Dia de leilão.

529 60 27
                                    

A noite tinha começado bem, sabia disso porque eu e Joel estávamos juntos o tempo inteiro. Nunca tinha ido a leilão nenhum, mas não era de se espantar o quanto as pessoas se arrumavam para eventos como esse.

Tínhamos nossos lugares demarcados em uma mesa no centro. Joel puxou a cadeira para que me sentasse e eu o agradeci com um olhar cúmplice, mas de total compressão. Ele apenas sorriu e beijou o canto da minha boca.

A mesa tinha mais talheres do que eu tenho de dedos na mão e só em meu sonho saberia usar tudo aquilo, mas resolvi não surtar a respeito disso.

Era engraçado ver como os meninos se comportavam de um jeito diferente nesses eventos. Sempre soube que eles tinham dinheiro, pelos carros e os lugares que frequentam, mas eu só conhecia a parte brincalhona e festeira deles e foi bem diferente vê-los de smoking e com a postura ereta na cadeira, com guardanapos de pano no colo.

— Está tudo bem? — Joel se inclinou para o lado e sussurrou.

— Só não me deixar sozinha perto dessa gente mal encarada. — Respondi entrelaçando minha mão na dele.

Joel deixou um beijo terno na minha bochecha. A anfitriã do leilão subiu no palco e pegou o microfone, chamando a atenção de todos. Agradeceu a todo mundo que tinha vindo, explicou sobre como o leilão iria suceder-se e que em alguns minutos o jantar seria servido.

— O leilão é de caridade? — Pergunto baixinho para Joel.

— É, eu não te contei?

Nego com a cabeça.

— Meus pais vinham anualmente e me obrigavam a vir, mas a partir desse ano vai ser como uma tradição. É um jeito deles ficarem mais perto de mim. — Explicou com a voz mansa.

— Queria ter dinheiro para comprar alguma coisa abusada e de quebra ajudar alguma instituição. — Penso alto mais e Joel me olha de canto com um sorriso sincero no rosto.

— Você tem dinheiro, Allyson. Compre o que quiser, meu amor.

Eu ia rebater dizendo que era dinheiro dele e não meu, pelo menos não ainda, mas fiquei quieta ao ver Soph e Erick conversando e trocando olhares. Resolvi ignorar isso também.

Minutos depois começaram a nos servir o jantar. A entrada eu não lembro o nome, mas tinha um gosto maravilhoso, prato principal foi salmão ao molho de ervas e tiramisù de sobremesa.

Depois, nos serviram champanhe e o leilão de fato iria começar.

— Vou ao banheiro. — Avisei Joel — Volto logo.

— Quer que eu te acompanhe?

— No banheiro?

Ele riu e balançou a cabeça concordando.

— Não, não precisa.

Dei um selinho em seus lábios e arrumei meu vestido ao me levantar. O banheiro ficava na lateral do salão, caminhei até ele e na verdade eu só queria ir até lá para ver como eu estava, checar minha maquiagem e essas coisas. Muitas pessoas estavam reparando em mim e eu não estava acostumada com isso.

Estava retocando o batom quando percebo uma mulher parada ao meu lado me encarando constantemente. Olho de canto e só então vejo quem realmente é. Sinto meu sangue ferver na hora, mas finjo que não me importei com o fato dela estar ali e termino de passar meu batom e tiro os borrados do canto com a maior calma do mundo. Guardo o batom e lavo as mãos, e só então me viro para encara-la.

— Annelyse, querida, não tinha te visto. — Falei debochada, fingindo um sorriso totalmente falso.

Ela me olhou dos pés a cabeça — como se já não tivesse feito isso — e me devolveu o mesmo sorriso.

Choices.Onde histórias criam vida. Descubra agora