T W E N T Y T H R E E

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Ainda estou tomando medicações, mas não sinto mais dor de cabeça, é segunda e estou de volta a faculdade. Amanhã vou tirar os pontos e não paro de pensar que exatamente uma semana atrás eu estava deitada em uma cama sem entender bem o que tinha acontecido e também tudo o que eu decidir. Depois do jantar na terça passada não vi mais Kalil, ele está focado nos estudos e tenho no máximo dez minutos de antenção quando ele me manda mensagens.

Quando entro no refeitório foi como se eu tivesse entrado ali a primeira vez, pela primeira vez prestei atenção em como o lugar é decorado com as cores da escola e as paredes cheias de avisos ou inscrições para alguma coisa. A maior mesa já está cheia e encontro rostos conhecidos. Abro um sorriso quando me aproximo.

– O almoço não era mais o mesmo sem você - diz Nathan chamando a atenção de todos para mim.

– Duvido muito - meu sorriso cresce e ele abre espaço pra mim no banco.

Falo com os outros e Kalil que antes estava dando atenção ao seu celular agora está sorrindo pra mim. Tenho vontade de subir nessa mesa e o beijar na frente dessas centenas de pessoas, mas eu não posso, além de trazer um bocado de atenção eu também já tomei a minha decisão de desistir de nós.

– Você não vai comer? - ele pergunta franzido a testa para o vazio na minha frente.

– Os remédios me deixam um pouco enjoada - justifico e ele revira os olhos.

– Se você não comer aí sim que vai passar mal.

Jason estala a língua ao olhar pra nós dois chamando a atenção de todos ali.

– Vocês dois parecem aqueles casais de filme clichê - ele observa e ri.

Escondo o sorriso mas Kalil não. Não acho que seja verdade já que ele só está preocupado comigo.

– Não somos - digo no mesmo momento que Kalil fala "quem sabe."

Arregalo os olhos, se eu for desistir dele desse jeito não vai dar certo. Olho para a minha bolsa em meu colo e por um momento quase consigo ver o lugar onde deixei as 500 pratas de Nathan.

– Você está um pouco no ar - diz Charlotte que está sentada na minha frente. – Ainda fica tonta?

Ela diz isso um pouco alto demais e acaba chamando a atenção de todos que me olham preocupados. Abro um sorriso tranquilizador para eles.

– Eu estou bem, gente. Só pensativa.

Eles não parecem acreditar mas logo sumo do foco da conversa. Melhor assim. Kalil faz um gesto de que quer falar comigo depois e eu concordo com a cabeça, se for pra terminar que seja logo. Charlotte percebe a troca e balança a cabeça com os lábios torcidos. Eu comentei com ela que não seguiria com isso quando ele claramente se apaixonou por uma mentira. Ela não gostou nada dessa decisão.

Quando as aulas se encerram corro para o prédio de Ciências e espero por Nathan, tenho que deixar tudo certo. Ele sai acompanhado de dois caras e eles parecem entrosados em uma conversa e pergunto qual dos dois ele ja pegou. Provavelmente os dois. Solto um assobio e levanto a mão pra ele me notar. Seus olhos se apertam um pouco para me enxergar e ele diz algo para seus amigos e vem na minha direção sozinho.

– Você por aqui! - ele me dar um beijo no rosto.

– Preciso te dar algo - eu explico e ele sorri.

– Vou adorar se for um vibrador - ele sussurra e eu sinto meu peito ficar vermelho, mas agradeço a minha blusa por não mostrar.

– Você é um pervertido - rio abrindo a bolsa.

Uma Boa MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora