Capítulo 34

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Eu dormia, pois me forçaram a dormir

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Eu dormia, pois me forçaram a dormir. Sopraram fumaça espiralada e doce pelas grades da cela de ferro em que fui colocada.

As únicas coisas que me resta são os sonhos. Flutuo pelos mares, florestas e lugares distantes. E quando me deixam acordada apenas para comer, meus pensamentos vagam até às pessoas que amo.

Como elas provavelmente me esqueceriam. Anakin — e toda Prythian — devem me odiar pelo que fiz. Serei lembrada por meu completo fracasso em salvar uma amiga que jamais existira.

Quebrei todas as promessas sobre não deixar meu lar ser destruído. Sou um nada.

Tentei acompanhar os dias.

Mas não sei quanto tempo eles me mantiveram na cela de ferro. Por quanto tempo me forçaram a dormir, embalada no esquecimento pela fumaça.

Dias, meses, anos talvez. Não importa mais, tudo que amo será partido por fêmeas que voltaram dos mortos.

Prefiro dormir, dormir para nunca mais acordar. Desejo a morte mais que tudo.

Não tenho mais o elo que me liga a Anakin, me sinto oca por dentro. Meus pais e amigos provavelmente torturados pelas irmãs...

Mais fumaça volta a soprar na cela, já não resisto mais, apenas me deito e deixo que me levem para algum lugar distante.

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Estou flutuando. Ao meu redor tudo tem a mais variação da cor verde, de um jeito pastoso, brilhante e límpido.

Fracassei. Rápido demais tudo ruiu diante dos meus olhos. E todos vão sofrer por minhas escolhas.

Despenco, estou caindo, enquanto o lugar se torna feio, destruído, sem vida. Caio em uma grama morta.

Finco minhas mãos no chão, sentindo a terra tóxica entrar nas unhas. Amarantha deve estar fazendo mais um dos seus jogos mentais.

Não sei por quanto tempo fico deitada no fundo do que quer que seja isso, mas por fim, a fêmea começa a caçar de novo, pouco mais que sombras de pensamentos e malícia conforme seguem de memória em memória, me fazendo com que veja todos os erros que cometi ou mostrando futuros em que tudo são cinzas. Que continuassem com isso, eu não ligo mais.

Um arranhar e esmagar de sapatos soa, então alguém senta ao meu lado. Sequer dou o trabalho de olhar, deve ser uma das irmãs.

— Há muito tempo, uma profecia se perdeu pelo seu mundo — diz uma voz que não reconheço.

Me viro apenas para ver uma fêmea feérica de pele negra, cabelos brancos e olhos que tendem para essa cor ou cinza, não consigo decifrar. Ela parece jovial entre os vinte e cinco anos, mas sei bem que deve ter muito, muito mais que isso.

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