Nos passos do destino • Ereri

Paleta de cores

  Mesmo com as dúvidas na cabeça, os pensamentos sobre Eren estar mentindo ou não, Levi sentia que devia uma chance ao dançarino, por isso marcou de almoçar com ele e logo depois seguiriam para a escola.

  Era quarta feira e o baixinho esperava que Irwin realmente conversasse com Mike, sobre a obrigatoriedade de cumprir a sentença. Não gostaria de perder sua oportunidade de lutar por causa de um compromisso que nunca quis ter, apesar de ter aprendido a gostar com o passar do tempo.

  Muitas coisas são confusas nessa vida. Uma delas é pensar que alguém pode escolher uma carreira na qual tem talento e poderia ter bastante apoio, mas acaba escolhendo outra, na qual não terá tanto apoio, no entanto será muito mais feliz. Era o caso de Levi.

  Além de outros que o viram em suas aulas, Eren o elogiava várias vezes e dizia que apenas duas alunas na escola se compararam ao talento dele. Uma delas havia se tornado uma professora que ganhava muito bem com suas aulas particulares e pretendia até abrir uma escola, enquanto a outra preferia ser uma dançarina famosa e viajar pelo mundo. Tais oportunidades estavam abertas ao jovem, visto que tinha um bom e experiente professor, além de que ele mencionou várias vezes que caso o baixinho aceitasse, poderia fazer muito mais por uma carreira que era inegavelmente promissora. Nenhum dos dois perderia com isso, mas era óbvio que Levi tinha muito mais a ganhar.

  O único problema dessa história era a vontade de Levi. Não que ele não se sentisse bem quando dançava, não se sentisse livre ou não quisesse de fato ter algum contato com a dança, porém esse não era seu sonho de vida. E para alcançar seu objetivo, ter foco era algo essencial. Tal ideia era repetida por Mike diversas vezes durante os treinos, que se tornaram bastante intensos antes de o treinador sair de férias e fizeram Levi sentir o gosto de uma possível rotina quando tivesse um patrocinador. Situações desafiadoras sempre foram como uma energia que o seduzia.

  Era um tanto incômodo ter que desconversar quando Eren tencionava ajudá-lo, trazia o assunto de aulas mais focadas nele ou talvez até somente com ele e mais vezes na semana. Essa era uma péssima ideia para Levi, especialmente quando não tinha tido tempo para ir a nenhum dos treinos desde que Mike voltara. Caso aceitasse, continuaria sem tempo para conciliar como pretendia.

  O fato é que, apenas para fugir do assunto de forma eficaz e menos suspeita, não que Levi estivesse realmente incomodado com a possibilidade, mas acabou sugerindo que passassem na casa de Eren antes de seguirem para a escola, pois queria tomar um banho. O moreno fora buscá-lo no trabalho, portanto saiu direto para o restaurante, sem pausa para a higiene. Foi a melhor desculpa que encontrou para despistar a conversa do aumento de aulas, além de que realmente se sentia incomodado com a quantidade de horas sem tomar um banho, entretanto inicialmente não pretendia fazê-lo na casa do moreno.

  No entanto, lá estava ele, observando como aos poucos Jaeger conseguiu organizar a casa. O ambiente parecia muito mais leve que a antiga casa.

“A Carla tinha mesmo razão, ele precisava sair daquele mausoléu.” Pensava o baixinho e fazia uma anotação mental de que deveria responder a mensagem da mulher que lhe convidara para almoçar no domingo.

  Eles se encaminharam para o quarto e sentaram na cama, onde Levi deixou a mochila com uma toalha, o collant, uma roupa extra e as boxers que sempre levava na mochila por precaução, além de um par de meias, álcool em gel, sabonete e desodorante. Era como um kit de sobrevivência.

  O jovem observou a forma como Eren arrumou o quarto e verificou se o armário ainda estava como no dia da mudança. Surpreendeu-se ao perceber que sim, estava bastante organizado, no entanto imaginou se o moreno não teria arrumado tudo antes de sua chegada. Teoria que logo se desfez, visto que nenhum dos dois tinha planejado aquele momento. Pensar nisso deu uma ideia ao baixinho.