a pedir as chaves dele.

Demorámos uns minutos até chegarmos a casa dele – felizmente ele vivia perto, porque andar muito tempo a pé com a Andreia não é tarefa fácil.

-Estás aqui sozinho? – Perguntei ao ver o Afonso junto da churrasqueira.

- O André o Tiago foram buscar a Lara e os resto do pessoal ainda não chegou.

- Olá! – Cumprimentou Leonor.

Ele sorriu-lhe e ela devolveu-lhe o sorriso, nenhum deles falava, apenas limitavam-se a olhar um para o outro, senti-me uma intrusa no meio deles e pegando na Andreia dirigi-me para o quarto do André. Enquanto despia a Andreia para lhe dar banho não conseguia parar de pensar no que se tinha passado, aconteceu alguma coisa entre aqueles dois.

- Vamos lá! – Afirmei pegando nela e colocando dentro da banheira. Apesar de ela ter o seu próprio quarto preferi levá-la para o quarto do André, pois a casa não tardava a encher e aquele era o único com casa de banho privada.

Felizmente ela não era daquelas crianças que detestam entrar na banheira - totalmente o oposto de mim, quando eu era criança a minha mãe via-se negra para me dar banho – e fácil e rapidamente lhe dei banho mas não a tirei logo da banheira, corri até ao seu quarto e peguei no seu patinho de borracha e levei-o até ela, sentei-me no chão a observá-la. Ela tinha o sorriso e os olhos da mãe, e apesar da ausência da mãe era uma criança alegre. Só espero que ela volte depressa, ela não imagina o que está a perder! Ela tinha partido para garantir a proteção da filha e desde então não tivemos nenhuma notícia dela, estava prestes a fazer dois meses desde a sua partida e nada, nem um único telefonema. Vivíamos constantemente com o coração nas mãos, receando que algo de mal tenha acontecido.

- Vamos lá patinho – disse levantando-me – Está na hora de saíres.

Ela ainda tentou protestar mas, como sempre, acabou por desistir quando percebeu que não ia vencer. Vesti-lhe uns calções cor-de-rosa que eu e o André lhe tínhamos comprado, havia uns dias atrás, e uma t-shirt branca com um laço rosa, ainda pensei em calçar-lhe os sapatos mas depois decidi deixa-la andar com os seus chinelos de dedo.

-O almoço está pronto! – Anunciou André entrando no quarto e agarrando-me por trás e dando-me um beijo no pescoço.

-Deixa-me só acabar de vestir esta peste. – Disse ajeitando a camisola da Andreia.

- Precisas de ajuda?

- Procura os chinelos dela.

Ao fim de alguns minutos ele apareceu á minha beira trazendo consigo os chinelos. Adorava e ainda adoro ver vestuário e calçado de crianças, as coisas são tão pequenas comparadas com as nossas, é tão lindo… O André agachou-se e calçou-lhe os chinelos, e de repente ela sai a correr do quarto.

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