F O U R

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O homem desconhecido abre um sorriso chapado e me devora com os olhos.

- Você é a belezinha mais linda desse lugar - ele grita e sinto o cheiro de cerveja e maconha em seu hálito. Ele funga e é a minha certeza que estou em encrenca. Charlotte e Hellen estão no outro carro de som, porque fui me distrair ao me exibir para Kalil?

- Estou acompanhada - me afasto mas suas mãos me prendem.

- Não banque a difícil, cadela.

- Cadela é a sua mãe - rosno e ele me aperta mais. Vou ficar com belos machucados.

Tento olhar por cima do ombro dele para pedir ajuda, mas ele é muito alto.

- Me deixa em paz - grito me debatendo e só escuto o vidro se quebrando quando ele cambalea e cai no chão.

Olho apavorada para Santiago que está com o resto do casco de cerveja em sua mão.

- O filho da mãe ainda vai ficar me devendo uma cerveja - ele joga o casco ao lado do cara e pisca um olho pra mim. - De nada, aliás.

- Você é louco! - grito e ele ri fazendo um sinal com as mãos para alguém que não vejo e dois caras aparecem e carregam o cara inconsistente.

- Salvei sua vida - ele se aproxima. - Devia está feliz.

- Eu não estaria nada feliz se fosse cúmplice de um homicídio - procuro Charlotte mas ela desapareceu.

Só me faltava essa. Santiago fica mais próximo. Com os meus saltos quase consigo ficar da sua altura então vejo claramente por cima do seu ombro que Kalil não está mais no mesmo lugar.

- Você é muito dramática - ele pega minha mão e seu nariz escorrega pelo meu pescoço e sinto um arrepio de reflexo. - Você está uma gata hoje.

- Então nos outros dias eu sou o que? - olho para suas íris castanha e ele abre um sorriso cafajeste e sei que a maioria das garotas estariam encharcadas e implorando para que ele as levasse para cama. Mas eu conheço bem o tipo dele, não vai funcionar comigo.

- Você é... - Ele é interrompido quando os sons é diminuídos e as pessoas começam a ir para algum ponto. - Vai começar a corrida.

Sorrio e ele pega minha mão abrindo espaço até que chegamos na frente. Dois carros com os faróis ligados estão em fileira e os roncos dos motores me deixa excitada, reconheço o R8 de Kalil e mordo o lábio em expectativa. Solto a mão de Santiago quando vejo Charlotte e Nathan e vou até eles ciente do cachorrinho que me acompanha.

- Achei que tivesse perdida! - grita Nathan.

– Um idiota tentou me pegar a força.

– Eu sei! - ele pisca um olho. – Quem você acha que chamou ajuda?

Fico boquiaberta mas ele se volta para a multidão e grita eufórico.

Marjorie em seus saltos finos fica entre os dois carros. As pessoas gritam em expectativa. A ruiva retira um pano da mesma cor de seus cabelos do bolso e estica o braço com ele. Achei que esse tipo de coisa só acontecesse em filmes. Mas quando ela abaixa o braço os carros saem em disparada fazendo os cabelos dela voarem e as pessoas gritarem e pularem, outras até fazem apostas em cima da hora.

Uma Boa MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora