Choices.

Estamos fazendo algo certo.

Se eu dissesse que tinha conseguido dormir direito na noite passada, estaria mentindo.
Sophie me ajudou a pesquisar algumas lojas que reservavam roupas online e depois de tanta indecisão, eu tinha achado um vestido que achava estar à altura dos amigos de Joel.
Tirando isso, Soph também me ajudou escolhendo um salão de beleza e marcando o meu horário.

Tudo isso por conta do maldito jantar que Joel tinha me avisado ontem. Em cima da hora. Como se eu tivesse vestidos caros para ir a um deles.

Depois de pensar sobre tudo isso com a cabeça escondida no travesseiro, ouvi os passos de Soph pelo corredor e percebi que ela tinha acordado. Bastou alguns segundos para ela girar a maçaneta da porta e adentrar o meu quarto, com um rabo de cavalo todo bagunçado e a escova de dente na boca.

— Preparada para o seu dia de cinderela? – Entendi com dificuldade o que ela tinha dito, já que ela estava com a boca cheia de espuma da pasta de dente, mas quando compreendi o que ela quis dizer, atirei uma almofada, e ela berrou em reprovação.

Levantei da cama e fui em direção a cozinha. Eu não teria que ir trabalhar, não mais, porém Sophie ainda tinha escola. Depois de fazer um café da manhã improvisado e rápido, já que ela estava atrasada, dei um beijo de bom dia na pirralha e ouvi a porta sendo fechada.

Meu horário do salão de beleza estava marcado para as dez, porque de acordo com a atendente de lá, todos os procedimentos que eu iria fazer levaria tempo. Logo eu, que odeio salões de beleza.

Era isso, meu dia iria ser longo.

Algumas horas depois.

Como previsto, cheguei as dez no salão de beleza, mas só fui atendida as onze. O que já tinha me deixado um pouco estressada, mas tudo bem, eu entendi já que Andrew, o meu cabelereiro do dia, tinha me explicado que eu tinha escolhido um péssimo dia para marcar horário ali, porque a agenda toda deles estava reservada para uma noiva que se casaria no dia de hoje.

Parece até piada, mas não era. Vi com os meus próprios olhos uma moça loira adentrando o local e indo em direção a uma senhora, provavelmente dona do estabelecimento. Elas pareciam se conhecer a tempos e depois de uma breve conversa, pude ouvir algumas palavras relacionadas ao casamento que aconteceria em algumas horas.

Enquanto Ruth pintava minhas unhas, a hidratação que Andrew havia feito estava agindo em meu cabelo. Entre uma conversa e outra, Ruth me contou algumas coisas de sua vida e eu, que adoro uma conversa, achei chato não falar nada sobre mim. Mas eu deveria ter ficado calada.

— E você, garota? Está se arrumando toda para quem? – Ruth me questionou, enquanto passava um daqueles óleos secantes na minha unha – Ou é para você mesma? Porque recomendo isso para todo mundo. Um dia de beleza para si mesma.

— Na verdade, são as duas coisas. – Respondi, querendo contornar a situação – Tenho um jantar importante hoje para o meu... hum... – Fiz uma breve pausa – Para o meu noivo, mas também estava precisando me cuidar. – Sorri.

Pensei em não dizer nada sobre Joel, mas eu estava em um salão de beleza bem famoso na cidade, não arriscaria dizer que estava solteira para depois alguém me ver em algum lugar com um anel gigante no dedo.

Antes de Ruth conseguir responder, Andrew a interrompeu e espalhou para o salão de beleza inteiro que tinham outra noiva, e essa seria eu.
Todos os olhares se voltaram para mim, inclusive o da moça loira que se casaria hoje, que berrou lá do outro lado do salão "espero que você não se estresse tanto quanto eu", e eu apenas sorri em resposta. Sorri de nervoso, pois não sabia o que dizer. Felizmente, Andrew já começou um novo assunto e o meu noivado foi esquecido, pelo menos por ora.

Após fazer tudo o que tinha direito, me olhei no espelho e me enxerguei de um jeito que fazia anos que não me via. Meus cabelos estavam com alguns cachos na ponta e minha maquiagem estava on point. Sem tirar nem por.

Já dentro do táxi, percebi que deveria me cuidar mais, mesmo sem ter nenhum compromisso especial. Deveria fazer isso por mim.

Passei na loja que havia reservado meu vestido e após prova-lo, resolvi que era ele mesmo que eu levaria.

No caminho para casa, desbloqueei meu celular e vi algumas mensagens de Joel confirmando sobre o jantar de hoje.

Joel: Tudo certo para hoje? Passo as sete. Não se atrase.
Joel: Por favor.
Joel: Hehe.

Rolei os olhos e um sorriso natural brotou em meus lábios.

Ally: Dia longo. Sua culpa. Até as sete!

Cheguei em casa e quando olhei no relógio, já eram seis e meia. Tinha meia hora para tomar banho e me vestir. Felizmente, deu tempo de fazer tudo. Estava terminando de colocar o salto quando ouvi meu celular tocando.
Olhei para a tela e o nome de Joel apareceu nela. Atendi e ele me disse que já tinha chego, então avisei que iria descer.

Peguei uma bolsa nude, para combinar com o meu salto, e me olhei no espelho pela última vez. Arrumei meu vestido e passei as mãos pelo cabelo. Respirei fundo e pedi bem baixinho para que tudo desse certo.

Desci pelo elevador porque ninguém merece ter que descer a escada de salto alto, e quando cheguei na portaria do meu prédio já avistei um carro altamente luxuoso parado em frente a ele. Joel estava encostado na porta do motorista, com as duas mãos no bolso da calça. Nem ao menos percebeu que eu estava em sua frente.

— Oi, Joel. – Falei e ele automaticamente levantou aos olhos para me olhar. Foi quando percebi o quão bonito ele estava. Digo, ele sempre está, mas hoje estava diferente. Era como se ele estivesse sendo... ele mesmo.

— Oi, Ally. – Respondeu me olhando nos olhos – Você está...

— Diferente? – Completei – Sim, precisei. Não acho que ir de calça jeans e tênis seria adequado para o jantar que você me convidou.

— Realmente, não seriam. – Ele riu. Estava começando a me acostumar com isso – Mas além de diferente, você está linda. – Respondeu e logo deu a volta no carro e abriu a porta do passageiro para que eu pudesse entrar. Sentei no banco e o olhei, sorrindo em resposta.

Após alguns minutos dirigindo, finalmente havíamos chego em uma mansão, do outro lado da cidade. Os portões eram altos, iguais ao da casa de Joel. Permaneci calada observando todos os detalhes, enquanto Joel abriu o vidro e apertou um botão, provavelmente o interfone. Percebi que haviam duas câmeras apontadas para o carro, e então uma voz masculina saiu do interfone, fazendo com que eu e Joel assustássemos.

— Dá pra parar de gritar, Christopher? – Joel respondeu – Abre logo o portão, cara.

— Abro. – Disse o garoto, Christopher, com a voz um pouco menos ardida – E eu não estava gritando.

Percebi que Joel rolou os olhos e eu ri disso, mas ele não percebeu. Logo o portão se abriu e Joel dirigiu até o estacionamento da residência. Percebi mais alguns carros, talvez uns seis, e entendi que seria um jantar grande.
Antes de abrir a porta do carro, Joel tateou em seu bolso e quando achou, estendeu a mão para mim com uma caixinha preta nela.

— Não dá pra eu te apresentar como minha noiva sem um anel no dedo. – Joel abriu a caixinha preta e meus olhos automaticamente fixaram no anel. Ele era maravilhoso e totalmente simples, mesmo sabendo que tinha custado quase o meu apartamento todo.
Um sorriso se instalou no meu rosto e não tratou de sair pelos próximos segundos. Peguei o anel e quando ia colocar no meu dedo, Joel o pegou de mim e eu o olhei sem entender.

— Pelo menos vamos fazer uma coisa certa. – Ele disse e eu continuei sem entender – Eu vou colocar o anel no seu dedo, Allyson.

— Ah. – Foi o que consegui responder.

Estendi a mão para ele, que a pegou e passou sua mão dedo por dedo, até chegar no anelar. Quando o anel já estava quase todo no meu dedo, ele me olhou e seus olhos escuros me fitavam e eu pude jurar que uma tensão estava começando a existir. Quando percebi, já estava com o anel todo no dedo e Joel já estava virado para frente novamente.

— Vamos, antes que eles pensem que desistimos.