S I X T E E N

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N • O • W •

Brinco com o bolo intocado na minha frente e solto um suspiro. Falta alguns minutos para a segunda aula do dia e eu estou com vontade zero de ir, mas não posso parar minha vida por causa de Kalil Daniels, não mesmo. Estamos na cafeteria de sempre e aposto que Álvaro está esperando eu dizer que estou sem fome pra comer o meu bolo.

– Não fica triste - diz Charlotte e eu fico ereta.

– Não estou triste.

É uma meia verdade e meus amigos me conhecem bem o bastante pra saber quando as coisas estão me chateando.

– Ah claro - murmura Álvaro. – Você só está com essa cara de velório desde que chegamos aqui.

– Não quero falar sobre o que aconteceu lá - engulo em seco. – Mudem de assunto.

– Afinal - Charlotte diz olhando pra Álvaro. – Você não estuda na Leste, porque estava lutando pra eles?

– Eu estava precisando do dinheiro que ganharia nas apostas - ele revira os olhos quando o olhamos esperando por mais. – Vocês sabem que não gosto de depender de ninguém e muito menos da minha família. O dinheiro vai ser o suficiente pra eu pagar uns três meses de aluguel enquanto os patrocinadores que consegui arrumam uma luta.

– Você vai ficar mesmo? - pergunta Charlotte e eu sorrio com sua esperança.

– Sim, mas vou ter que voltar em Los Angeles pra pegar minha mudança.

– Quando? - pergunto observando quando ele refaz o coque baixo.

– Hoje à noite ou amanhã de manhã - ele dar de ombros. - Preciso ir de ônibus pra poder vim de carro.

– E sua moto? - Charlotte pergunta levantando as sobrancelhas.

– Preciso que vocês tomem conta pra mim - ele pega meu bolo e come um pedaço.

– Só fico de babá se você der as chaves pra gente - digo e ele para o garfo no caminho da boca.

– Qual é, Linda - ele engole em seco.

– Isso ou nada - Charlotte me ajuda e ele revira os olhos comendo finalmente.

– Tá bom, mas sem machucar o meu bebê.

Char e eu comemoramos. Mal espero a hora de sentir o familiar vento contra o meu rosto quando estou a uns 100km/h.

– Conheço essas carinhas, se vocês apontarem usando minha moto, podem esquecer.

– Relaxa - lanço um sorriso tranquilizador pra ele.

– A gente vai se atrasar se não formos agora - Charlotte se levanta ao olhar seu relógio.

Levanto também e dou um beijo na testa de Álvaro e me despeço dele. Charlotte me para antes dela entrar no prédio de Enfermagem.

– Tem certeza que vai ficar bem? Você sabe, com tudo o que aconteceu.

A olho agradecida pela preocupação, mas vou dar um jeito de resolver essa situação.

– Tenho certeza sim - sorrio. – Relaxa, você sabe que eu sempre acabo virando o jogo.

Ela passa a mão pelo meu rosto antes de seguir pra sua aula. Os alunos correm apressados para não se atrasem para a aula e eu queria está assim, mas na verdade minha mente está trabalhando no meu plano. Duas garotas estão bloqueando a porta da sala e conversam animadamente, fico esperando elas me darem passagem mas parece que elas não me viram.

Uma Boa MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora