Dime amor que no te duele la cabeza.

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Dor de cabeça, o teto do quarto rodando e Joel sem camisa do meu lado. Os flashes da noite passada atingiram minha cabeça rapidamente me fazendo lembrar de cada segundo da noite passada.

Os arrepios que senti ao lembrar dos toques de Joel foram fundamentais para eu tentar recuperar um pouco da sanidade que ainda deveria ter. Mas o beijo, eu não queria esquecer o beijo e nem o calor que percorreu cada pedacinho do meu corpo.

Agradeci mentalmente pelas cortinas estarem fechadas e por Joel estar em um sono pesado, ele dormia tranquilamente. Seu cabelo estava em uma bagunça linda, seus detalhes faziam com que eu quisesse repetir cada segundo da noite passa porém sem meu sono e consciente dos meus atos.

Levantei indo em direção ao banheiro, não consegui dar dois passos sem trocar minhas pernas e quase cair de cara no chão. Enquanto a água caia, minha mente trabalhava a todo vapor.

Como olharia para Joel? Perguntaria algo? Esperaria ele falar sobre? Como levaria essa viagem a diante se praticamente o pedi que deixasse tudo de lado por aquele momento e se entregasse assim como eu estava entregue ao momento?

— Allyson? — Sua voz rouca fez com que eu saísse do transe.

— Estou saindo. — Respondi rapidamente desligando o chuveiro e enrolando em uma toalha.

— Pedi nosso café, leve o tempo que precisar. — Assim que abri a porta vi que a bagunça no chão estava arrumada e ele terminava de pegar algo em sua mala, certamente estava pegando alguma peça de roupa.

— Obrigada e bom dia! — Passei por ele indo em direção a algumas roupas que havia deixado no armário. Ao contrario de Joel, me preocupei em desfazer as malas para evitar essa dor de cabeça.

— Vou tomar uma ducha rápida. Tem um analgésico com um copo de água a sua espera. — Saiu andando em direção ao banheiro, o clima estava pesado entre nós dois e estava me incomodando profundamente.

— Joel, o que nós supostamente fizemos ontem? Eu não me recordo de quase nada. — Usei o melhor tom de desentendimento que tinha, precisava saber se ele se lembraria também.

— Eu não consigo lembrar exatamente. Nós bebemos muito e talvez eu consiga lembrar de alguns flashes momentâneos depois, mas garanto que não fizemos nada além. Impossível. — Joel adentrou o banheiro batendo a porta, certamente estava incomodado com meu questionamento logo pela manhã. Ele não se lembrava e eu não falaria, já que para ele seria impossível algo acontecer.

Terminei de me vestir e sentei na varanda do quarto a espera dele para tomar café, por mais que a vontade era de largar Joel e ir me aventurar em alguma programação que estava no folheto em cima do criado mudo ao lado da cama, ainda o esperaria para saber a resposta dele. Tomei o remédio na esperança das pontadas passarem na velocidade de um cometa, a luz estava piorando e depois daquela noite eu iria levar a lição de não abusar do álcool outra vez, nunca mais se possível.

— Ainda sem comer? — Joel saiu do banheiro com a tolha enrolada em sua cintura e outra e suas mãos secando o cabelo.

A visão só estava piorando minha capacidade de raciocinar algo pela manhã. As gostas escorriam por seu corpo fazendo com que meus olhos as seguissem até sua cintura descoberta.

"Alysson, foca em outra coisa, foca em tudo menos nas cenas da noite passada e na visão de agora, semi nu em sua frente." — Minha mente estava gritando e implorando para que eu parasse de encarar Joel daquela forma.

— Estava esperando por você. Fiz mal? — Perguntei voltando a olhar o roteiro de viagens.

— Não, mas se quisesse comer eu não me importaria também.  — Com o que ele realmente se importava? A vontade de rebater foi alta, mas estava cansada demais para encarar no seu mau humor matinal.

Comemos calmamente sem nenhum tipo de conversa. As vezes que tentei falar algo ele apenas respondia com "uhum",  "aham", "você que sabe", dentre as mil coisas que ainda teria que entender sobre Joel é que ele odiava qualquer tipo de diálogo pela manhã, mais do que durante o restante do dia.  No entanto tinha que perguntar se ele gostaria de sair do quarto e  aproveitar um pouco da viagem que ele mesmo pago.

— Vou passar o dia fora, estava lendo algumas sugestões e passeios e acho que vou aderir algumas, mas antes vou ficar na praia. Vai ficar trancado ou vai comigo? — O olhei esperando uma resposta diferente da que já estava em minha mente.

—Diga que sua dor de cabeça melhorou completamente e eu talvez mude de ideia. — Riu ao afirmar que estava três vezes pior que eu por conta do exagero da noite passada.

— Como preferir, com dor ou sem dor eu vou. — Sorri de volta terminando o suco que estava em meu copo. Joel apenas de ombros e voltou a comer. Levantei pegando o biquíni em cima da cama e indo em direção ao banheiro para trocar de roupa.

Sophie havia acertado na cor de no modelo, mas deveria ter acertado em algo mais fácil de se amarrar, ou eu era muito desajeitada que nem um laço conseguia fazer sem quase ficar sem ar.

Contragosto, voltei ao quarto segurando a parte da frente com uma mão parando de frente ao grande espelho que tinha ali. Pelo reflexo vi Joel deitado com o rosto no travesseiro, seus pés mexiam demonstrando sua ansiedade por algo que eu não tinha ideia.

—  Vai ficar o dia todo deitado, emburrado e com o rosto no travesseiro? — Perguntei enquanto tentava amarrar o biquíni novamente.

— Se eu for fazer esses programas de viagem, você vai parar de falar na minha cabeça? — Joel levantou vindo em minha direção.

— Pode soltar. — Disse afastando meu cabelo, automaticamente abaixei a cabeça tentando não olhar para ele através do espelho. Foi em vão, pois quando senti seu toque, automaticamente meu corpo se arrepiou e ele percebeu também. Em um sobressalto, encostei meu corpo ao dele fazendo o calor sentido na noite passada  correr em minhas veias outra vez.

Quando senti seus dedos finalizando o laço levantei meu olhar para o nosso reflexo encontrando seus olhos fixos nos meus.

Senti que sua respiração estava ofegante, assim como a minha. Suas mãos tomaram um caminho diferente do que eu imaginava, seus dedos desceram pelos meus ombros fazendo um carinho nunca sentido. Meus olhos fecharam instantaneamente ao sentir o toque sutil em minha pele. Deixei que o momento nos guiasse, não relutaria ao desejo que estava sentindo em relação a ele. Encostei minha cabeça em seu ombro enquanto suas mãos passeavam pelo meu corpo, tocando cada parte com delicadeza. Seus lábios se aproximaram da minha pele tocando-a com beijos lentos fazendo cada célula do meu corpo se arrepiar e pedir por mais, mais do que estávamos fazendo e sendo.

— Allyson, isso vai ficar mais estranho do que já está. — Disse se afastando voltando a sentar na cama com o rosto entre aos mãos.

O olhei séria, não queria demonstrar o quão chateada estava com as atitudes contraditórias dele. Antes de pensar em entrar em uma discussão idiota peguei meu celular e uma bolsa e fui em direção a porta voltando a olhar em sua direção.

— Vai sim, vai ficar estranho graças a você e sua mania de falar algo e agir completamente ao contrário. — Não quis esperar sua resposta, afinal ele não tinha como argumentar contra os fatos .

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