Mesmo com Joel reclamando do meu atrevimento entrei no quarto para limpar aquele pequeno caos que o mesmo havia causado, com a mão cortada do jeito que estava ele não daria conta de fazer nada mais do que assinar cheques.— Ally, me diga que esse estrago todo na lixeira foi um acidente e que Joel não tenha visto isso. — Eleanor olhava assustada para o amontoado de cacos no saco de lixo.
— Saiba que foi ele quem fez esse estrago. — Ela me olhou sem entender então esclareci. — Tem a ver com a herança que ele tem que receber.
— Os pais. Envolve mais que a herança Ally, a morte dos pais deixou Joel perdido completamente. — Explicou uma pequena parte da confusão interior que estava deixando-o atordoado a ponto de destruir tudo ao seu redor.
— É compreensível, eu o entendo. — Senti uma pontada, já estava perto de completar um mês da morte de meus pais e isso fez com que eu entendesse completamente o surto dele, pois minha vontade era poder fazer o mesmo.
— Como? — Eleanor parou o que estava fazendo e lançou um olhar um tanto quanto materno.
— Perdi meus pais recentemente, Eleanor.
May 13th
O dia amanheceu nublado, triste assim como meu emocional e o de Sophie. Durante para a escola o silêncio se fez presente e não havia o que falar, eu sabia o que se passava na cabeça dela e ela na minha.
— Tá entregue mocinha. — Sophie se virou e vi que a qualquer instante ela iria desabar. — Ei, não chora! Sobrevivemos bem a esse primeiro mês e vamos sobreviver pelos próximos melhor ainda.
— Bom trabalho Ally, amo você e obrigada. — Com um abraço rápido ela entrou.
Hoje é aquele dia que eu queria ter ficado na cama, um mês do acidente e eu ainda busco forças para lidar com o fato.
Não é como se o acidente com Joel tenha melhorado nossa convivência, mas as coisas básicas como "bom dia" e "obrigado" já eram pronunciadas com mais frequência por ele. Como de praxe: a casa totalmente vazia, a lista de afazeres a minha espera e agora definitivamente meu dia começaria. A cada cômodo que limpava minha mente viajava longe e mais uma vez fiquei olhando a foto em que estava Joel e seus pais, ele sabia como ninguém a dor que eu estou sentindo e como nós lidamos de formas diferentes com ela. Ele prefere quebrar tudo e eu, bom, choro pelos cantos, como agora.
— Allyson? — A voz de Joel se fez presente no ambiente. Tentei limpar as lágrimas correndo mas foi em vão ao olhar detalhista dele.
— Precisa de alguma coisa, senhor? — O encarei mesmo que isso demonstrasse meus olhos vermelhos. Ele estava de mal a pior também.
— Preciso entender por qual razão você aparentemente esta pior que eu. Não que seja da minha conta, apenas estou curioso para saber porquê não está sorrindo pelos cantos de Miami como se tudo fosse lindo. — Deu um meio sorriso no final, tentando demonstrar que não estava caído como eu.
— Você é sempre grosso quando se preocupa com alguém? — Revidei processando apenas o final de tudo que ele havia falado. — Faz extamente um mês que perdi meus pais, não está sendo fácil lidar com tudo isso. Você não é o único com um buraco no peito vazio repleto de saudade e dor. — Encostei na parede e cruzei meus braços, algo dentro de mim pedia pra perguntar o porquê dele estar mal também, então o fiz. — E você, o que tanto te aflige?
— Herança e advogado na mesma sentença. Ele quer arquivar o processo de liberação pois ainda não cumpri e provavelmente não cumprirei com o que foi determinado. — Passou as mãos pelos cabelos como se estivesse prestes a surtar.
— Case-se com alguém em Las Vegas, anuncie a vida que a pessoa poderá levar pelos próximos seis meses e rapidamente alguma interesseira vai bater na sua porta. — Disse de forma óbvia, não era nenhum mentira.
— Jura, Allyson? Teve que usar quantos neurônios para chegar a essa brilhante conclusão? — O tom irônico era indispensável em cada palavra.
— Está vendo solução mais fácil pra esse problema? Não.
— Eu preciso de alguém de confiança, Allyson. Que entenda que sentimentos não poderão ser colocados nessa relação de negócios, alguém que haja como se nada estivesse acontecendo e que possa usufruir do dinheiro de forma correta. — Se encostou ao meu lado na parede e ali ficamos alguns segundos em silêncio olhando para o nada.
— Boa sorte na sua busca, você vai achar alguém, senhor León. — Acordei do desaveio e me preparei para terminar o trabalho.
— Espera! Eu acho que encontrei a pessoa certa para isso. — Desencostou rapidamente como se tivesse avistado uma luz no fim do túnel. Então, o encarei com uma certa dúvida, sem entender absolutamente nada.
— Bom, vejo que ajudei a pensar em alguém, fico fe..... — Fui brevemente interrompida pela resposta mais absurda que poderia sair da boca dele.
— Você Allyson, você é essa pessoa.
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Choices.
FanfictionA vida tem o poder de fazer com que diferentes caminhos sejam cruzados a todo instante, no entanto o que eles menos esperavam é que por uma fatalidade cruel teriam que lidar com suas diferenças para atingir seus objetivos momentâneos. Ela precisava...