Capítulo 28

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O tempo foi passando e a relação entre o Afonso e o André começava a recompor-se verdadeiramente. Uns dias depois do funeral, o advogado do senhor António procurou o André, dizendo-lhe que quase tudo o que pertencia ao falecido lhe tinha sido deixado em testamentos. De um momento para o outro o André ganhou: uma casa de férias no Alentejo, a casa onde o senhor António vivia e uma quantia razoável de dinheiro. Apesar de as irmãs do André também serem próximas do senhor António, o que elas receberam de herança não é nada comparado ao André, mesmo que custe a admitir, era com André que ele tinha uma relação mas especial.

No fim desse verão o André mudou-se para a sua nova casa. Apesar de ter obtido a casa devido á morte do senhor Antónia, via-se nos olhos do André que ele estava feliz por finalmente ter a sua total independência – ou quase, porque quase todos os dias a sua avó ia lá a casa.

E em relação á Rosa? Ela finalmente encontrou alguém gostava verdadeiramente dela. Se era para sempre? Não sei, provavelmente não. Ela tem 13 anos e ele 11 e nesta altura não podemos dizer se o amor irá durar para sempre.

 “Conheci-o numa tarde de terça-feira, numa aula de classe de conjunto de pianos. Nesta aula existiam 7 pianos e cada um deles era ocupado por dois alunos. Ao primeiro, devido à sua timidez não ficamos juntos mas depois comecei a falar com ele e a perceber que tudo nele era diferente. Ele é organista (mas todos os organistas têm de saber tocar piano) e eu pianista. Sempre existiu uma “rivalidade saudável” em relação aos nossos instrumentos. A classe de conjunto passou a ser a minha aula preferida da semana. Desde que o conheci, percebi o quão diferente ele é comparado aos rapazes da minha idade. Apesar de não gostar de situações românticas, ele consegue fazer-me sentir a mulher mais feliz à face da Terra. Ele apenas gosta de música clássica, o que hoje em dia é muito raro. Temos sempre assunto de conversa, mesmo nas situações mais estranhas! Tivemos, uma vez, uma visita de estudo no final do ano letivo. O objetivo era perceber as diferenças entre os órgãos de várias igrejas e catedrais no Porto. Claro que fui com ele. Lembro-me de ele dizer “vens comigo na visita de estudo certo?” e eu disse “claro que sim”. Nesse dia divertimo-nos imenso… e pela primeira vez demos as mãos. Foi um momento marcante na nossa relação. Nesse Verão só o vi 2 vezes mais: num piquenique organizado para os alunos de classe de conjunto (onde nada de especial aconteceu) e nas festas da cidade. Lembro-me de ele dizer no facebook “e se fossemos os dois às festas de Paredes?” e eu disse “por mim tudo bem”. Passeámos, conversamos e divertimo-nos imenso… e foi aí que percebi que gostava mesmo dele. No início das aulas deste ano prometi a minha mesma que se lhe perguntasse o que ele sentia e ele dissesse nada eu desistiria. Bem, não foi bem assim que se sucedeu. Perguntei-lhe em Outubro o que ele sentia e ele disse nada (o que eu mais temia) mas eu não consegui desistir. Ele era demasiado importante! E a nossa amizade só cresceu desde então. Todos os dias alguém me perguntava se namorávamos e eu, com muito esforço, punha um sorriso na cara e dizia “não!”. Era mesmo difícil dizer isso principalmente quando ele me dava a mão ou me abraçava no meio de uma multidão de gente – e isso era algo que eu nunca esqueceria. Cada abraço tinha um significado diferente para mim – amizade, amor, felicidade, confiança, honestidade… tantos sentimentos misturados e eu sem saber o que ele sentia, embora desconfiasse!

Mais tarde, comecei a mandar indiretas do género "eu não namoro" ou "gostava de saber se ele gosta de mim" mas ele nunca respondeu diretamente a nenhuma dessas bocas (embora viesse a descobrir mais tarde ele percebeu-as todas e até foi por isso que ele ganhou coragem)... Entretanto, nas férias de natal eu disse-lhe pelo facebook que tinha saudades dele e ele disse o mesmo... mas nada aconteceu.... Passou o janeiro e nada! Só pura amizade (alem de muitos abraços!). Finalmente, no dia 13 de fevereiro eu estava a falar com ele e com o melhor amigo dele - Afonso- e o Afonso disse "quando é que a vais pedir em namoro?"... Eu olhei para ele e fingi não perceber o que se passava e o Diogo olhou para mim e disse "pode ser que amanhã tenhas sorte" e eu perguntei "a sério?!" (tentando não mostrar demasiada felicidade) e ele disse "amanhã vês!"

No dia seguinte, no 1º intervalo fui ter com ele (como era normal) e toda a gente cismou em deixar-nos sozinhos... Eu olhei para ele nos olhos e ele disse "queres oficializar isto?" e eu comecei-me a rir (de nervosa que estava) e disse "sim...". Ele abraçou-me e deu-me um beijo na cara. A partir daquele momento tudo se tornou diferente... A maneira como ele olhava para mim... passou a ser carinhosa, sensível, mostra que gosta de mim, sorri quando eu sorrio, e apesar de não ser romântico ele e super querido comigo e consegue fazer me sentir a melhor pessoa a face da Terra!”

Estas foram as palavras dela enquanto me contava como tudo tinha começado. Apesar de ser jovens têm uma história de amor bela, e eu ouvia atentamente e sorrindo a cada palavra e a cada descrição feita pela Rosa.

Felizmente tudo se estava a recompor, tudo estava perfeito.

Para toda a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora