Capítulo 1

9.5K 792 666
                                    

Aquela noite seria um desastre

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aquela noite seria um desastre.

E não é porque todas as coisas conspiravam para minha afirmação, mas sim, porque eu sentia no fundo do meu ser que aquela noite mudaria tudo em Prythian.

Espiro, sentido o cheiro dos girassóis.

Talvez eu estivesse ficando paranóica com apenas uma comemoração. Sim, só podia ser isso.

Olhei para as estrelas reluzentes no céu, sempre gostei mais delas do que das flores, era como se me chamassem para um lugar distante.

Balancei a cabeça, eu com certeza estava paranóica.

— Você não vai se arrumar? — Faye se aproxima.

Seus cabelos vermelhos como o fogo estão presos em um rabo de cavalo, e seus olhos ébanos me fitam com destreza.

— Você tem que parar de ser tão chata com tudo.

— É uma comemoração importante, Taryn — ela cruza os braços. — Você precisa se arrumar.

— Está bem, Faye — levanto as mãos em alto.

Faye é humana e gosta bastante de seguir o certo. Conheci-a uns oito meses perto do local que ficava a antiga Muralha.

É confuso pensar que os feéricos e humanos foram divididos por uma parede enorme.

Mesmo depois de dois séculos pós Muralha, o Reino Mortal e Prythian ainda se estranham, mas conseguem conviver em paz, contribuindo com ajuda se necessário.

Muitos deles vivem em vilas na Corte Primaveril, o nosso território foi o primeiro a adotar essa ideia que veio da minha mãe, Faye é de lá.

Dou um pulo me erguendo, ela faz uma careta, dizendo:

— Jamais irei me acostumar com as habilidades feéricas.

Solto um riso nasalar e andamos juntas para a casa no alto da montanha, durante o percurso me peguei observando a pequena cidade lá em baixo.

Era colorida, mas nem tanto. As luzes, flores e especiarias adornavam o lugar a deixando bonita, mas mesmo assim, sempre me pareceu que faltava algo.

— No que está pensando? — Faye pergunta me tirando de meus devaneios.

— Em como a Primaveril ainda é sem vida — minha voz saí baixa. — Mesmo depois de duzentos anos, os feéricos ainda tem um pé na frente e outro atrás com o meu pai.

Os olhos ébanos dela ficam mais escuros, quando replica:

— Tamlin não foi lá o melhor feérico quando cometeu aquelas inúmeras atrocidades, Taryn.

— Eu sei — ergo mais a coluna —, não é que eu esteja tentando passar pano nas coisas que meu pai fez, eu jamais faria isso. Contudo a questão é, algumas pessoas merecem segundas chances, se estiverem dispostas a mudar. Por mais que os outros nos vejam como criaturas perfeitas, nós ainda erramos, é a lei natural das coisas. Meu pai ainda tem um longo caminho pela frente até a redenção com o seu passado, e as mudanças já estão acontecendo, consigo sentir.

Corte de Primavera e Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora