Cinco ou seis coronas.

663 66 13
                                    

A casa que chamamos de lar estava uma zona, literalmente. Eu não sei de onde eles tiraram tanta gente assim, mas estava mais lotado que balada em sábado. A música eletrônica alta fazia com que eu andasse pela casa com as mãos no ouvido, além de ter que desviar de diversos grupinhos parados no meio do caminho.

Joel estava a um passo de surtar e mandar todo mundo embora, dava para perceber o sangue fervendo. Sua mão estava entrelaçada na minha — era assim que estávamos passando pelo mutirão de festeiros — e ele a segurava tão forte que talvez nem estivesse percebendo. Subimos as escadas até o segundo andar e pelo menos lá a coisa estava um pouco mais tranquila.

Chris e os outros meninos trancaram as portas dos quartos, inclusive a do nosso quarto.

— Me fala um motivo para eu não matar os quatro. — Joel esbravejou com a mandíbula travada.

— Eles são seus amigos.

Ele bufou e encostou a cabeça na parede do extenso corredor.

— Por isso mesmo.

— Eles já devem ter te tirado de alguma enrascada.

Dessa vez ele me olhou com um sorriso engraçado no rosto.

— Eu lembro bem que me disseram que você brigou em algum bar... — Provoquei.

— Briguei. — Confirmou — Mas foi sempre eu que tirava eles de algum problema.

— Você pode fazer com que eles limpem toda a bagunça amanhã.

Ergui a sobrancelha porque mesmo não conhecendo Joel há tantos anos quanto eles conhecem, eu sabia que isso deixaria ele mais leve.

— É por isso que eu te amo. — Respondeu me dando um longo selinho.

Levei minha mão ao seu cabelo e o baguncei, não gostava de ver seus cachos todos alinhados por causa do gel. Ele fechou um dos olhos e mostrou língua e eu respondi com um abraço inesperado. Não sei quem estava precisando mais, eu ou ele, mas no final das contas os pequenos gestos eram importante para os dois.

Nos desvincilhamos do abraço quando um barulho alto de vidro quebrando veio do andar debaixo. Joel contou até cinco baixinho e isso fez com que eu risse, mas logo me calei e coloquei a mão na boca.

— Sophie está em casa? — Ele questionou.

Abri e fechei a boca algumas vezes, espantada em como esqueci da minha própria irmã. Mas é que ela anda passando tanto tempo na casa das amigas, para fazer trabalho ou estudar, que pensei que hoje seria assim.

— Onde essa garota de meteu?

Joel riu de um jeito irônico, como se tivesse pensado em algo. Ou alguém.

— Eu não vi o Erick. — Foi tudo o que ele disse, e não bastou mais para que uma pulga do tamanho de um elefante se instalasse na minha orelha.

Puxei a mão de Joel com rapidez, que fez ele resmungar, e fui em direção a escada para procurar minha irmã desaparecida.

Avistamos Richard, Zabdiel e Chris conversando com três meninas. Rich fez menção de se levantar, mas Joel respondeu mostrando o dedo do meio e os três riram. Era bom vê-lo assim, mesmo em uma situação nada boa.

Fomos para a área externa e de longe era meu lugar favorito na casa. O jardim era maravilhoso, com a grama bem verdinha e várias mudas das mais diversas flores, todas maravilhosas. Mais para o fundo o arco de flores brancas tinha o destaque; Joel comentou que quem plantou todo o jardim foi sua mãe e é por isso que ele se dedica tanto para que ele continue igual como ela deixou. Uma mesinha redonda e de vidro ficava embaixo do arco com cadeiras de palha.

Choices.Onde histórias criam vida. Descubra agora