F I V E

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Coloco meu lápis para prender meus cabelos um pouco irritada, mais cedo minha mãe me ligou, amanhã à noite ela e meu pai vão está em San Francisco para jantar comigo. Isso quer dizer que eles vão trazer minha irmã mais nova e ela é um dos motivos para eu ter saído de Los Angeles.

- Preciso falar com você - nem preciso levantar os olhos pra saber de quem se trata.

- Eu estou estudando, Kalil.

- Eu fui um idiota - ele começa e eu reviro os olhos.

Não acredito que ele vai escolher a segunda opção. Olho pra ele que está olhando para meus livros.

- Algum interesse em leis? - pergunto mudando o assunto.

- Não, só estou meio cansado dos meus sobre cirurgia - ele abre um sorriso.

- Vamos trocar então - sorrio também.

- Eu realmente preciso conversar com você - ele fecha meu livro.

Sei de toda a ladainha que vem a seguir. "Eu fui um babaca" ou a minha preferida: "Eu não queria ter causado aquela impressão".

- Acho que as coisas estão bem claras pra mim.

- A semana inteira eu fiquei pensando em você - ele começa me pegando de surpresa. - E acho que estou notando qual a sua.

A semana inteira e só teve coragem de falar comigo em uma biblioteca numa noite de sexta? Aliás, por que ele não está em alguma festa enchendo a cara como seus amigos?

- Estou ouvindo.

- Você se veste como uma boa moça, então aparece em uma corrida como uma deusa do sexo, me provoca e vai embora - ele passa a mão pelo cabelo nervoso. - Você deve está querendo brincar com minha cabeça.

Você está certo meu bem.

- Que incrível, então quer dizer que eu sou desocupada o suficiente para ficar brincando com sua cabeça?

- Não é isso - ele fica confuso como se a ideia dita em voz alta fosse bizarro.

Se ele soubesse como está certo não ficaria tão confuso. Tão de perto percebo que seus olhos não são pretos e sim um castanho muito escuro.

- Então o que é? - pergunto me inclinando em sua direção.

- Você é um mistério, eu tinha certeza de que tinha desvendado, mas estou muito longe.

Ele também se inclina na minha direção e sinto meu coração acelerar com seu hálito de menta misturado a álcool o qual eu não esqueci durante toda a semana. Kalil Daniels está ficando de quatro por mim, mas pode ser um truque. Fazer com que eu me sinta especial, ele sabia que eu notaria que ele estava aqui em uma sexta e não com outras.

Vou deixar você pensar que está sendo o gato.

- Eu sou um livro aberto, Daniels - volto a encostar minhas costas na cadeira. - Só basta aprender a ler.

E pelo visto você é um analfabeto. Ele suspira dramaticamente. Dei muito pra ele pensar e ficar mais um tempo tentando me desvendar.

Uma Boa MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora