Ele disse papai?

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Nossa rotina passou da fase de adaptação para a fase de realmente termos nos tornado pais.

Nos primeiros dias foi bem, bem difícil. Chorei por varias noites seguidas. Não por estar cansada, exausta, e sim porque foi naquele momento, mais do que em qualquer outro, que senti falta de minha mãe.

Sabia que se ela estivesse aqui teria me ajudado em tudo. Estaria presente em cada segundo da vida de Nicholas. Sei que a mãe de Joel também ficaria conosco. Infelizmente nosso filho só irá ouvir as histórias de seus avós.

Como tive algumas complicações durante o parto, acabei ficando mais alguns dias no hospital até ter alta.

No nosso primeiro dia, ao chegarmos em casa, tivemos uma sensação engraçada. Como se tivéssemos mudado a mobília, ou até mesmo de casa. Algo estava diferente.

Então, nos lembramos que quem estava diferente éramos nós, com Nick em meus braços e Joel segurando a bolsa da maternidade.

Nos entreolhamos e depois olhamos para aquele serzinho pesando quatro quilos e a responsabilidade bateu.

Como cuidar direito dele? Quais as precauções? O que deve ser feito? Ou o que não pode?

Todos os cursos ou revistas que li sobre maternidade não ensinavam nada na prática.

Eu e Joel estávamos sozinhos nessa. Teríamos que aprender a ser pais sozinhos, com erros e acertos.

Em seus dois primeiros meses, Nicholas foi um bebê que teve um pouco de tudo: cólicas, intestino preso, intestino solto. Joel costumava brincar que passamos mais tempo no consultório do pediatra do que em casa.

Depois disso, tudo se acalmou. Nós entramos em uma sintonia incrível. Os choros, antes de saudade ou de nervosismo por não saber o que fazer, passaram a ser de felicidade por perceber que Nick estava nos associando como seus pais, como pessoas que cuidam e o amam.

As noites mal dormidas ainda eram frequentes. Nos revisávamos para levantarmos. Nick é um bebê manhoso, sempre queria colo.

Nunca pensei que Sophie viraria uma tia babona, mas foi isso que ela virou. Ficava vidrada em Nicholas quando pedíamos para que ela tomasse conta dele vez ou outra para tomarmos banho ou por qualquer outro motivo.

Visita frequente tem sido Erick. Dormia alguns dias em casa com a desculpa de que estava ajudando Soph com matemática, mas a desculpa não colava. Até ele sabia que não acreditávamos.

Joel, depois de muita insistência, deixou. Ele vinha pouco a pouco se amolecendo nessa proteção absurda com minha irmã. No fundo eu sentia uma felicidade imensa por vê-lo tratar Soph como se fosse sua irmã.

Tínhamos virado uma família de verdade.

Em um dia desses, Joel levantou e foi ninhar nosso filho. Estava sonolenta, mas lembro-me de olhar para o lado e vê-lo com Nick em seus braços, a boca colada em sua pequena cabecinha, dando-lhe um beijo paternal. Senti uma lágrima escorrer dos seus olhos sem eu ao menos perceber.

Eu estava orgulhosa do que tínhamos nos tornado, mesmo sem quase nenhuma ajuda. Nick era fruto do nosso amor. Uma surpresa do destino que fez nossa vida se transformar, virar de ponta cabeça para só depois entendermos que nossas vidas teriam que se cruzar para que Nick nascesse.

E ele nasceu! Lindo, cheio de vida. Com os olhos de Joel e o meu sorriso. Aos nossos olhos, ele era o bebê mais bonito do mundo. Nos fazendo entender que ser pai é colocar sempre uma pessoa acima de você. Você colocará a felicidade dele acima da sua perante todas as situações.

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