Você vai estar me esperando no altar?

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Ao entrarmos na residência, fomos recepcionados por uma senhora, provavelmente uma das empregadas dali. Sorri e a cumprimentei e Joel fez o mesmo. Ela logo nos informou que todos estavam na sala de estar.

Caminhamos até ela de mãos dadas e isso estava me deixando com borboletas no estômago, se isso realmente existe. Não estava entendendo metade dos sentimentos que estava sentindo, mas isso acontecia só de sentir a mão de Joel entrelaçada na minha.

Quando chegamos à sala, percebi que haviam quatro garotos e duas garotas, provavelmente namoradas de alguns. Joel, sem desentrelaçar a mão da minha, caminhou até cada um deles e ao cumprimenta-los, me apresentava também. Sempre como "Essa é a Allyson", talvez ele estivesse desistido de assumir o noivado hoje. Por mim tudo bem, eu acho.

A conversa estava bem animada e eu percebi que existia um Joel totalmente descontraído e engraçado e fiquei feliz por isso. Estávamos sentados no sofá quando Anne, uma das garotas, que agora eu havia descoberto ser namorada de Erick, percebeu o anel em meu dedo.

— Vocês estão noivos? – Questionou e teve a atenção de todos – Como você não pôde nos contar? – Ela se sentou ao meu lado e puxou minha mão, para conseguir ver mais de perto o anel. Anne era simpática e eu havia gostado dela, mas como contar uma coisa que eu e Joel não tínhamos conversado ainda?

— O Joel vai contar. – Respondi, passando a bola para dele. São os amigos dele, por Deus! Ele deve saber como mentir para eles. Ou pelo menos inventar uma história que eles acreditem.

— Eu? – Retrucou e logo entendeu o que eu quis dizer – Ah, sim. Conheço a Ally do acampamento que ia nas férias, lembram? – Os garotos concordaram e estavam atentos para ouvir a história – Ficamos algumas vezes na época, mas depois perdemos o contato. Nos reencontramos a oito meses atrás, em uma daquelas festas que vocês me arrastavam para ir. Mas, por sorte, uma delas deixou de ser chata quando encontrei Allyson. Começamos a conversar e... É isso, caras. Não vou detalhar tudo para vocês.

— Ah, qual é, Joel? – Richard resmungou – Não precisamos saber de tudo, mas quero saber como esse namoro virou um noivado!

— Agora entendi porque você sempre sumia no meio das festas... – Zabdiel disse, como se estivesse pensando alto e todos rimos.

— Aconteceu que quando meu pai e minha mãe faleceram, foi ela quem me deu todo o suporte que eu precisava para passar por isso. Foi ela quem teve paciência quando eu era grosso sem necessidade ou quando descontava nela a raiva que eu estava sentindo. Foi ela que limpou meus machucados quando em um surto, quebrei meu quarto inteiro. Foi ela que... Não foi embora. E então eu entendi que se ela passou por tudo isso por mim, é porque me amava. E eu descobri que se eu deixasse ela ir embora, nunca me apaixonaria por mais ninguém. E então a pedi em casamento.

— E eu aceitei. – Conclui, apertando a mão de Joel. Sabia que a maioria tinha sido invenção mas sobre limpar seus machucados, não. Entendi que ela era grato por isso, mesmo não tendo agradecido.

— Joel sendo um grude, eu vivi pra ver isso! – Christopher zoou o amigo, que mostrou o dedo do meio em resposta.

Recebemos uma chuva de "parabéns" e também "como você vai aguentar ele?" e agradecemos. O clima estava surpreendentemente agradável e eu estava conseguindo ser eu mesma, sem precisar fingir tudo como eu pensei que precisaria. Já havíamos terminado de jantar e a noite estava se encerrando. Christopher ofereceu a casa para dormimos, já que tanto eu quanto Joel tínhamos bebido um pouco de espumante, mas não podíamos ficar.

Nos despedimos e quando Joel estava dando ré com o carro, abriu a janela do mesmo e olhou para seus amigos parados em frente à porta da casa.

— A propósito, nos casamos em duas semanas! – Gritou e não esperou uma resposta dos amigos, apenas fechou o vidro e saiu com o carro em direção ao portão.

— Duas semanas? – Indaguei – E você pretendia contar isso para a noiva quando?

— Agora. – Respondeu fazendo pouco caso – Não podemos esperar muito tempo e acho que em duas semanas conseguimos organizar um casamento. Ou pelo menos alguma agencia matrimonial consegue.

— Você realmente não entende nada sobre casamentos. – Disse, balançando a cabeça em negação – Você não entende o trabalho e a dor de cabeça que isso vai dar.

— Não vai. – Respondeu, virando para mim tentando não tirar os olhos da estrada – Eu aprendi que quando se tem dinheiro, as coisas acontecem com muito mais facilidade. – Isso ele tinha razão, eu precisava admitir – Você vai estar me esperando no altar em duas semanas, Allyson?

Meu coração acelerou só de ouvir essa frase e quando levantei o olhar para ele, percebi que ele também me olhava, mesmo que tivesse que virar de frente a cada segundo para olhar a estrada. Girei o anel que estava em meu dedo e, sem muito o que pensar, respondi.

— Sim, de véu e grinalda.

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