13. Case-se ou Mate-o.

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LORA BERTHOLDI

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LORA BERTHOLDI

Não foi nenhuma surpresa encontrar os soldados de Heitor vasculhando toda a fazenda a minha procura. Eu galopei com o cavalo até o estábulo e o deixei ali aos cuidados de um dos funcionários do lugar.

Ajeitei meu cabelo e respirei fundo, dessa vez eu deveria enfrentar Heitor sem fugir.

A cena não podia ser diferente, Heitor estava calmo sentado em uma das poltronas como um rei. Ao seu lado o seu cão de guarda e a sua frente Matteo. Que parecia íntimo demais do homem que era o meu pai, não gostava nada daquilo.

- Sente-se, Lora.- Ele sorriu em minha direção.

Aquele sorriso, exatamente aquele sorriso, demonstrava que algo de ruim estava por vir. Como um presságio de mau agouro.

Sem rebater, eu me sentei ao lado de Matteo.

- Antes de tudo não tente fugir, é para o seu próprio bem.- Ele avisou, como uma ameaça. - Quero lhe explicar algumas coisas, espero que não surte e seja uma boa menina.- Heitor ditou, como sempre.

Todo aquela cena teatral estava a me dar certo frio na barriga, um pressentimento não muito bom.

- Não prometo nada.- Rebato com a coragem que ainda me resta.

Ele acendeu um charuto e soltou aquela fumaça sem se importar conosco.

- Matteo veio para cá pra ficar de olho em você e ele me contou algumas coisas que eu não gostei nem um pouco.- Heitor começou.

E a única coisa que passava na minha cabeça era que estava certa sobre Matteo: ele nunca foi alguém de confiança.

- Sei que Fellipo está por aqui e que você faz visitas para ele...- Ele disse como se fosse nada.

Mas aquilo era muita coisa.

- Não sei do que está falando, eu não vejo Fellipo a anos.- Nego.

- Nem comece com o seu teatro barato, eu sei que você o viu e que planejava algo.- Eu sabia que não enganaria ele por muito tempo. - E se você quiser que ele continue vivo acho bom que faça exatamente o que eu falarei para você.- Heitor ameaça, agora sem máscaras.

Essa era a verdadeira face de Heitor, um homem manipulador, que pensa apenas em seu bem estar.

- A cada dia que passa a certeza que te odeio apenas aumenta.- Digo com raiva.

Ele faz um gesto com as mãos desdenhando minhas palavras, ele não ligava para o meu ódio. Ele se quer ligava para a família.

- Chega do discurso de garota rebelde.- Ele desfez mais uma vez.

Matteo estava quieto ao meu lado, mal respirava e sabia que toda aquela postura nada brincalhona era pela presença de Heitor. O maledetto do meu pai tinha esse poder sobre as pessoas.

- Você irá comigo para a Rússia sem escândalos, falará pra sua mãe que se apaixonou pelo seu noivo e que casará com ele.- Heitor era um monstro.

Mas ele nunca se revelava a mamma, ela era sua boneca particular e ninguém poderia a magoar. Mesmo que ele fosse o pior homem da face da Terra e que já a tivesse traído com outras mulheres.

- Você está louco, um russo?- Falo com nojo.

Ele queria poder, queria unir a máfia italiana com a russa. Uns dos piores inimigos se aliando, como cobras esperando uma brecha para o bote.

- Ele não é um russo, porém está a frente da Bratva.- Heitor falou naturalmente.

Como se tudo aquilo não fosse um absurdo e dos grandes.

- Não vai me dizer que ele é um italiano?- Debocho.

Heitor só podia estar ficando louco.

- Acertou, bambina.- Não podia acreditar.

Heitor pegou um papel em mãos e uma caneta que custa bem mais que um carro popular. Odiava essa ostentação enquanto milhares de pessoas passavam fome.

- Ele é um velho conhecido, o genro que eu pedi a Dio.- Heitor levantou as mãos ao céu.

E eu apenas quis que nada daquilo estivesse acontecendo. Porém as palavras seguintes apenas pioraram tudo.

- Lucca Montanari te lembra algo?- Seu sorriso era cruel.

E eu não queria acreditar naquele pesadelo. Lucca estava morto, eu vi ele morto em minha frente. Não poderia ter sido tudo uma armação, o carro havia explodido.

- Não pode ser, ele está morto!- Falo com pavor.

Lucca era a personificação dos meus piores pesadelos, ele era um doente.

- Não está, Lora.- Matteo se pronunciou.

E como primo daquele lunático ele falava a verdade.

- Você não pode me obrigar a isso, Lucca quase me matou!- Grito em desespero.

Não ligando se Magda estava ouvindo a atrocidade que o seu filho quase fez a mim com a justificativa de me amar.

Um amor doentio, o qual não era correspondido e que jamais seria.

- Não seja tola!- Heitor se irritou. - Você casará, caso contrário acabo com Fellipo Barone em um piscar de olhos.- Tremi.

Heitor não falava da boca pra fora, ele faria sem se importar se era um grande amigo do pai de Fellipo. Se é que Heitor considerasse alguém como seu amigo.

- Você pode até me forçar a casar, mas tudo isso não ficará assim... Não mesmo!- Ameaço sem medo.

Não iria perder nada, ele não poderia fazer nada comigo até o casamento.

- Assine esse contrato, ele garante a você os milhões de Lucca e mais alguns luxos.- Matteo passou o papel que a pouco estava com Heitor.

Eu não assinaria nada sem ler, não cairia no conto do contrato de casamento ou sei lá o que. Era perigoso confiar em Heitor.

- Preciso de um tempo pra ler esse papel, se não nada feito.- Exijo.

Heitor gargalha.

- Você não está entendendo, Lora.- Eu entendia. - Não está em posição de exigir nada.- Heitor sentenciou.

E me deu sua caneta.

- Assine agora ou seu querido Fellipo não viverá para contar história.- Ele relembrou, como um maldito jogo.

- Você nem se quer sabe onde está Fellipo.- Enfrento-o.

Ele nega com a cabeça parecendo se divertir com minha postura.

- Não sabia até hoje.- Heitor frisou. - Você nos levou até ele, aquela cabana é boa demais para um rato feito ele.- Droga!

Eu havia vacilado e feio, não tinha outro alternativa a não ser assinar o maldito contrato.

Porém antes que deslizasse a caneta sobre o papel senti minhas vistas escurecerem e não consegui ver mais nada.

Apenas escuridão.

Proibida Paixão - Leis da Máfia (Livro īī)  Onde histórias criam vida. Descubra agora