Um mês se passou desde o final da guerra contra Amarantha e Clythia.
Um mês que eu agradeço todo dia por termos sobrevivido.
As despedidas com as outras Cortes foram calorosas, todos reafirmaram manter suas promessas para finalmente conseguirmos caminhar para um futuro melhor.
Drakon e Myriam passaram uma semana em Velaris conosco, e aproveitaram ao máximo.
As irmãs não causaram danos graves a cidade, mas muitas construções foram destruídas e o povo oprimido. Passei metade do meu tempo ajudando reerguer Velaris, assim como outros lugares de Prythian.
E continuo me esforçando ao máximo para ajudar a todos.
— Você anda muito pensativa ultimamente, Taryn — Akinli aparece na sala com um sorriso travesso.
— Eu diria aproveitando cada segundo — ele ri.
— Agora que Helion e Amren conseguiram desfazer o livro, o que vai acontecer?
O Livro dos Céus deu muito trabalho para separar-se novamente. Tiveram que usar uma quantidade enorme de feitiços.
— Bem — respondo pensativa. — Informei onde cada parte estava, tenho certeza que Amren vai as devolver.
— Menos o Passado e o Futuro, certo?
— Menos o Passado e o... — solto um suspiro distante. — Futuro.
Agora que toda essa loucura passou, finalmente pude descansar direito, acabei pensando muito em Erilea. Em Terrasen. Ah! O que eu não daria para ter o prazer de ir lá de novo.
— Será que um dia conseguiremos visitar esse mundo? — Akin cogita a ideia.
— Sinceramente? Não sei — pigarreio. — Desejo com toda minha alma que que sim, mas é... — balanço a cabeça me lembrando das palavras de Serina— Improvável.
— Amren não está trabalhando nos livros que encontrou de Clythia e Amarantha?
— Sim, contudo, vai demorar até que consiga decifrar a língua mesmo que cada segundo estudando — ri. — E nem sabemos se realmente há algo que fale sobre viagem entre mundos.
— Espero que tenha.
— Você é muito sonhador, Akinli — ele dá de ombros.
— Talvez. Gostaria de ver mamãe com a tal Aelin Galathynius.
— Daria uma dupla em tanto — estremeço.
— Também gostaria de conhecer Serina Galathynius — me lança um sorriso malicioso. Balanço a cabeça rindo.
— Acho que devemos ir, já está quase na hora da comemoração.
Ele concorda, então seguimos para fora. As reformas na Casa do Rio foram finalizadas e viemos para cá.
Não que eu tenha me mudado definitivamente para Velaris, ainda é uma pauta aberta para mim. Amo minha Corte mas também amo esse lugar, de qualquer modo, passo ora lá, ora cá. Afinal, tenho muito tempo, não preciso me preocupar com isso agora.
O quintal atrás da casa, dá a visão direta ao mar, os barcos estão terminando de se posicionar para soltar os fogos.
Mas algo me chama atenção antes disso. Akin se junta a Aster e Azriel para conversar. Nestha ri quando Cassian susurra em seu ouvido. Elain e Lucien — que agora comprou uma casa na cidade — falam calmamente. Amren e Varian sorriem um para o outro bebericando o vinho, e Mor trouxera Eleanor — uma fêmea de pele negra e grossos cabelos cacheados — seus olhos transbordam de paixão.
E sentados em uma pequena mesa estão papai e mamãe de um lado, Feyre e Rhysand do outro, observando silenciosamente o mar.
O que sucedeu Sob a Montanha, fez com que consigam suportar-se. E, mesmo sabendo que isso jamais se transformará em uma amizade, fico feliz com a imagem.
Suspiro contente, então vou atrás do meu parceiro. Anakin está na varanda, as estrelas, claras e baixas adornavam o céu azul escuro. Achei que nunca mais o veria, mas cá estou eu, desfrutando dessa alegria.
Ele senta em uma daquelas pequenas cadeiras de madeira. Apenas ele, as estrelas, e o mar.
Sento em seu colo e deixo que me abrace. Ficamos em silêncio por um longo tempo. Sua mão sorrateira desce pelo meu vestido verde claro até subir por minha coxa. A chama abrasadora cresce entre nós.
Me viro para segurar seu rosto. Seus olhos antes transmitiam fúria, ou a completa calmaria. Mas agora... Agora são ambos, encontraram a perfeita harmonia.
Ele me beija levemente, suas asas farfalham quando nos move da cadeira levantando vôo para o céu estrelado. Ani me solta, e eu plano suavemente para fora de seus braços, me deliciando com o vento morno que acaricia cada centímetro.
— Tenho algo a lhe mostrar — digo a ele.
— Vá em frente — sorri.
Respiro fundo e então transmito o amontoado de nossas memórias e sentimentos, bons e ruins. Quando termino seus olhos reluzem.
— Pode fazer de novo? — pede.
— Não — rio. — Temos muito tempo ainda.
Ele gargalha. Abaixo de nós a Cidade de Luz Estelar fluí música dos cafés diante do rio. Pessoas sorriem conforme caminham de braços dados pelas ruas e atravessm as pontes que se estendem sobre o Sidra.
Me viro a tempo de ver o primeiro fogo de artifício explodir sobre o céu em tons de azul e roxo.
Sorrio.
Por algum motivo isso marca que as engrenagens de Prythian finalmente começaram a se mover depois de um longo tempo paradas. Mas de um jeito diferente. De um jeito melhor, é como se tivéssemos jogado o passado fora para procurar o futuro.
É claro, sei que ainda vem muita coisa por aí. Mas derrotaremos toda escuridão com nossa luz.
Ani pega a minha mão e começamos a voar entre as nuvens, estrelas e fogos. A cidade lá em baixo festeja.
Se me falassem a quatro meses atrás que eu seria a pessoa mais feliz do mundo, com certeza riria. Sim, ainda estou quebrada — todos nós estamos — mas sei que vamos superar.
Tenho Anakin ao meu lado. Ele me ajudará. E eu o ajudarei.
A eternidade nos aguarda.
Juntos.
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Quote:
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Corte de Primavera e Escuridão
FanfictionDuzentos anos se passaram desde que Prythian se libertou das garras afiadas de Hybern. Feyre e Rhysand tiveram filhos, e o primeiro é Anakin, um dos jovens mais poderosos do mundo. Enquanto isso Tamlin tenta se reerguer após a crise que se estendeu...