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ARIA

SEUL – CORÉIA DO SUL 13:34

Depois de um voo de 10 horas, desembarco em uma Coréia que me recebe com um calor que foge da minha realidade. Assim como Victor havia me orientado, um rapaz que aparenta ter uns 19 anos, está me esperando na saída do aeroporto com envelope pardo nas mãos. E assim que me aproximo ele já me entrega e me acomodo no banco de trás.

De repente sinto quando ele me encara pelo retrovisor.

- Fez uma boa viagem ? – o garoto de cabelos loiros que parece uma versão mais nova de Victor pergunta, com os olhos me analisando cuidadosamente.

- Sim. – respondo apenas isso, com meus olhos escondidos por um óculos escuro.

Alguns segundos passam quando ele decide começar a falar.

- Há quanto tempo está na Organização ? – acho que ele não percebe o suspiro pesado que sai da minha boca enquanto o carro começa a se movimentar pelas ruas .

- Há 3 anos. – respondo tirando os óculos, o encarando pelo retrovisor.

- Me desculpe, mas quantos anos você tem ? – ele questiona cético.

É, ele realmente vai querer manter a conversa.

- Você quer saber quanto deles eu já matei ? – minha voz sai em um tom desafiador e um pequeno sorriso surge no canto da minha boca, fazendo com que ele se mexa um pouco no banco parecendo incomodado.

- Soube que foram muitos... – sua voz é receosa – Muitos pra uma assassina com tão pouco tempo de treino.

Rio do seu comentário enquanto ele divide o olhar entre mim e os carros a sua frente.

- Não vejo a quantidade de pessoas que matei como um troféu. Ao contrário de alguns assassinos plenos, não fico desfilando pela Organização como se isso fosse uma disputa idiota.

Isso parece fazê-lo se calar por alguns minutos.

- A propósito... tenho 23. – digo olhando pela janela, mas consigo ouvir quando ele engole em seco.

Sempre tive essa reação quando encontrava com agentes mais novos por aí. Pra eles, eles não achavam possível que em apenas 3 anos uma pessoa pudesse ter a categoria de "assassino pleno", sem que tivesse ao menos 7 anos de treino. A questão era que eles nunca souberam ao que me submeti pra saber tudo o que sei.

As cicatrizes são provas disso.

- Victor me disse que você prefere trabalhar sozinha nos casos, não acha isso meio arriscado ? ... – ele volta a falar, parando em um sinal vermelho.

É, ele não vai calar a boca.

- Victor andou falando muito a meu respeito pelo visto. – digo com a voz séria e a expressão neutra – Já que sabe que não gosto de trabalhar com outros agentes, presumo que também saiba que odeio quando ficam me enchendo de perguntas. Quando Victor disse que alguém viria me buscar, não mencionou nada a respeito de um interrogatório.

Minha voz não esconde a irritação e vejo que ele arruma a postura no banco, voltando a atenção as ruas deixando o interior do carro em completo silêncio até chegarmos no hotel que fica no centro de Seul. Assim que ele para em frente ao enorme prédio, abro a porta e pego minhas coisas dispensando sua ajuda e vou em direção ao hall do hotel.

(...)

Olho o espaço do quarto que na verdade tem o tamanho de um apartamento completo, e que agora será a minha "nova casa" durante o tempo em que eu estiver aqui.

COLD BLOOD  (Kim Taehyung)Onde histórias criam vida. Descubra agora