Nós temos um problema.

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"Não Joel, eu não desisti. Vamos nos casar."

Me sentei ao lado de Joel em uma poltrona tão confortável que eu poderia facilmente adormecer naquele momento, mas talvez isso fosse o sono e o cansaço falando. Balancei minha cabeça e tratei de prestar atenção em tudo que Dr. O' Connel dizia. Eram tantas cláusulas que eu já tinha ficado perdida, mas Joel parecia entender de todas.

— Está de acordo? — O advogado chamou minha atenção e logo Joel já se virou para mim, esperando por uma resposta.

— Sim? — Respondi com incerteza e senti o som abafado de um riso controlado de Joel — O que foi?

— Você não entendeu nada do que dissemos até agora, não é? — Ele achava graça, o que me fez ficar levemente irritada.

— Não é que eu não entendi. Eu só não prestei atenção. — Pigarreei.

— Ah, claro — Disse, debochado — Trate de prestar atenção agora, então. — Rolei os olhos e ele pareceu perceber porque bufou.

— Antes falamos sobre os detalhes da liberação da herança, senhorita Miller. — Dr. O' Connel explicou — Agora é uma parte importante do contrato, em que vocês dois devem pensar muito a respeito.

— Já pensamos. — Joel respondeu e eu assenti, mesmo sendo mentira. Não havíamos pensado tanto — Pode continuar.

Foi então que ele nos explicou tudinho, tim tim por tim tim. Todas as clausulas, a multa caso algo desse errado, e por estar forjando um casamento, estávamos indo contra a lei, ou seja, nada poderia fugir do nosso controle.
O problema é que controle e Joel Pimentel não combinam na mesma frase e isso me deixava bastante preocupada.

— Entendidos? — Finalizou e eu não sei Joel, mas eu estava com os dois olhos paralisados e tentando assimilar tudo que ele tinha dito — Senhorita Miller?

— Pois não? — Respondi e Joel novamente abafou o riso. — O que foi de novo? — Questionei com cara de poucos amigos.

— Você vai precisar parar de responder as pessoas assim. — Me encarou. Os olhos castanhos fitavam os meus e me deixavam nervosa de um modo que eu já conhecia.

— Com educação? — Rebati e dessa vez quem abafou o riso foi Dr. O' Connel.

— Não. — Disse grosseiramente — Como alguém que está sempre servindo alguém. Você não vai mais fazer isso, Allyson. Não se nós quisermos fazer isso dar certo.

— O casamento dar certo. — Dr. O' Connel corrigiu e Joel o olhou com raiva. Típico. — Você também precisa de tratar isso somente como um contrato. Entre vocês, tudo bem. Mas quando se tem pessoas dentro dessa casa, não. Sabe aquele velho ditado que paredes tem ouvidos? Pois então, é verdade.

— Certo. — Ele suspirou — Precisamos fazer isso — Ele pigarreteou — O nosso casamento dar certo.

— Por seis meses. — Completei — Por apenas seis meses. — Disse para mim mesma.

Dr. O' Connel retomou suas explicações e felizmente me explicando cada termo e por fim chegamos aos ajustes sobre nossa vida publica.
Um detalhe importante que quero frisar é que eu não sabia que teríamos que ter uma vida pública.

— Eu tive a iniciativa de fazer uma lista com alguns itens que acho válido para que transpareça que estamos realmente casados. — Joel começou, tirando um papel amassado do bolso e entregando para o advogado que estava sentado a nossa frente — Veja se Allyson está de acordo.

Ok, e lá vamos nós. Dr. O' Connel abriu a pequena lista e passou o olho rapidamente sobre os itens e logo começou a fala-las para mim.

— Jantar fora uma vez na semana — Assenti — Você virá morar aqui, junto com sua irmã — Arregalei os olhos e Joel me encarou. Alguns segundos se passaram e eu finalmente concordei, nenhum casamento pareceria real se não morássemos juntos — Você terá seu próprio carro.

— O que? — Rebati — Por que?

— Porque sim, Allyson. — Joel me respondeu com toda a sua ignorância — Como você vai estar casada comigo, morando aqui, e não vai ter um carro próprio?

Droga, ele tinha razão. Apenas rolei os olhos e pedi para que o advogado prosseguisse.

— Você poderá retomar sua faculdade se quiser. — Abri a boca em menção de estar surpresa. Nunca imaginei que Joel iria se lembrar do que eu tinha dito sobre trancar meu curso. — E os últimos itens... — Ele fez uma pausa para reler — Festa de casamento e lua de mel.

— Como? — Respondi surpresa — Lua de mel? Festa de casamento? Nós vamos ter uma cerimônia?

Ok, isso não passava pela minha cabeça de jeito nenhum. Eu, com meus vinte e um anos, não poderia realmente entrar em uma igreja de véu e grinalda, não sem amar realmente quem estaria me esperando no altar.

— Sim, Allyson. — Joel respirava fundo muitas vezes, provavelmente tentando manter a calma. E não conseguindo — Nós não podemos simplesmente aparecer casados. Temos que ter uma história, e para isso, precisamos da cerimônia.

— Nós podemos dizer que nos casamos longe daqui. Forjamos algumas fotos e você me dá um anel gigante e brilhante. Ninguém vai querer saber de história nenhuma. — Rebati — Sem cerimônia.

— Com cerimônia. — Respondeu na mesma hora — E lua de mel também.

Oh, nós tínhamos um problema. E dos grandes.

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