21. Loucura

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LORA BERTHOLDI

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LORA BERTHOLDI

  Não demorou muito e fui arrancada do quarto, como um animal. Lutei, chorei, gritei, mas tudo em vão. Lucca mandou que me sentassem na sala e me prendessem com cordas e mordaças.

A sensação de impotência era imensa e eu não tive força para lutar contra a maré que se formava diante a mim. O maledetto observava tudo friamente e a única coisa que passava em minha mente era: punição.

Ele queria me punir pela invasão a sua fortaleza protegida, queria me punir por eu não o querer e por amar outro, seu pior inimigo.

Estava vivendo um clichê romântico de livros, algo que literalmente detestava e que jamais me imaginaria vivenciando.

Era uma droga ser a mocinha indefesa.

Autores e autoras vamos mudar isso?

Chega dessa merda Shakespeariana e vamos para uma mocinha totalmente fodástica. Daquelas que arrebentam a cara do vilão e ainda sambam na cara da sociedade.

Eu seria esse tipo de mocinha.

Mas infelizmente não nesse momento.

Seria cômico, se não fosse trágico.

Apenas mais um clichê.

Voltamos a narrativa, porque não quero matar ninguém do coração.

Olhava incessantemente ao relógio pendurado e a hora não parecia passar, não fazia ideia o que Lucca tanto esperava.

Ele estava na mesma posição a muito tempo, olhava sem piscar os olhos para a porta e um sorriso macabro cobria seus lábios. Era a personificação do próprio demônio encarnado.

Todas as sensações ruins pareciam habitar em meu corpo, o medo era o pior de todos e a dúvida de saber o que Lucca faria apenas piorava todo o resto.

Só que tudo fez sentido quando a porta se abriu, quando em uma súplica pedia pra Fellipo não se aproximar e prestar na armadilha que o aguardava. Mas eu não pude ser a mocinha que salvava o dia, eu estava amarrada e amordaçada demais para isso.

Eu assisti todo o plano de Lucca se concretizando. Exatamente da forma que havia arquitetado e o pior era aquele sorriso doentio em seus lábios.

Ele não amava ninguém, ele era um monstro, não havia outra possibilidade.

Chorei copiosamente, como um bebê ao ver Fellipo ser golpeado na cabeça e jogado no sofá como um mero nada.

Ele foi amarrado, amordaçado e tudo em pouco tempo.

— Ainda falta mais um pra nossa reunião, nosso querido Lorenzo.- Lucca falou com calmaria.

Uma calmaria que não combinava com o seu gênio, porém sua frieza era só mais uma nuance do seu caráter horrendo. Eu não me lembrava quando ele havia se tornado desse jeito, ele era tão brincalhão e doce.

Proibida Paixão - Leis da Máfia (Livro īī)  Onde histórias criam vida. Descubra agora