28. Liberdade

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LORA BERTHOLDI

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LORA BERTHOLDI

O sabor dos seus lábios e o modo que me tocou não saía da minha mente um segundo se quer. Havíamos feito amor, com uma paixão e uma magia fantástica. Mas aquilo não durou muito, logo estava sendo deixada sozinha e ele ainda não lembrava de nada. Fellipo não se recordava quando havíamos nos visto pela primeira vez, quando foi o primeiro beijo e a primeira transa.

Ele não lembrava.

Tratei de vestir minhas roupas e pegar a pasta que havia vindo procurar, porém ela não estava mais lá. Eu não poderia acreditar nisso, ele havia pego. Corri como uma louca atrás daquele italiano safado e consegui o encontrar na cozinha, com a maldita pasta em mãos.

- Ei, essa pasta é minha.- Gritei brava.

Ele virou pra mim na maior cara de pau e mordeu a maldita maçã em suas mãos, aquilo não deveria ser tão sexy.

Se controla, mulher.

- Que eu saiba isso é confidencial e Lorenzo vai adorar saber sobre isso.

Dedo duro.

- Você quer parar de me infernizar e me devolver essa merda.

- Que boquinha suja, prefiro ela gemendo meu nome.- Ele sorri daquele jeito cafajeste dele.

Adoro, confesso.

- Ela serve pra outras coisas também, sabia?

Me aproximei dele com um olhar sedutor, acariciei seu rosto e o safado pareceu gostar. Eu me aproveitei um pouco beijando calmamente seus lábios e mordendo seu ombro logo em seguida. Ele deu um grito de dor e eu aproveitei para pegar a pasta.

Foi necessário. Ri da sua cara indignada e abracei a pasta em meu corpo.

- Agora você não vai poder pegar essa pasta.- Arquei as sobrancelhas em desafio.

Ele negou com a cabeça, me agarrando logo em seguida e me arrancando um beijo de molhar calcinhas desavisadas.

Fui envolvida numa maldita armadilha e quando vi a pasta não estava mais comigo e dessa vez não conseguiria mais pega-lá.

Lorenzo estava na porta, com braços cruzados e uma cara de poucos amigos. Me separei de Fellipo rapidamente, me sentia uma adolescente sendo pega no flagra, era vergonhoso ser pega pelo irmão bem na hora dos amassos, mesmo que a história seja das antigas.

Sempre seria vergonhoso.

- Estava aí muito tempo?- Tentei quebrar o climão.

- O suficiente pra saber que você está fazendo algo pelas minhas costas.- Lorenzo respondeu.

E ele não falava de Fellipo.

- Eu posso explicar.- Tentei ao menos.

- Terá que ser uma boa explicação.

Logo eu e Lorenzo estávamos nos trancando no escritório dele, o mesmo que agora me trazia lembranças deliciosas. Ele que não me escutasse e nunca soubesse o que eu e Fellipo havíamos feito por aqui.

- Estou esperando.

Engoli em seco e resolvi abrir o jogo, era o melhor.

- Digamos que eu queira prender o nosso pai e tenho alguém do governo para me ajudar.

Despejei aquilo como se não fosse nada e a cara de Lorenzo apenas piorou.

- Você está louca, cazzo.- Ele gritou socando a mesa.

- Não grite comigo, seu animal. Eu preciso fazer algo, Heitor ainda tá querendo o pescoço de Fellipo, não vou deixar que nada aconteça a ele.

Estava brava também, eu tinha os meus motivos e não eram caprichos.

- E vender sua alma para o governo irá adiantar de algo?

Respirei fundo, eu sabia que não era uma das melhores ideias que já tive, mas era o que tinha no momento.

- Eu não iria envolver a Nostra Onore, apenas Heitor.

- Não seja tola, Heitor faz parte dessa merda toda, é óbvio que envolveria a Nostra Onore.

Eu era burra, muito burra. Porém era o desespero, o medo e tudo que estava acontecendo em minha vida que não fazia eu raciocinar ou saber que direção seguir.

- Eu sou seu fratello, sempre estarei para você e eu estou fazendo de tudo por Fellipo, não se preocupe. Apenas viva e tente seguir em frente.

Não podia estar ouvindo aquilo, ao mesmo tempo que era fofo, ele estava me pedindo para desistir de Fellipo.

- Eu te agradeço, Lorenzo. Mas não posso deixar esse amor que eu sinto morrer, não posso e nem consigo.

- A única forma de Fellipo de se livrar de tutto é se casando com Giordana, você sabe disso.

Doía admitir, mas eu sabia e era uma droga.

- Eu odeio essa merda de famiglia, que von tutto para o inferno.- Carreguei no italiano.

E sai batendo a porta.

Eu era a ovelha negra da família, a rebelde sem causa e que não podia fugir dessa loucura de máfia e suas leis ridículas. Eu só queria fugir daqui, para bem longe.

Com os olhos marejados e uma raiva que me dominava passei reto até por Fellipo. Ainda pude ouvir sua voz me chamando ao fundo, porém eu não pararia.

Eu precisa de um tempo, de tudo isso. Estava a beira da loucura, nada dava certo em minha vida, tudo era uma droga e eu teria que ver o amor da minha vida se casando com outra.

Eu o havia perdido mais uma vez, o que eu havia feito para merecer tamanho castigo?

Não me recordava de ter sido alguém tão ruim, que pecados eu tinha que pagar e por que tanta dor?

Ideias se formavam em minha cabeça, eu prenderia sim Heitor e mandaria a máfia a merda se fosse necessário. Eu estava nem aí, cansei de ser manipulada por essa organização de merda.

Eu veria Fellipo casar com outra, mas Heitor pagaria e a Nostra Onore não comandaria mais a minha vida.

Nunca mais.

Proibida Paixão - Leis da Máfia (Livro īī)  Onde histórias criam vida. Descubra agora